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Rio de Janeiro
Livraria da Travessa de Ipanema
Rua Visconde de Pirajá, 572
No aniversário de 10 anos da revista de ensaios do IMS, reunimos três colaboradores da serrote, Beatriz Resende, Carla Rodrigues e Eduardo Jardim, para uma conversa sobre o momento político do Brasil e os desafios que se apresentam para os intelectuais. A mediação é de Paulo Roberto Pires e Guilherme Freitas.
O evento marca o lançamento da serrote 30 e do livro Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote.
serrote 30
Publicação: Novembro de 2018
224 páginas
Preço: R$ 48,50
Doze ensaios sobre o ensaio: antologia serrote
Publicação: Novembro de 2018
256 páginas
Preço: R$ 44,50
Entrada gratuita. Sujeita à lotação do espaço.
Beatriz Resende é ensaísta e professora titular da Faculdade de Letras da UFRJ. É autora de Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos (Autêntica, 2015), e Contemporâneos – Expressões da literatura brasileira no século XXI (Casa da Palavra, 2008), entre outros livros, e é uma das organizadoras de Toda crônica (Agir, 2004), de Lima Barreto.
Carla Rodrigues (1961) é feminista, filósofa e professora de filosofia na UFRJ. É autora de Coreografias do feminino (Mulheres, 2009) e Duas palavras para o feminino: hospitalidade e responsabilidade (Nau, 2013) e uma das organizadoras da antologia Problemas de gênero, da coleção Ensaios Brasileiros Contemporâneos (Funarte, 2017).
Eduardo Jardim (1948) é professor aposentado da PUC-Rio, onde ensinou filosofia por 40 anos. É autor, dentre outros, de Eu sou trezentos: Mário de Andrade, vida e obra (Edições de Janeiro, 2015) e Tudo em volta está deserto – Encontros com a literatura e a música na época da ditadura (Bazar do Tempo, 2017).
Entre os destaques da revista, está o texto “Contemplando Kafka”, de Philip Roth (1933-2018), que narra os últimos anos de vida de Franz Kafka e, em um exercício de imaginação, conjectura o que poderia ter acontecido se o escritor tcheco, que morreu em 1924, tivesse vivido por mais tempo e se refugiado nos Estados Unidos. Numa de suas últimas entrevistas, Roth revelou que este ensaio, escrito em 1973 e inédito no Brasil, era um de seus preferidos.
O historiador norte-americano Henry Louis Gates Jr. (1950), no ensaio “Branco como eu”, retoma a história do crítico literário Anatole Broyard (1920-1990), que, para se consolidar no meio editorial, omitiu sua ascendência negra.
No ensaio “O segredo e seu contrário”, o italiano Claudio Magris (1939), um dos maiores escritores europeus da atualidade, reflete sobre como o conceito de segredo está presente em diversas esferas da sociedade: da política, às brincadeiras infantis, dos mitos gregos à intimidade dos casais, e no próprio exercício da escrita.
A edição traz também “A Ilíada ou o poema da força”, clássico da filósofa francesa Simone Weil (1909-1943), publicado em 1940, durante sua militância na resistência francesa. A autora propõe que o verdadeiro tema da obra de Homero é a força, que, de diferentes maneiras, subjuga a alma humana.
Em “Fios, nós, tranças, tramas”, a filósofa brasileira Carla Rodrigues (1961) apresenta uma breve história dos feminismos no Brasil. Em “Todos pareciam felizes”, o poeta Eucanaã Ferraz (1961) reflete sobre a cultura material da década de 1960, entremeando referências distintas, como a obra de Carlos Drummond de Andrade, os filmes de Alfred Hitchcock e a arquitetura dos motéis norte-americanos.
Ainda na serrote #30, o escritor Joca Reiners Terron (1968) mergulha nos papéis e nas obsessões de Valêncio Xavier, no ensaio “O Frankenstein de Curitiba”. A angolana Djaimilia Pereira de Almeida (1982) e o português Humberto Brito (1980) refletem sobre os impasses do engajamento político em “O desinteresse pelo poder”.
Em “Transgressão à direita”, Daniel Salgado (1995) recupera as origens da nova direita brasileira nos fóruns da internet.
A edição traz também ensaios visuais de Santidio Pereira, Marcos Chaves, Gego, João Loureiro, Hurvin Anderson, Helena Almeida, William Orpen e Regina Silveira, que assina a capa da revista.
Organizada pelo editor da serrote, Paulo Roberto Pires, a antologia apresenta 12 reflexões sobre o ensaio com abordagens distintas, ora intimistas, ora históricas, divididas em cinco blocos temáticos: Conceitos, À Inglesa, Teoria, Latitudes e Variações.
No eixo Conceitos, o livro apresenta ensaios do suíço Jean Starobinski (1920) e do americano John Jeremiah Sullivan (1974). Formado em psiquiatria e literatura, Starobinski investiga, em “É possível definir o ensaio?”, as etimologias e as origens do gênero, marcado pela tensão entre o geral e o particular. Já em “Essai, essay, ensaio”, Sullivan, autor do premiado livro Pulphead, explica por que se considera que os franceses inventaram o ensaio, e os ingleses, o ensaísmo.
A seção seguinte, À Inglesa, começa com um texto da brasileira Lucia Miguel Pereira (1901-1959), “Sobre os ensaístas ingleses”, em que a autora defende que a Inglaterra foi o país onde o gênero melhor floresceu. Em seguida, o britânico William Hazlitt (1778-1830) reflete sobre a sua produção e a de seus contemporâneos, em “Sobre os ensaístas de periódico”, clássico publicado pela primeira vez em português na revista.
No eixo Teoria, o leitor encontra dois textos de referência. Um dos grandes teóricos do marxismo, o húngaro György Lukács (1885-1971) comparece com ”Sobre a essência e a forma do ensaio”. Já o filósofo alemão Max Bense (1910-1990) defende que o gênero “é uma peça de realidade em prosa que não perde de vista a poesia”, no texto “O ensaio e sua prosa”, que permaneceu, por mais de seis décadas, inédito no Brasil.
A seção Latitudes traz três textos. Em “Nossa América é um ensaio”, o colombiano Germán Arciniegas (1900-1999) associa o gênero à história do continente e à descoberta do Novo Mundo, que abalou as certezas de até então. Em “O ensaio literário no Brasil”, Alexandre Eulalio (1932-1988) apresenta um panorama da recepção do gênero no país ao longo de 200 anos. A produção do próprio Eulalio é abordada no texto seguinte, “Viagem à roda de uma dedicatória”, assinado pelo editor da serrote, Paulo Roberto Pires (1967).
A última seção, Variações, reúne três escritores contemporâneos. Em “Retrato do ensaio como corpo de mulher”, a americana Cynthia Ozick (1928) defende que um verdadeiro ensaio “não serve a propósitos educativos, políticos ou sociopolíticos: é o movimento de uma mente livre quando brinca”. Christy Wampole (1977), professora de Princeton, cria uma analogia entre a figura do ensaísta e a do DJ. Um dos principais nomes da literatura contemporânea, o argentino César Aira (1949) defende, em “O ensaio e seu tema”, que a escrita ensaística é o lugar de união de saberes distintos.