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Contraste

Perspectivas indígenas sobre as primeiras imagens fotográficas da Amazônia

Fórum Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia

Conversas

Com Jé Hãmãgãy, Jeguakai Charrúa, João Ticuna, Márcia Mura, Ileana Pradilla Cerón e Luísa Valentini.

Quando

16/6/2023, sexta, a partir das 14h

Evento gratuito

Lugares limitados.

Mais informações abaixo

IMS Paulista

Cineteatro - 3º andar

Avenida Paulista, 2424

São Paulo/SP

Gravuras Teórikas: observações e vertigens gráficas acerca de um acervo fotográfico histórico baseado nos Povos Indígenas de Jeguakai Charrúa e De dentro para fora: produções etnográficas de Albert Frisch sobre a ótica indígena Mura e Miranha de Jé Hãmãgãy foram os projetos vencedores da 4ª edição da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia em 2021.

Ao longo de um ano, as duas pesquisadoras se debruçaram sobre os primeiros registros fotográficos conhecidos sobre a floresta amazônica brasileira e seus habitantes, realizados em 1868 pelo alemão Christoph Albert Frisch, reunidos no álbum Résultat d´une Expédition Photographique sur Le Solimões ou Alto Amazonas et Rio Negro, pertencente ao acervo do IMS, para questionar e ressignificar os discursos produzidos pelo fotógrafo sobre os povos indígenas e seus territórios tradicionais.

Jé Hãmãgay passou seis meses em viagem pelo estado de Rondônia e pelo sul do Amazonas, apresentando e discutindo as fotografias com as comunidades dos povos Mura e Miranha. Trabalhando a partir das memórias e cosmovisões destes povos, sua pesquisa registra as considerações originárias sobre as imagens produzidas por Frisch e discute o papel que essas fotos podem ter atualmente no seio das próprias comunidades. Jeguakai Charrúa, por sua vez, reconstituiu em gravura as fotografias de Frisch. Suas imagens e comentários inseridos nas próprias obras denunciam o desconhecimento e a manipulação dos discursos sobre os povos da floresta por parte do alemão e reescrevem a história com o auxílio de pesquisas bibliográficas e conhecimentos produzidos por indígenas das etnias retratadas. As gravuras têm como suporte a borracha, material que foi objeto de exploração selvagem na Amazônia pouco tempo após a divulgação das imagens de Frisch na Europa, e cujo boom causou terrível sofrimento para os povos indígenas da região.

Os resultados destas pesquisas, que trazem as cosmovisões indígenas como centro para a compreensão das fotografias pioneiras de Frisch, serão apresentados no Fórum Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia. Perspectivas indígenas sobre as primeiras imagens fotográficas da Amazônia no dia 16 de junho, sexta-feira, das 14h às 18h, no cineteatro do IMS Paulista.

Além de discutir o trabalho desenvolvido pelas duas pesquisadoras indígenas, o evento também será uma oportunidade para conversar sobre a contribuição de pesquisadores e pesquisadoras indígenas no processo de descolonização da prática da história e das ciências humanas, além dos desafios que ainda enfrentam para a realização de seu trabalho, dentro e fora das instituições.

O fórum contará ainda com a participação da historiadora, escritora e educadora Márcia Mura e do antropólogo e pesquisador João Ticuna, ambos pertencentes aos povos retratados por Albert Frisch em sua expedição fotográfica.

Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).


Programação

Mesa 1 | 14h

Gravuras Teórikas: observações e vertigens gráficas acerca de um acervo fotográfico histórico baseado nos Povos Indígenas
Com Jeguakai Charrúa e João Ticuna.
Mediação: Luísa Valentini

Mesa 2 | 16h

De dentro para fora: produções etnográficas de Albert Frisch sobre a ótica indígena Mura e Miranha
Com Jé Hãmãgãy e Márcia Mura.
Mediação: Ileana Pradilla


Participantes

Jé Hãmãgãy (Jéssica Tôrres de Oliveira)
Museóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com suas pesquisas focadas na Museologia Social Indígena, repatriação de bens culturais, memória ancestral, anticolonialidade e patrimonialização. Pertencente ao povo Tikmū'ūn, clã da onça, mãe e artista independente que aborda em seus trabalhos maternidade, cultura, sonhos, memória e pautas da luta indígena.

