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Negras imagens

Formação a partir do acervo IMS

Conversas

Ciclo de encontros relacionado à exposição Walter Firmo – No verbo do silêncio a síntese do grito

Quando

17, 24, 31/5 e 7/6/2022, terças, às 18h

Evento online

Grátis. Mais informações abaixo

Relacionada à exposição Walter Firmo – No verbo do silêncio a síntese do grito, a série Negras imagens irá investigar imagens de mulheres, crianças e homens negros presentes nos acervos do IMS, e/ou imagens de autoria negra, observando, a partir de interpretações críticas, o que elas nos revelam sobre modos de representação. As coleções do Instituto Moreira Salles nos convidam a olhar para trás, buscando narrativas pouco ou não contadas, que possam nos ajudar a melhor compreender o passado e a realidade em que vivemos. A intenção da série é ampliar as possibilidades de reflexão acerca da realidade afro-brasileira através dos tempos, apontando possibilidades de construção de novos modos de ver e interpretar o que herdamos como patrimônio.

 

Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.


Ebook

As visões e as investigações do conjunto de pesquisadores participantes do ciclo “Negras imagens – Formação a partir do acervo IMS”, desenvolvidas a partir de uma imagem ou conjunto selecionado no acervo, são apresentadas neste volume com textos de Alexandre Araujo Bispo, Ana Beatriz Almeida, Diane Lima, Ione da Silva Jovino, Janaina Damaceno, Juliana Barreto Farias, Mônica Cardim, Rafael Domingos Oliveira, Roberto Conduru e Vanicléia Silva Santos. A apresentação é de Renata Bittencourt, diretora de Educação do IMS.

As gravações em vídeo das palestras estão disponíveis no canal do IMS no YouTube.


Encontro 1 | 17/5

Imagens negras: rito, cena e máscara

Com Ana Beatriz Almeida, Diane Lima e Roberto Conduru. Mediação Renata Bittencourt

IMS convida a morte: contranecropoder em três tempos

Por Ana Beatriz Almeida

A apresentação aborda artistas que entraram no acervo do IMS a partir do Programa Convida, produzido durante o período mais duro da pandemia e de franca expansão das manifestações globais contra o genocídio da população negra. A partir das tecnologias de elaboração da ancestralidade desenvolvidas no Brasil, é feita uma leitura ética/estética dos três momentos que compõem o sistema lógico a partir do qual se constituiu o candomblé: a Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte. Assim como na manifestação, são compreendidos três conceitos-base para essa leitura poética: a conexão com o transcendente e os ritos de transformação – Manifesto Monxtra Afrocyborg por Afrobapho, uma escama de Dan; a decomposição como tecnologia de resistência – Samba de Roda de Dona Dalva, o ouro de Sakpata; e, por fim, a materialidade e seu ciclo – A gente acaba aqui, Nanã enquanto poética do fim na produção de Everlane Moraes.

Ana Beatriz Almeida é mestra em história e estética da arte pelo MAC USP, cofundadora da 01.01 Art Platform, artista visual e pesquisadora das manifestações africanas e da diáspora africana. É consultora curatorial do MAC Niterói e professora do Black Feminism-Berkeley University Summer Program Abroad. Foi curadora convidada do Glasgow International 2020 (adiado pela covid-19). Desde 2009, realiza um rito de passagem de longa duração em homenagem aos que não sobreviveram ao tráfico de escravizados.

 

O que a fotografia tanto não previa, quanto não contava: abstração e racialidade em Peter Scheier

Por Diane Lima

Ao propor uma análise de duas importantes fotografias realizadas por Peter Scheier durante a I Bienal de São Paulo, em 1951, a apresentação discute como o concretismo e o neoconcretismo no Brasil criaram uma equação de valor que tem como consequência a obliteração (ou uma tentativa de obliteração) da racialidade na cena ética e estética moderna no país, uma hipótese que a justaposição das imagens de Scheier, no contexto das obras de Sophie Taeuber-Arp e Max Bill, escancara.

