Curso
Quando
27 de outubro a 19 de novembro de 2020, terças e quintas, das 19h às 22h
Evento online e gratuito
Ver um filme é uma aventura. A crítica cultural brasileira se depara hoje com a necessidade de reformular certos pontos de partida. No cinema, prezar pela ambiguidade das obras e encontrar caminhos em meio à profusão de materiais audiovisuais disponíveis são desafios para a reinvenção dos lugares estáveis no exercício crítico. Guiado por algumas das questões que atravessam o ímpeto de quem escreve a partir do cinema e das artes fílmicas, este curso foi desenvolvido por integrantes da atual editoria da revista Cinética, Ingá Maria, Juliano Gomes e Victor Guimarães, em parceria com o Instituto Moreira Salles, para participantes de todo o país com interesse na crítica. Seu objetivo é fomentar exercícios de olhar e de escrita que agucem, pela prática e reflexão, instrumentos discursivos que ampliem e catalisem o encontro com experiências artísticas das imagens em movimento.
Trabalharemos com discussão de questões contemporâneas da crítica de cinema e de outras imagens e sons, focando em curtas-metragens e outros trabalhos audiovisuais brasileiros da última década. O curso também prevê dois exercícios de escrita, revisados por Ingá, Juliano e Victor, com retornos individuais para cada participante.
Ana Aline Furtado
Ana Paula Veras Camurça Vieira
Bruno Ribeiro
Caroline Schmidt Patricio / Caru
Dandara Cipriano
Diego Silva Souza
Fernanda Fragoso Faissal
Filipe Barbosa
Gabriel Araújo
Gabriel Coêlho
Geórgia Cynara
Geo Abreu
Guilhermina Augusti da Silva Santos
Hanna Vasconcelos de Barros
Janderson Cristian Da Silva
Janis Blá
Larissa Muniz
Letícia Bispo
Lorenna Rocha
Luan Santos
Luanda Taveira Fernandes
Manu Zilveti
Marcus Vinícius Castro de Souza
Maria Del-Vecchio Bogado
Mariana Amaral de Sousa
Marina Lordelo
Karkará Tunga
Patricia Felício
Rafael Luan da SIlva
Thaylane Cristina
Caso tenha sido selecionade, pedimos que, por favor, responda ao e-mail que recebeu do [email protected] confirmando sua disponibilidade em participar de todos os encontros do Laboratório e desenvolver os exercícios de escrita previstos.
SOBRE O PROCESSO DE SELEÇÃO
A partir das respostas ao formulário de inscrição – com 314 inscritos – e dos textos optativos enviados, foram selecionados 30 participantes.
Os critérios observados foram, nesta ordem:
1) vinculação entre os desejos expressos na nota de intenção e a proposta/programa do curso;
2) diversidade de gênero, raça e território.
Como critério complementar, foram avaliadas as qualidades dos textos enviados.
Os dados de pessoas inscritas e selecionadas, tais como registrados no formulário, podem ser conferidos abaixo:
PESSOAS INSCRITAS
Autodeclaração de gênero
Homem cis: 153 pessoas
Mulher cis: 139 pessoas
Não binárie: 6 pessoas
Homem trans: 1 pessoa
Mulher trans: 1 pessoa
Prefiro não declarar: 9 pessoas
Outras respostas: 6 pessoas
Autodeclaração de raça
Branca: 189 pessoas
Parda: 59 pessoas
Preta: 48 pessoas
Indígena: 3 pessoas
Amarela: 1 pessoa
Prefiro não declarar: 10 pessoas
Outras respostas: 5 pessoas
Região
Sudeste: 177 pessoas
Nordeste: 69 pessoas
Centro-oeste: 29 pessoas
Sul: 19 pessoas
Norte: 16 pessoas
Fora do Brasil: 5 pessoas
PESSOAS SELECIONADAS
Autodeclaração de gênero
Mulher cis: 17 pessoas
Homem cis: 8 pessoas
Não binárie: 1 pessoa
Mulher trans: 1 pessoa
Homem trans: 0 pessoas
Prefiro não declarar: 2 pessoas
Outras respostas: 1 pessoa
Autodeclaração de raça
Preta: 13 pessoas
Branca: 7 pessoas
Parda: 7 pessoas
Indígena: 2 pessoas
Amarela: 0 pessoas
Prefiro não declarar: 1 pessoa
Outras respostas: 0 pessoas
Região
Foram selecionadas pessoas residentes em 18 cidades diferentes, distribuídas entre as regiões:
Sudeste: 13 pessoas
Nordeste: 10 pessoas
Centro-oeste: 3 pessoas
Sul: 2 pessoas
Norte: 1 pessoa
Fora do Brasil: 1 pessoa
A seleção foi feita pelos atuais editores da Revista Cinética – que também serão responsáveis por conduzir o laboratório. São: Ingá (mulher cis, branca, pernambucana estudando em Niterói - RJ), Juliano Gomes (homem cis, negro, capixaba de Vila Velha - ES, radicado na capital do Rio de Janeiro), e Victor Guimarães (homem cis, branco, natural de Papagaios - MG e radicado em Belo Horizonte - MG).
