Exposição
Encerrada
6/12/2015 a 20/3/2016
IMS Rio
Rua Marquês de São Vicente, 476 - Gávea, Rio de Janeiro/RJ
Horário
Terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 11h às 20h
A mostra A viagem das carrancas apresentou ao público 40 carrancas de coleções públicas e particulares e 42 fotografias de Marcel Gautherot pertencentes ao acervo do IMS, além de pequenas esculturas, um modelo de barco e documentos diversos. Entre os destaques da mostra, estava a figura de proa da lendária barca Minas Gerais, a maior embarcação que já navegou o São Francisco, esculpida por Afrânio – primeiro escultor de carrancas conhecido, ainda no fim do século XIX.
Também faz parte da exposição a figura esculpida para a barca Americana por Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany (1882-1985), o escultor de carrancas mais conhecido e respeitado do país. Ele começou a entalhar carrancas em 1905, e essa foi a terceira que fez, finalizada em 1907. Outras carrancas esculpidas por ele compõem a exposição, incluindo seis ‘não navegadas’, ou seja, produzidas por encomenda de colecionadores, entre as décadas de 1950 e 1960.
A viagem das carrancas é uma realização do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro e correalização do Instituto Moreira Salles e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, por onde a mostra passou antes de chegar ao Rio de Janeiro.
Curadoria
Lorenzo Mammì
Online
#AViagemDasCarrancas
Exposição encerrada
6/12/2015 a 20/3/2016
Terças a domingos e feriados (exceto segundas), das 11h às 20h.
IMS Rio
Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea - Rio de Janeiro/RJ
Contato
(21) 3284-7400
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Imprensa
(11) 3371-4455
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O curador Lorenzo Mammì revela a origem destas grotescas criações, apresentando Guarany, o mais talentoso escultor, e o fotógrafo Marcel Gautherot, responsável pela divulgação e popularização destes monstros tão brasileiros.
O livro editado pelo Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, Editora Martins Fontes e Instituto Moreira Salles, amplamente ilustrado com imagens das carrancas e com a série fotográfica de Marcel Gautherot, além de registros de Hans Gunter Flieg, Pierre Verger e do pesquisador Paulo Pardal. A publicação incluí inclui ainda ensaios de Lorenzo Mammì e Samuel Titan Jr.
305 páginas. Formato: 21 cm x 28 cm
ISBN: 9788583460220
Nascido em Paris em 1910 e radicado no Rio de Janeiro desde fins de 1940, Gautherot dedicou seu olhar – no qual a sobriedade documental, marca de sua geração, fundia-se ao apurado senso estético de quem se formara como arquiteto de interiores na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs – a motivos tão variados quanto folclore, arquitetura, natureza e paisagem humana, em diversas regiões do país. Em todos esses campos, manteve um excepcional padrão de qualidade e uma rara consciência de “obra” – que, nos últimos anos de vida, levou-o a dedicar-se exclusivamente à organização de seu monumental arquivo.
Não há novos eventos previstos.
SALA 1
Quase todas as civilizações cultivaram o hábito de ornamentar suas embarcações com figuras esculpidas. Elas desempenhavam, em geral, uma dupla função: tornar a embarcação imediatamente reconhecível e protegê-la contra maus espíritos ou monstros marinhos. Nos séculos XVIII e XIX, os grandes veleiros que aportavam no litoral do Brasil carregavam com frequência esse gênero de esculturas. A figura de mulher de mais de dois metros de altura, exposta nesta sala, pertencia sem dúvida a um desses navios transoceânicos, desmanchado no Brasil durante o século XIX. É uma peça de notável elegância e refinamento, talvez de origem europeia.
Já a outra figura de mulher é brasileira. Pertencia a um navio menor, o brigue-escuna Laura II, que foi palco de um motim de escravos em 1839. Deve ser, portanto, anterior a essa data. É um bom exemplo de adequação dos modelos europeus pelos artistas locais.