Diane Lima é curadora independente, escritora e pesquisadora. Premiada em 2021 pelo Ford Foundation Global Fellowship, desenvolve projetos sobre as práticas artísticas e curatoriais em perspectiva decolonial no Brasil. Mestra em comunicação e semiótica pela PUC-SP, integra o time curatorial da 35a Bienal de São Paulo (2023). Projetos anteriores incluem o projeto de educação radical AfroTranscendence e a residência PlusAfroT, na Villa Waldberta, na Alemanha. Seus textos integram diversos livros, catálogos e revistas.

 

Máscaras tectônicas – arquitetura e africanidade a partir da fotografia de Geraldo de Barros, José Medeiros e Marcel Gautherot

Por Roberto Conduru

A partir de imagens criadas por Geraldo de Barros, José Medeiros, Marcel Gautherot e outros fotógrafos, discutem-se relações entre arquitetura, fotografia e africanismo no Brasil em meados do século XX.

Roberto Conduru é historiador da arte, professor na Southern Methodist University.


Encontro 2 | 24/5

Crianças negras: olhares fotográficos

Com Ione da Silva Jovino e Rafael Domingos de Oliveira. Mediação Renata Bittencourt

 

“Foto de grupos de negros”: novas velhas imagens de Vincenzo Pastore

Por Ione da Silva Jovino

A apresentação parte de duas imagens do fotógrafo Vincenzo Pastore, que trazem, em duas poses diferentes, em cenário de estúdio, uma mulher negra, pobremente vestida, descalça, com uma criança pequena, negra, aos farrapos, com seu corpinho magro, descalço. Em uma das fotografias, um cenário bucólico, a mulher sentada, com a criança no colo, seu olhar dirigido a ela. Na outra, o mesmo cenário, acrescido da figura de uma cruz, a mulher de joelhos, talvez a suplicar pela criança, ao lado, chorando, tendo ainda mais expostas a magreza de seu corpo e suas roupas em frangalhos. As imagens retratariam, no século XX, a mesma aparência e posições de subalternização do século XIX, que serviam aos discursos de propagação do exótico e dos “tipos de pretos”. O trabalho irá discutir as mudanças e permanências em termos de representação imagética de pessoas negras no começo do século XX, com destaque para a presença da criança na foto. A discussão irá transitar pelas leituras possíveis, entre a repetição de padrões de representação de períodos anteriores à discrepância entre o representado na imagem e os discursos sobre o contexto sócio-histórico que aponta para um momento de intensa limpeza dos espaços públicos e também das imagens divulgadas na e sobre a cidade de São Paulo no início do século XX.

Ione da Silva Jovino é preta, mãe e avó. Formada em letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é mestra e doutora em educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), docente, pesquisadora e extensionista na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e membra do Núcleo de Relações Etnicorraciais, Gênero e Sexualidade da UEPG e de grupos de pesquisa sobre relações raciais, crianças e infância. Integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras.

 

 

Modos de ser e ver as infâncias negras: cultura visual em dois atos fotográficos

Por Rafael Domingos Oliveira

A noção de infância é historicamente construída. Em outras palavras, sociedades diferentes, ou uma mesma sociedade em temporalidades distintas, constroem representações e significados diferentes sobre a infância. A própria ideia de criança, assim, está condicionada às noções de infância que são compartilhadas em determinadas temporalidades e espacialidades. Nesse sentido, a cultura visual participa ativamente na constituição da infância, ao propor códigos imagéticos em que a criança ocupa (ou não) uma posição no conjunto da sociedade. Partindo dessas premissas, a apresentação busca escrutinar duas coleções fotográficas do acervo do Instituto Moreira Salles em que aparecem crianças negras: as fotografias de Marc Ferrez (sobretudo aquelas da década de 1880) e de Walter Firmo (com ênfase nos registros de festas populares brasileiras). Por meio do recorte, busca-se compreender a incidência do olhar fotográfico sobre crianças negras e, dele, revelar sentidos socialmente compartilhados (ou tensionados) a respeito do lugar que a infância negra pode ou não ocupar nas duas temporalidades (século XIX e XX). Dessa forma, busca-se chamar atenção para (ao menos) duas formas de compreender e ver as infâncias negras no Brasil, oportunidade para colocar em debate o lugar que as crianças negras têm ocupado na cultura visual, na vida social e no imaginário brasileiro. 