Encontro 1 | 27/10/2020, terça, das 19h às 22h
Todo filme é um laboratório
com Ingá Maria, Juliano Gomes e Victor Guimarães
Como pensar cada filme como um laboratório de seus modos de apreensão? Como trabalhar inventivamente a partir das matérias oferecidas pelos filmes? De que maneira elementos do filme podem contagiar métodos e abordagens? Como as características das obras podem afetar o texto para além da função de objeto? Modos de pensar a crítica como exercício de invenção, diferença e sensibilidade, com o objetivo de, acima de tudo, estender as obras e seus efeitos.
Encontro 2 | 29/10/2020, quinta, das 19h às 22h
Contra o império das intenções
com Victor Guimarães
Como intervir criticamente em um ambiente contemporâneo em que há um acúmulo de discursos prévios ao corpo a corpo com os filmes? Como trabalhar a partir de uma recusa da paráfrase da intenção da autora/do autor? Como a “autonomia incontrolável das formas” [Gilda de Mello e Souza] entra na conta da escrita? De que maneira é possível trabalhar para além das hierarquias prévias sobre o que e quem fala, em relação às imagens?
Encontro 3 | 3/11/2020, terça, das 19h às 22h
Reformular relações entre autoria e obra
com Ingá Maria
Em meio às demandas de ocupação dos espaços por corpos não hegemônicos, a antiga noção de autoria nos interpela a retrabalhar seus parâmetros e reconhecer seus limites, estudando sua origem e as implicações atuais. Existem formas menos proprietárias de relacionar os filmes com quem os faz? Considerar agências coletivas, maquínicas e involuntárias na composição das obras é um experimento que nos colocaremos nesta aula, na tentativa de investigar como diferentes perspectivas da autoria de um filme podem trabalhar reivindicações históricas por justiça.
Encontro 4 | 5/11, quinta, das 19h às 22h
O mainstream é a cura?
com Juliano Gomes
O capitalismo responde rápido, incorporando slogans e hashtags políticas. Assim, como pensar políticas de repertório como resistência? E como perceber os modos de regulação da política nas imagens de controle [Patricia Hill Collins], modos de normatização do imaginário? Como lidar com a “leitura messiânica” dos filmes ou a tendência a um imaginário da “purificação”? Como enfrentar o risco da reprodução da norma? Também será abordada a importância de não entender cinema como sinônimo da realidade.
Encontro 5 | 10/11/2020, terça-feira, das 19h às 22h
Ler imagens desobedientemente
com Juliano Gomes
O cinema mostra de muitas maneiras. Todo filme é um diagrama de forças, uma constelação de ênfases, onde podemos distinguir o principal do secundário, em termos de espaço, tempo, sentido, narrativa ou estímulo. Como praticar leituras que reorganizem os jogos de força, a contrapelo das expectativas hegemônicas? Como refazer, na ação da leitura, as relações de força e poder entre os elementos, revelando novos sentidos através das imagens? Como ir além da crítica policial da “detecção de vacilos”?
Encontro 6 | 12/11/2020, quinta, das 19h às 22h
Atravessar o problema
com Ingá Maria
O que é “um problema” em um filme? Como “seguir com o problema” e fazê-lo atuar na escrita? A lida com filmes que figuram violências históricas nos coloca diante do desafio de articular no olhar redistribuições para a densidade da violência retratada. Esse exercício se conecta à dinâmica da crítica que busca oferecer a cada filme o seu problema, enquanto produz lemes para navegar as contradições vividas.
