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Marcha para o Oeste. Fotografia, conquista e colonização de Estado

Fórum Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia

Conversas

Com Tamiris Maia Gonçalves Pereira, Ricardo Tewaxi Javaé,  Gil Vieira Costa, Edson Kayapó, Yamalui Kuikuro e Ileana Pradilla Ceron

Quando

25/3/2025, terça, das 14h às 18h30

Evento gratuito

Lugares limitados.

Mais informações abaixo

IMS Paulista

Cineteatro - 3º andar

Avenida Paulista, 2424

São Paulo/SP

A quinta edição da Bolsa de Pesquisa em Fotografia, lançada em 2023, propôs como tema de estudo um conjunto de cerca de 1500 imagens pertencentes ao acervo do IMS, vinculadas, direta ou indiretamente, ao processo de colonização da região central brasileira, lançado pelo presidente Getúlio Vargas em 1938, conhecido popularmente como a Marcha para o Oeste.

Os dois projetos selecionados, Bananal sob feitiço: a visão Iny do contato com os não-indígenas em suas aldeias na Ilha do Bananal, da historiadora e arqueóloga Tamiris Maia Gonçalves Pereira e Imagens e narrativas dissidentes: as fotografias da “Marcha para o Oeste” no Brasil e suas possibilidades interpretativas, do crítico e historiador da arte Gil Vieira Costa, propõem perspectivas bastante diversas, mas igualmente críticas e instigantes, sobre a construção de identidades e as narrativas visuais produzidas por diversos autores que documentaram, fosse com fins jornalísticos, ou como encomendas de instituições oficiais, o violento processo de ocupação do Estado brasileiro na região centro-oeste durante as décadas de 1940 e 1950.

A partir de uma profunda pesquisa historiográfica e de conversas e entrevistas sobre as fotografias com homens e mulheres Iny Karajá, na Ilha do Bananal e em Goiânia, Tamiris Gonçalves sintetizou em seu trabalho dois objetivos aparentemente diferentes: a qualificação detalhada de objetos, pessoas e rituais registrados nas imagens, que até agora possuíam informações genéricas, e a escuta e sistematização das reflexões, perspectivas, memórias e novas histórias surgidas a partir do contato dos Iny com as fotografias.

Concentrando-se nas imagens referentes aos processos expansionistas do Estado brasileiro no sul do Pará, Gil Vieira Gonçalves produziu uma análise crítica das representações fotográficas, tanto em relação à sua utilização por editoras e veículos de comunicação comprometidos com os interesses e a ideologia oficial desenvolvimentista, quanto em sua capacidade de produzir subtextos, que permitem a construção de narrativas dissidentes a partir delas.

Os resultados destas pesquisas serão apresentados por seus autores no Fórum Marcha para o Oeste. Fotografia, conquista e colonização de Estado, no IMS Paulista. Para ampliar o debate, participarão, como comentadores dos trabalhos o historiador, escritor e ativista Edson Kayapó, e o professor e formador de saberes indígenas Ricardo Tewaxi  Javaé, pertencentes respectivamente aos povos Mebengokré e Javaé, ambos fortemente atingidos no processo desenvolvimentista do Estado brasileiro, no sul do Pará e na Ilha de Bananal, no estado de Tocantins.

O Fórum contará ainda com a apresentação da pesquisa Ingilango hutoho: A imagem dos antigos, de Yamalui Kuikuro, desenvolvida a convite do Instituto Moreira Salles, com o objetivo de analisar um conjunto de cerca de 500 fotografias de Henri Ballot, realizadas no Xingu, no âmbito dos processos de contato do Estado brasileiro, em busca da transformação dos indígenas em “cidadãos brasileiros”.

Yamalui trabalhou em conjunto com anciãos de diversas aldeias xinguanas, para identificar e requalificar, sob a perspectiva dos fotografados, imagens de atividades cotidianas e festividades de povos que hoje habitam o Parque Indígena do Xingu, como os Kuikuro, Kalapalo, Waurá e Mehinako.

Na ocasião, será anunciado também o lançamento da 6ª edição da Bolsa IMS de Pesquisa/2025.

Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).