Rafael Domingos Oliveira é historiador e educador, doutorando em história social pela USP e mestre em história pela Unifesp. Foi professor da rede pública de ensino do estado de São Paulo e coordenador do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. É autor de artigos e capítulos de livros e do livro Vozes afro-atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade (2021). É membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Afro-América (Nepafro) e coordenador do Núcleo de Acervo e Pesquisa do Theatro Municipal de São Paulo.


Encontro 3 | 31/5

Mulheres negras: corpo, objeto e trabalho

Com Juliana Barreto Farias, Mônica Cardim e Vanicléia Silva Santos. Mediação Renata Bittencourt

Mulheres negras no mercado

Por Juliana Barreto Farias

Por volta dos anos de 1875 e 1880, o fotógrafo Marc Ferrez fez alguns registros na praça do Mercado do Rio de Janeiro, também conhecida como mercado da Candelária ou da praia do Peixe. Construída na década de 1830 à beira da baía de Guanabara, a praça era o principal centro de abastecimento de gêneros alimentícios de primeira necessidade do Rio de Janeiro, e assim se manteve até pelo menos o início do século XX. Em seus diferentes espaços, havia uma multiplicidade de vendedores, carregadores e fregueses, de “raças”, nacionalidades e origens étnicas diversas, com um especial destaque para as “negras quitandeiras”, muitas vezes chamadas de “negras minas” ou “pretas minas” (numa referência direta às africanas da Costa da Mina que predominavam ali).

Embora privilegiasse uma visão mais panorâmica da cidade do Rio, Ferrez também captou, em detalhes, alguns trabalhadores instalados na praça do Mercado. Não se sabe ao certo quando as fotografias foram feitas, mas, no acervo do Instituto Moreira Salles, constam três imagens realizadas por volta de 1875, e uma outra, da doca e cais da praia do Peixe, de 1880. Partindo desses quatro registros, e por vezes comparando-os a outros da coleção de Marc Ferrez e de outros fotógrafos do mesmo período, a apresentação irá abordar as relações entre trabalho urbano, gênero, raça e etnicidade na cidade do Rio de Janeiro, enfocando, especialmente, as vendedoras negras do mercado da Candelária.

Juliana Barreto Farias é professora na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e do Programa de Mestrado em Estudos Africanos, Culturas Negras e Povos Indígenas da Uneb. Doutora em história social pela USP, fez estágio pós-doutoral em história da África na Universidade de Lisboa. É autora de Mercados minas: africanos ocidentais na praça do Mercado do Rio de Janeiro, 1830-1890 (2015) e coautora de A diáspora mina: africanos entre o Brasil e o golfo do Benin (2021).

 

 

Retratos afrodiaspóricos

Por Mônica Cardim

O objetivo da apresentação é propor uma ressignificação da galeria de fotos de homens e mulheres negros produzida nos estúdios de Alberto Henschel no Brasil do século XIX, disponíveis no banco de dados do Instituto Moreira Salles pelo convênio com o Leibniz Institut für Länderkunde. A linha narrativa será o retrato do líder espiritual afro-brasileiro Juca Rosa e os retratos de dois de seus seguidores. Utilizada com fins catalográficos, com viés colonialista no passado, tal série permanece sendo identificada como "Tipos negros" na circulação contemporânea. Dessa forma, as pessoas retratadas ainda têm suas identidades reduzidas à categorização racial de teor hierarquizante da humanidade, sem menção a seus nomes, histórias de vida e referências culturais. O retrato do sacerdote Juca Rosa, embora não faça parte das obras do acervo digital do Instituto Moreira Salles, está associado a esse conjunto de imagens pelo fato de alguns dos retratados serem seus seguidores, que foram por ele incentivados a posar para o fotógrafo alemão. A apresentação analisará um artigo publicado no início do século XX no periódico A Ilustração Brazileira, em que são reproduzidas as fotos de Rosa e seus seguidores, para tecer algumas considerações acerca da circulação dessas imagens. O objetivo da apresentação será oferecer uma possibilidade de (re)construção de identidades de africanos e afro-brasileiros, numa valoração de histórias e experiências vinculadas à cultura e à compreensão de mundo afrodiaspóricas.