 

Jeguakai Charrúa (Bruna  Lopes Silva)
Indígena pampeana, Povo Nação Charrúa, clã Mar Tanú Sepé (Pelotas-RS), artista e pesquisadora, etnógrafa, produtora cultural, comunicadora, gravadora, encadernadora, performer, tatuadora, ativista anti-colonial, bacharela em Artes Visuais (UFPel, 2018) e mestranda em Antropologia (UFF, 2021). Ativista pelos direitos indígenas no campo da cultura, história e epistemologias contemporâneas.

 

João Ticuna (João Bento Ramos)
Possui graduação em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas. É mestre e, atualmente, doutorando em Antropologia Social pelo programa de pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional-PPGAS/MN. Em 2018 atuou como secretário no Museu Magüta e foi colaborador eventual pela Funai na Coordenação Técnica Local, subordinada à Coordenação Regional do Alto e Médio Solimões em Benjamin Constant-AM. Participou ainda como membro de banca avaliadora da Universidade Federal do Amazonas. Possui experiência na área de Antropologia, com ênfase em Antropologia Indígena.

 

Márcia Mura (Márcia Nunes Maciel)
Educadora, escritora, doutora em História Social pela USP, aprendiz dos conhecimentos repassados pelas mais velhas e mais velhos, pratica a pedagogia da afirmação indígena a partir das aprendizagens vivenciadas no território e fazendo o caminho das águas. Autora dos livros O espaço lembrado: experiências de vida em seringais da Amazônia (EDUA, 2013), Tecendo fios de memórias Mura e de outros parentes (Pachamama, 2022) e O curumim do Rio do Machado (PDF, 2021).

 

Ileana Pradilla Cerón
Nasceu em Bogotá, Colômbia. Vive no Rio de Janeiro desde 1983. É bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Tem especialização em História da Arte e da Arquitetura no Brasil e mestrado em História Social da Cultura, ambos pela PUC-Rio. Desde 2016 trabalha no Instituto Moreira Salles, onde é responsável pelo Núcleo de Pesquisa em Fotografia e coordena o programa da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia. Escreveu Marc Ferrez. Uma Cronologia da vida e da obra (IMS, 2019) e Galeria de Artistas: Centro Empresarial Rio (1983-1990) (FGV, 2021).

 

Luísa Valentini
É antropóloga, dedicada a questões acerca da documentação de interesse de povos indígenas e comunidades tradicionais. Trabalha hoje no Museu das Culturas Indígenas de São Paulo, inaugurado em 2022. É autora do livro Um laboratório de antropologia: o encontro entre Mário de Andrade, Dina Dreyfus e Claude Lévi-Strauss (2013) e coordena a coleção Mundo Indígena da Editora Hedra.


Como participar

Quando
16/6/2023, sexta, a partir das 14h

Entrada gratuita
Lugares limitados (145 lugares)
Distribuição de senhas para qualquer uma das mesas a partir das 12h. Limite de 1 senha por mesa para cada pessoa.
Evento com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

IMS Paulista
Cineteatro - 3º andar
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP


Sobre a Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia

Criada em 2018, a Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia busca estimular o estudo da Fotografia no Brasil com um programa que concede, a cada edição, duas bolsas de pesquisa para a realização de um projeto inédito sobre um eixo temático proposto pelo instituto. Ao término do projeto, cuja duração máxima é de um ano, o pesquisador deverá apresentar um relatório final, um artigo de conclusão do trabalho e uma palestra aberta ao público sobre os resultados alcançados.