Programação

Abertura | 14h

Abertura e lançamento da 6ª edição da Bolsa IMS de Pesquisa
Com Ileana Pradilla Ceron

Mesa 1 | 14h30

Ressignificando Imagens: o olhar Iny sobre as fotografias do passado
Com Tamiris Maia Gonçalves Pereira
Mediação de Ricardo Tewaxi Javaé

Intervalo
Mesa 2 | 16h15

Nação bravia hostil. Imagens e narrativas do estado em marcha sobre o Brasil
Com Gil Vieira Costa
Mediação de Edson Kayapó

Mesa 3 | 17h30

Ingilango hutoho: A imagem dos antigos
Com Yamalui Kuikuro (pesquisador convidado)

Participantes

Edson Kayapó
Historiador, escritor, ativista, ambientalista e curador pertencente ao povo Mebengokré. É professor de História Indígena na Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Federal da Bahia, em Porto Seguro. Doutor pelo programa em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), graduado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com pós-graduação Lato Sensu em História e Historiografia da Amazônia pela Universidade Federal do Amapá.  Seus títulos publicados são Nós – Uma Antologia de Literatura Indígena; Projetos e presepadas de um Curumim na Amazônia e  Um estranho Espadarte na Aldeia.

 

Gil Vieira Costa
É crítico e historiador da arte, interessado na reflexão sobre arte e culturas visuais em localidades na Amazônia, em suas relações com imaginário e ideologia. Nasceu em Ananindeua e, desde 2014 vive e trabalha em Marabá (PA), onde atua como professor na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). É Doutor em História e Mestre em Artes, ambas pela Universidade Federal do Pará (UFPA).  Contemplado na 5ª edição da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia com o projeto Imagens e narrativas dissidentes: as fotografias da "Marcha para o Oeste” no Brasil e suas possibilidades interpretativas.

 

Ricardo Tewaxi Javaé
Professor mestre na educação indígena e formador dos saberes indígenas. Mora na aldeia Canoanã, na Ilha do Bananal, Tocantins. Em 2019 concluiu o mestrado em Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins, com a dissertação “Nas águas do rio Javaés. Histórias, cosmologia e meio ambiente”. É coautor de Cartilha de receitas Os animais na culinária tradicional INỸ/JAVAÉ, da coleção Etnofauna indígena (2022) e de Iny rybè my Ijyy: alfabeto Javaé contextualizado (2023), livro que tem como foco a alfabetização do Povo Indígena Javaé, e busca, por meio da materialização da escrita, promover a preservação da língua e cultura indígena, o empoderamento e a visibilidade deste povo.

 

Tamiris Maia Gonçalves Pereira
Professora substituta do Curso de Licenciatura em Educação Intercultural da Universidade Federal de Goiás, Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena (NTFSI). É Doutora em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Mestre e licenciada em História, e Bacharel em Arqueologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás). . É vinculada ao Grupo de Pesquisa do DGP/CNPq, História Indígena e História Ambiental: interculturalidade crítica e decolonialidade da UFG. Contemplada na 5ª edição da Bolsa IMS de Pesquisa em fotografia com o projeto “Bananal sob feitiço: a visão Iny do contato com os não indígenas em suas aldeias na Ilha do Bananal”.

 

Yamalui Kuikuro Mehinaku
Pesquisador indígena, nasceu e vive na Aldeia Ipatsé, no Parque Indígena do Xingu. Estudou na própria aldeia. Por seu domínio do português tem sido colaborador de diversas pesquisas linguísticas e antropológicas no Brasil e no exterior. Contador de histórias e cantor ritual, é autor de Dono das palavras: A história do meu avô | Aki Oto: Api akinhagü (2024), edição bilingue em português e em língua Kuikuro, livro que narra a história de Nahũ Kuikuro,  um dos primeiros indígenas do Alto Xingu a aprender português. Yamalui é pesquisador convidado do IMS para identificar e ressignificar imagens sobre os povos xinguanos nas décadas de 1940 e 1950, no acervo do Instituto, produzidas no contexto da Marcha para o Oeste.


Como participar

Quando
25/3/2025, terça, das 14h às 18h30

Entrada gratuita
Lugares limitados (145 lugares)
Distribuição de senhas para qualquer uma das mesas a partir das 12h. Limite de 1 senha por mesa para cada pessoa.
Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

IMS Paulista
Cineteatro - 3º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP


Sobre a Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia

Criada em 2018, a Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia busca estimular o estudo da Fotografia no Brasil com um programa que concede, a cada edição, duas bolsas de pesquisa para a realização de um projeto inédito sobre um eixo temático proposto pelo instituto. Ao término do projeto, cuja duração máxima é de um ano, o pesquisador deverá apresentar um relatório final, um artigo de conclusão do trabalho e uma palestra aberta ao público sobre os resultados alcançados.