Mônica Cardim é Doutoranda em artes pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da USP, educadora e fotógrafa, sua pesquisa e produção artística focam a relação entre identidade e poder em retratos fotográficos. Recebeu o Prêmio Vídeo USP-TV Cultura 2020 e o Prêmio Histórico em Artes Visuais do PROAC 2022. Como fotógrafa, desenvolve a série Protocolo diário e o projeto “Identidades possíveis – Eu sou, nós somos”. Em parceria com a Nave Gris Cia Cênica, criou a exposição Mulheres negras na dança (2017).

 

 

“A Free Black-Girl” e “Preta de Ballas” e outras.
A cultura material nos corpos de mulheres forras representadas por artistas oitocentistas presentes no Acervo do IMS

Por Vanicléia Silva Santos

A apresentação foca em trabalhos artísticos produzidos no século XIX, especialmente no Rio de Janeiro e em Salvador, cidades brasileiras com as maiores concentrações de população escravizada das Américas. Nesse período, a mulher negra no Brasil foi, em geral, representada nas artes visuais principalmente a partir de alguns temas relacionados ao mundo do trabalho ou em retratos que destacavam suas vestes, seus adereços e a situação de liberdade e autonomia. Ao invés de focar nas mulheres escravizadas, representadas com mais frequência, será apresentada uma análise verticalizada de quatro imagens de mulheres negras livres ou libertas, representadas nos trabalhos de quatro artistas brasileiros e estrangeiros oitocentistas. Será abordado brevemente o contexto de produção de cada obra, levando em consideração os seguintes aspectos: o background do artista, sua formação e os motivos e objetos que os levaram a realizar seus trabalhos sobre mulheres negras no Brasil e o universo do trabalho urbano. Algumas perguntas irão nortear a apresentação: por que estes artistas escolheram o mundo da escravidão como elemento central de suas narrativas iconográficas e que tipo de narrativas os artistas queriam criar sobre o Brasil oitocentista? Por que eles não nomearam as mulheres que foram pintadas? Por que estes artistas escolheram retratar adereços afro-brasileiros, e não africanos? Quais eram os significados dos adereços utilizados? Eram meramente adornos ou tinham outros significados?

Vanicléia Silva Santos é curadora da Coleção Africana do Penn Museum/University of Pennsilvania e professora de história da África na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 


Encontro 4 | 7/6

Retratos negros: individualidades e afetos

Com Alexandre Araujo Bispo, Janaina Damaceno e Ana Beatriz Almeida. Mediação Renata Bittencourt

Consumidores negros de fotografias 3x4: Poços de Caldas 1958-1982
Por Alexandre Araujo Bispo

Será apresentado um conjunto de retratos em formato 3x4 de crianças, homens e mulheres negros que visitaram o estúdio do fotógrafo ítalo-descendente Limercy Forlin (1926-1986), em Poços de Caldas, entre as décadas de 1950 e 1980. Por um lado, serão exploradas questões próprias ao retrato fotográfico documental, a saber, a coisificação do retratado, a redução da pessoa ao rosto, o reforço da ideia de indivíduo ou da afirmação de subjetividades modernas visíveis em roupas e cabelos cortados, alisados, crespos ou adereçados com lenços etc. Por outro lado, do conjunto de retratos também emergem questões ligadas à coletividade negra, o que sugere interpretações socioantropológicas acerca de fatores como natalidade, mortalidade, matrimônio, formação escolar, profissão, religiosidades e consumo no ambiente poços-caldense.

