Como chegamos até aqui
Lançamento + debate
Quando
21 de novembro de 2018, quarta, às 19h30
Entrada gratuita
Mais informações em Como participar
IMS Paulista
Cineteatro
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP
No aniversário de 10 anos da revista de ensaios do IMS, reunimos três colaboradores da serrote, Angela Alonso, Milton Hatoum e Tales Ab'Sáber, para uma conversa sobre o momento político do Brasil e os desafios que se apresentam para os intelectuais. A mediação é de Paulo Roberto Pires e Guilherme Freitas.
O evento marca o lançamento da serrote 30 e do livro Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote.
serrote 30
Publicação: Novembro de 2018
224 páginas
Preço: R$ 48,50
Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote
Publicação: Novembro de 2018
256 páginas
Preço: R$ 44,50
Entrada gratuita com lugares limitados.
Distribuição de senhas 60 minutos antes do evento. Limite de 1 senha por pessoa.
Angela Alonso (1969) é professora do Departamento de Sociologia da USP, pesquisadora do Cebrap e colunista do jornal Folha de S.Paulo. É autora de Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro (2015) e Joaquim Nabuco: os salões e as ruas (2007), ambos publicados pela Companhia das Letras.
Tales Ab'Sáber (1965) é psicanalista e professor de filosofia da psicanálise da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É autor dos livros Lulismo, carisma pop e cultura anticrítica (2012), Dilma Rousseff e o ódio político (2013) e Michel Temer e o fascismo comum (2018), todos pela editora Hedra.
Milton Hatoum (1952) é um dos nomes fundamentais da literatura brasileira, autor de livros já clássicos como Relato de um certo Oriente (1989), Dois irmãos (2001) e Órfãos do Eldorado (2008), todos pela Companhia das Letras. Seu romance mais recente é A noite da espera (2017), primeira parte da trilogia O lugar mais sombrio.
Entre os destaques da revista, está o texto “Contemplando Kafka”, de Philip Roth (1933-2018), que narra os últimos anos de vida de Franz Kafka e, em um exercício de imaginação, conjectura o que poderia ter acontecido se o escritor tcheco, que morreu em 1924, tivesse vivido por mais tempo e se refugiado nos Estados Unidos. Numa de suas últimas entrevistas, Roth revelou que este ensaio, escrito em 1973 e inédito no Brasil, era um de seus preferidos.
O historiador norte-americano Henry Louis Gates Jr. (1950), no ensaio “Branco como eu”, retoma a história do crítico literário Anatole Broyard (1920-1990), que, para se consolidar no meio editorial, omitiu sua ascendência negra.
No ensaio “O segredo e seu contrário”, o italiano Claudio Magris (1939), um dos maiores escritores europeus da atualidade, reflete sobre como o conceito de segredo está presente em diversas esferas da sociedade: da política, às brincadeiras infantis, dos mitos gregos à intimidade dos casais, e no próprio exercício da escrita.
A edição traz também “A Ilíada ou o poema da força”, clássico da filósofa francesa Simone Weil (1909-1943), publicado em 1940, durante sua militância na resistência francesa. A autora propõe que o verdadeiro tema da obra de Homero é a força, que, de diferentes maneiras, subjuga a alma humana.
Em “Fios, nós, tranças, tramas”, a filósofa brasileira Carla Rodrigues (1961) apresenta uma breve história dos feminismos no Brasil. Em “Todos pareciam felizes”, o poeta Eucanaã Ferraz (1961) reflete sobre a cultura material da década de 1960, entremeando referências distintas, como a obra de Carlos Drummond de Andrade, os filmes de Alfred Hitchcock e a arquitetura dos motéis norte-americanos.
Ainda na serrote #30, o escritor Joca Reiners Terron (1968) mergulha nos papéis e nas obsessões de Valêncio Xavier, no ensaio “O Frankenstein de Curitiba”. A angolana Djaimilia Pereira de Almeida (1982) e o português Humberto Brito (1980) refletem sobre os impasses do engajamento político em “O desinteresse pelo poder”.
Em “Transgressão à direita”, Daniel Salgado (1995) recupera as origens da nova direita brasileira nos fóruns da internet.
A edição traz também ensaios visuais de Santidio Pereira, Marcos Chaves, Gego, João Loureiro, Hurvin Anderson, Helena Almeida, William Orpen e Regina Silveira, que assina a capa da revista.
Organizada pelo editor da serrote, Paulo Roberto Pires, a antologia apresenta 12 reflexões sobre o ensaio com abordagens distintas, ora intimistas, ora históricas, divididas em cinco blocos temáticos: Conceitos, À Inglesa, Teoria, Latitudes e Variações.
No eixo Conceitos, o livro apresenta ensaios do suíço Jean Starobinski (1920) e do americano John Jeremiah Sullivan (1974). Formado em psiquiatria e literatura, Starobinski investiga, em “É possível definir o ensaio?”, as etimologias e as origens do gênero, marcado pela tensão entre o geral e o particular. Já em “Essai, essay, ensaio”, Sullivan, autor do premiado livro Pulphead, explica por que se considera que os franceses inventaram o ensaio, e os ingleses, o ensaísmo.
A seção seguinte, À Inglesa, começa com um texto da brasileira Lucia Miguel Pereira (1901-1959), “Sobre os ensaístas ingleses”, em que a autora defende que a Inglaterra foi o país onde o gênero melhor floresceu. Em seguida, o britânico William Hazlitt (1778-1830) reflete sobre a sua produção e a de seus contemporâneos, em “Sobre os ensaístas de periódico”, clássico publicado pela primeira vez em português na revista.
No eixo Teoria, o leitor encontra dois textos de referência. Um dos grandes teóricos do marxismo, o húngaro György Lukács (1885-1971) comparece com ”Sobre a essência e a forma do ensaio”. Já o filósofo alemão Max Bense (1910-1990) defende que o gênero “é uma peça de realidade em prosa que não perde de vista a poesia”, no texto “O ensaio e sua prosa”, que permaneceu, por mais de seis décadas, inédito no Brasil.
A seção Latitudes traz três textos. Em “Nossa América é um ensaio”, o colombiano Germán Arciniegas (1900-1999) associa o gênero à história do continente e à descoberta do Novo Mundo, que abalou as certezas de até então. Em “O ensaio literário no Brasil”, Alexandre Eulalio (1932-1988) apresenta um panorama da recepção do gênero no país ao longo de 200 anos. A produção do próprio Eulalio é abordada no texto seguinte, “Viagem à roda de uma dedicatória”, assinado pelo editor da serrote, Paulo Roberto Pires (1967).
A última seção, Variações, reúne três escritores contemporâneos. Em “Retrato do ensaio como corpo de mulher”, a americana Cynthia Ozick (1928) defende que um verdadeiro ensaio “não serve a propósitos educativos, políticos ou sociopolíticos: é o movimento de uma mente livre quando brinca”. Christy Wampole (1977), professora de Princeton, cria uma analogia entre a figura do ensaísta e a do DJ. Um dos principais nomes da literatura contemporânea, o argentino César Aira (1949) defende, em “O ensaio e seu tema”, que a escrita ensaística é o lugar de união de saberes distintos.