Muitas outras figuras de proa foram esculpidas no litoral do Brasil. Mas a produção mais original e consistente é aquela desenvolvida no trecho mediano do rio São Francisco entre 1870 e 1945, aproximadamente. Destinava-se às grandes barcas comerciais que percorriam a região e costumavam se reunir em ocasiões especiais, como a romaria do santuário de Bom Jesus da Lapa. Marcel Gautherot as fotografou nessa ocasião. Conhecidas inicialmente como “figuras de proa” ou “leões de barco”, acabaram adquirindo mais tarde a denominação de “carrancas”.
O cavalo apenas esboçado exposto nesta sala pertencia a uma embarcação menor, provavelmente uma canoa. Foi realizada, sem dúvida, por um escultor não profissional, talvez o próprio barqueiro. Já a outra carranca, monumental, é a obra-prima de um mestre afamado, o mais antigo de que se conhece o nome e a origem: Afrânio, da cidade de Barreiras, na Bahia. A escultura pertencia à maior barca da região, a Casa Vermelha, mais tarde rebatizada Minas Gerais: uma embarcação de mais de 30 metros de comprimento, com acabamentos requintados como, por exemplo, janelas de vidro na cabine de popa.
As pouquíssimas esculturas de Afrânio que foram identificadas até hoje apresentam características muito peculiares: linhas onduladas, olhos proeminentes e, em geral, traços que sugerem uma influência extremo-oriental. De fato, durante o período colonial e monárquico, e ainda na Primeira República, houve um comércio intenso entre o Brasil e a China, que interessou especialmente à Bahia e a Minas Gerais, e influenciou os artistas locais.
Mais uma escultura atribuída a Afrânio se encontra nesta exposição: um leão (Sala 3). Nas fotos de Hans Gunter Flieg para a exposição A mão do povo brasileiro (sala 2), aparece outro “cavalo”, semelhante ao da Minas Gerais, que também deve ser de Afrânio.
SALA 2
Em meados da década de 1940, os fotógrafos Pierre Verger e Marcel Gautherot percorreram o litoral e o interior da Bahia, produzindo um rico material documentário. Gautherot, em particular, registrou um grande número de carrancas. A publicação de suas fotos na revista O Cruzeiro,em 1947, chamou a atenção dos pesquisadores e do grande público. Por sua qualidade formal, e por serem um fenômeno sem paralelo em outros países, as figuras de proa do rio São Francisco foram então objeto de grande valorização.
As imagens foram incluídas em outras publicações, como o livro Brésil (em parceria com Pierre Verger e Antoine Bon, 1950), a revista de variedades Sombra (1951) e o periódico de arte e arquitetura Módulo (1955). O Cruzeiro chegou a produzir um brinde em forma de barco com carranca.Essas esculturas chamaram também a atenção de críticos e artistas. As exposições de arte popular organizadas em São Paulo e Salvador por Lina Bo Bardi (Bahia no Ibirapuera, 1959; Civilização do Nordeste, 1963; A mão do povo brasileiro¸ 1969), conferiram a elas um destaque especial.
As carrancas, cuja produção já estava se arrefecendo, começaram a ser retiradas dos barcos e disputadas por colecionadores. O próprio Gautherot reconhece, em seu texto para a revista Sombra, que a divulgação de suas fotos foi em parte responsável pelo espólio das embarcações do São Francisco. Paralelamente, começa a era das carrancas “não navegadas”, esculpidas não mais para os barcos, mas para marchands e colecionadores.
O modelo de embarcação com carranca em madeira exposto nesta sala é obra do mestre Guarany, o último grande escultor de figuras de proa do médio São Francisco. Foi realizado na década de 1970, quando há muito tempo as grandes barcas comerciais deixaram de navegar.