Alexandre Araujo Bispo é antropólogo, crítico de arte, curador e educador independente. Pesquisa práticas de memória, com ênfase em fotografia amadora, fotografia de família e arquivos pessoais, arte afro-brasileira e imaginários urbanos. Foi curador artístico e educativo de diversas exposições e é coautor de Mulheres fotógrafas, mulheres fotografadas: fotografia e gênero na América Latina, entre outros. Publicou textos em revistas, como ZUM, Contemporary And, O Menelick 2º Ato e Art Bazaar.

 

 

A geografia dos afetos: amizade, amor e samba na obra de Walter Firmo
Por Janaina Damaceno

Janaina é autora do texto “Amar a negritude”, publicado no catálogo da exposição Walter Firmo – No verbo do silêncio a síntese do grito, em que busca mostrar como a obra de Walter Firmo pode ser lida a partir de uma lógica dos afetos, em especial das amizades. Nessa apresentação, serão debatidas as imagens públicas de afeto presentes na obra do fotógrafo, em especial nas imagens que exprimem as relações de amor e amizade entre personalidades negras ligadas ao mundo do samba e do Carnaval carioca. Pretende-se contribuir para as recentes discussões sobre as inscrições e autoinscrições de pessoas negras na fotografia, sobretudo aquelas provocadas pelos trabalhos de Safira Moreira, Aline Motta, Tila Chitunda ou de pesquisas como as de Iliriana Fontoura, que refletem sobre as memórias e os afetos a partir de fotografias de famílias negras. Num contexto internacional, busca-se entender como as imagens de Walter Firmo dialogam com o trabalho de fotógrafos negros norte-americanos e sul-africanos, como Gordon Parks, Bob Gosani e Santu Mofokeng, que também adotam a geografia dos afetos negros como centrais em suas fabulações fotográficas.

Janaina Damaceno é graduada em filosofia e mestra em educação pela Unicamp. Doutora em antropologia pela USP, atualmente é professora adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Febf) da Uerj e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades (PPCult) da UFF e coordena o Grupo de Pesquisas Afrovisualidades: Estéticas e Políticas da Imagem Negra. É uma das fundadoras do Fórum Itinerante do Cinema Negro (Ficine).

 

 

IMS convida a morte: contranecropoder em três tempos
Por Ana Beatriz Almeida

A apresentação aborda artistas que entraram no acervo do IMS a partir do Programa Convida, produzido durante o período mais duro da pandemia e de franca expansão das manifestações globais contra o genocídio da população negra. A partir das tecnologias de elaboração da ancestralidade desenvolvidas no Brasil, é feita uma leitura ética/estética dos três momentos que compõem o sistema lógico a partir do qual se constituiu o candomblé: a Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte. Assim como na manifestação, são compreendidos três conceitos-base para essa leitura poética: a conexão com o transcendente e os ritos de transformação – Manifesto Monxtra Afrocyborg por Afrobapho, uma escama de Dan; a decomposição como tecnologia de resistência – Samba de Roda de Dona Dalva, o ouro de Sakpata; e, por fim, a materialidade e seu ciclo – A gente acaba aqui, Nanã enquanto poética do fim na produção de Everlane Moraes.

Ana Beatriz Almeida é mestra em história e estética da arte pelo MAC USP, cofundadora da 01.01 Art Platform, artista visual e pesquisadora das manifestações africanas e da diáspora africana. É consultora curatorial do MAC Niterói e professora do Black Feminism-Berkeley University Summer Program Abroad. Foi curadora convidada do Glasgow International 2020 (adiado pela covid-19). Desde 2009, realiza um rito de passagem de longa duração em homenagem aos que não sobreviveram ao tráfico de escravizados.


Como participar

Quando
17, 24, 31/5 e 7/6, terças, às 18h

Eventos online
Grátis, não é necessário se inscrever antecipadamente.
Transmissão ao vivo com interpretação em Libras pelo YouTube do IMS e opção de legendas automáticas para quem assistir pelo Facebook.

O uso da máscara é recomendado.

Da esquerda para direita, imagens de Peter Scheier, Vincenzo Pastore, Joaquim Lopes de Barros Cabral Teive e Walter Firmo / Acervo IMS

Exposição relacionada