Encontro 7 | 17/11/2020, terça, das 19h às 22h
A invenção está em todos os lugares: cinema e outras tretas de imagem e som
com Victor Guimarães
Faz sentido falar em “cinema” em meio à multiplicação de plataformas, formatos e suportes para as artes audiovisuais? Como expandir os objetos da crítica? Na medida em que todo exercício de crítica é, antes, um exercício de curadoria, como encontrar forças inventivas em meio ao caos audiovisual contemporâneo?
Encontro 8 | 19/11/2020, quinta, das 19h às 22h
Inventar novos problemas
com Ingá Maria, Juliano Gomes e Victor Guimarães
Avaliação geral dos textos produzidos pelas participantes, discussão dos temas mais recorrentes e avaliação geral do curso.
Ingá Maria
Licencianda em cinema na UFF, trabalha com crítica, montagem e arte-educação. É coeditora da revista Cinética. Atuou como oficineira nos projetos Fazer o Mundo, Fazendo Vídeo; Inventar com a Diferença; e Vídeo nas Aldeias. Como curadora, organiza projeções de filmes junto ao Coletivo Catucá, à Aldeia Marakanã e participou da seleção de curtas-metragens no XII Janela Internacional de Cinema do Recife. Vem do Nordeste do país.
Juliano Gomes
Crítico e professor. Escreve na revista Cinética desde 2010, e atualmente integra a editoria. Publicou na Filme&Cultura, Folha, piauí e diversos catálogos de mostras e festivais. Foi jurado da Mostra Tiradentes, Cachoeira Doc e Fronteira. Leciona regularmente na AIC-Rio. Ministrou oficinas de crítica no Janela Internacional de Cinema do Recife e no Festival Fronteira (Goiânia). Publicou sobre teatro na revista Horizonte da Cena e sobre música no catálogo do festival Novas Frequências, além de textos de apresentação para dois discos de Romulo Fróes. Mestre em comunicação pela UFRJ, com dissertação sobre Jonas Mekas, dirigiu com Léo Bittencourt os curtas As ondas 2016) e ... 2007. Site pessoal.
Victor Guimarães
Crítico de cinema, programador e professor. Redator da revista Cinética desde 2012, atualmente integra a editoria. Escreve regularmente para o site Horizonte da Cena e para o portal argentino Con Los Ojos Abiertos. Colaborou com publicações internacionais como Senses of Cinema, Kinoscope, La Furia Umana, Desistfilm, La Fuga e La Vida Útil. Programou mostras para espaços, como a Caixa Cultural e o Cine Humberto Mauro, e para festivais, como 3 Continents (França), Frontera Sur (Chile), Cachoeira Doc, Semana e Janela Internacional de Cinema do Recife. Atuou nas comissões de seleção de festivais, como a Mostra de Cinema de Tiradentes, forumdoc.BH e FestcurtasBH. Foi professor em instituições, como Centro Universitário UNA, PUC Minas e Vila das Artes. Doutor em comunicação pela UFMG, com passagem pela Université Sorbonne-Nouvelle (Paris 3). Atualmente é o diretor artístico do Fenda– (Festival Experimental de Artes Fílmicas) e ministra cursos online sobre cinema latino-americano e brasileiro.
É uma revista de cinema e crítica, fundada em 2006. A Cinética publica críticas, ensaios, análises, entrevistas, videoensaios de filmes brasileiros, estrangeiros e outros materiais audiovisuais.
Quando
De 27 de outubro a 19 de novembro de 2020, terças e quintas, das 19h às 22h
Curso online
Grátis. Necessária a inscrição prévia em processo seletivo.
8 encontros realizados inteiramente online, via plataforma Zoom.
Inscrição e seleção
O laboratório dispõe de 30 vagas, selecionadas a partir de formulário de inscrição e observando critérios de diversidade de raça, gênero e território.
As inscrições estarão abertas dos dias 2 a 8 de outubro e terão um limite de 250 inscritos.
Proibido para menores de 18 anos.
Junto ao formulário de inscrição, haverá dois campos para envio de texto:
1. Nota de intenção (obrigatório): breve texto de até 700 caracteres dedicado à apresentação do candidato e à explicação do interesse pelo laboratório.
2. Ensaio livre (opcional): texto de no máximo 5.000 caracteres em torno de artes fílmicas (questões relativas ao cinema e audiovisual em geral ou obras específicas). O envio desse texto não é obrigatório e não garante a participação no laboratório.
Certificado
O laboratório fornecerá certificado para quem comparecer a 75% dos encontros. Será disponibilizado durante as aulas um link do Google Forms no chat. Este link alimentará uma lista de presença para a elaboração do certificado digital.