Lily Sverner: Fotografia e subjetividade

Em 2019 o acervo fotográfico completo de Lily Sverner (1934-2016) foi depositado por sua família no Instituto Moreira Salles em regime de comodato, ampliando a representação do trabalho da fotógrafa belga-brasileira no acervo do IMS, que já contava com a série Nomes da autora, conjunto de 473 imagens doadas ao IMS por Lily em 2005.

Sua obra completa, portanto, encontra-se agora reunida no Instituto, e no dia 15/06 realizaremos uma mesa com convidados para celebrar a vida e o trabalho desta importante e essencial artista. Lily nos deixou um legado que aponta, através de suas várias séries e seus ensaios, para a profunda e decisiva relação existente entre o processo de criação em fotografia e sua estreita e intrínseca interação com a inerente subjetividade e individualidade do autor e artista, num meio sempre incompleto e pleno de ambiguidades, e por estes mesmos motivos, pleno de possibilidades de construções oníricas e poéticas.

A obra completa de Lily Sverner é composta cerca de 8.000 imagens, prioritariamente em negativos preto e branco, mas não somente, e centenas de fotografias ampliadas e editadas pela fotógrafa. Seu trabalho e sua trajetória de vida, em especial em relação à diáspora de famílias de origem judaica que deixaram a Europa em função da perseguição e barbárie nazista e fascista, dialogam com o de outras importantes fotógrafas que atuaram em São Paulo no mesmo período, ou em períodos um pouco anteriores, como Hildegard Rosenthal, Alice Brill, Stefania Bril e Madalena Schwartz, todas fotógrafas cujos acervos encontram-se também preservados no IMS, com os quais agora se soma o acervo de Lily Sverner.

Nair Benedicto
É fotógrafa formada em Rádio e Televisão pela ECA/USP. Militante no período da ditadura, trouxe sua atuação política para a fotografia. Em 1979 fundou a Agência F4 com Juca Martins, Delfim Martins e Ricardo Malta, proposta inspirada na lendária agência Magnum. Em 1991 fundou o Núcleo dos Amigos da Fotografia – Nafoto com Stefania Bril, Rosely Nakagawa e Rubens Fernandes Junior, entre outros. No mesmo ano se desligou da F4 e fundou a N Imagens, que dirige até hoje. É autora de vários livros, entre eles A greve do ABC (1980) e A questão do menor (1980), em parceria com Juca Martins.

Rozy Strozenberg
Publicitária e produtora cultural. Trabalhou na área de comunicação no MIS (Museu da Imagem e do Som), na SMC (Secretaria Municipal da Cultura) e na captação de recursos para eventos, exposições e publicações.

Rubens Fernandes Junior
Pesquisador e curador de fotografia. Foi cocriador e curador de fotografia do Gabinete Fotográfico da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do MASP. É Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, professor e diretor da Faculdade de Comunicação da FAAP. Em 1991, participa da fundação do coletivo Nafoto. Dividiu com Stefania Bril a curadoria da mostra Colors from Brazil, Houston (1992). Recebeu o prêmio APCA pelas exposições Mario Cravo Neto, Masp (1995) e A(s)simetrias, fotografias de Geraldo de Barros, Galeria Brito Cimino (2006). Escreveu, entre outros livros, Papéis efêmeros da fotografia (2015).

Sergio Burgi
Coordenador e curador de Fotografia do Instituto Moreira Salles desde 1999. Estudou na Escola Politécnica na Universidade de São Paulo – USP. Durante esse período fundou, ao lado dos fotógrafos João Musa e Raul Garcez, o Laboratório de Fotografia no centro acadêmico da Poli . Formado em Ciências Sociais pela USP em 1981, cursou o mestrado em Conservação Fotográfica pela School of Photographic Arts and Sciences do Rochester Institute of Technology (NY, EUA). Foi coordenador do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Fundação Nacional de Arte, no Rio de Janeiro, entre 1984 e 1991.

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