SALA 3
As carrancas são típicas da região do médio São Francisco e afluentes, um trecho extenso e facilmente navegável, de Pirapora a Juazeiro (mais de 1.300 km). Uma série de corredeiras, incluindo a cachoeira de Paulo Afonso, torna impossível a comunicação por barco com a última parte da bacia, de Piranhas à foz (pouco mais de 200 km).
Barcas de grande porte, destinadas ao comércio, são documentadas na região desde o fim do século XVIII. As maiores tinham mais de 30 metros de comprimento e eram empurradas por até 15 remeiros.
Por volta de 1945, as grandes barcas deixaram de ser construídas: o leito do rio progressivamente mais raso dificultava sua navegação; as leis trabalhistas do Estado Novo (1943) e a concorrência de embarcações mais modernas e ágeis as tornavam antieconômicas e obsoletas. O próprio mestre Guarany, o mais prestigiado escultor de carrancas, deixou de esculpir figuras de proa nessa época e passou a se dedicar a outros ofícios: marceneiro, juiz de paz, medidor oficial do nível do rio Corrente.
Nas fotos de Gautherot, tiradas em 1946, as barcas já dividem espaço com os vapores da Companhia de Navegação do São Francisco e com embarcações mais leves, movidas a vela, chamadas “canoas sergipanas”.
Embora se tenha notícia de que as primeiras figuras produzidas na região fossem ainda figuras humanas, logo a produção local se orientou para a representação de animais mais ou menos fantásticos, quase sempre figuras de cavalo ou de leão. Cachorros, pássaros, dragões, serpentes d’água (os míticos “minhocões”) ou figuras intermediárias, dificilmente reconhecíveis, são tipos mais raros.
Em geral, os cavalos se destinavam a embarcações menores, e eram esculpidos de maneira bastante realista. Os leões pertenciam às grandes barcas, e alguns deles conservam traços regulares e quase clássicos, como o leão com penacho de uma coleção particular e o da coleção Burle Marx, presentes nesta sala. Outros incorporam elementos humanos (nariz, orelhas, sobrancelhas, bigode) e fantásticos.
SALA 4
No decorrer das pesquisas, nove carrancas fotografadas por Gautherot foram identificadas em coleções públicas ou privadas. Sete delas foram incluídas na exposição: a Minas Gerais (sala 1) e as seis presentes nesta sala.
A comparação entre a peça e as fotos permite colher informações importantes: a inclinação exata da peça, a pintura original, detalhes que foram modificados. À carranca do barco Itabajara, por exemplo, foi acrescentada uma barbicha e trocado o nariz. A do Museu Castro Maya era ornamentada com plumas.
Por outro lado, a presença física da escultura permite que se tenha uma ideia das dimensões da barca que a carregava.
SALA 5
Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany foi o mais importante escultor de carrancas. Foi também o mais longevo: nasceu em 1882 e morreu aos 103 anos, em 1985. Filho de Cornélio, um construtor de barcos em Santa Maria da Vitória, na Bahia, às margens do rio Corrente, em juventude foi “imaginário” (escultor de arte sacra). O crucifixo exposto nesta sala é obra juvenil.
Por volta de 1905, Guarany passou a esculpir carrancas. A da barca Americana, exposta nesta sala, é a terceira que produziu e a mais antiga remanescente. Remonta a 1907. Já apresenta os traços característicos de seu estilo, retomados mais tarde por outros escultores: boca aberta, entre sorriso e rosnado, lábios desenhados por uma faixa contínua, orelhas alongadas, nariz proeminente, bigode. A juba é desenhada por sulcos paralelos e já prefigura o penteado “em corda”, que se encontra em muitas das carrancas mais antigas (como a do Museu Castro Maya ou a do “leão com barbicha”, ambas na sala 4). Mais tarde (mas não sabemos exatamente quando), mestre Guarany introduziu um penteado mais solto, que foi retomado também por outros escultores.
O cavalo da coleção Burle Marx apresenta, na forma da boca e no bigode e, mais em geral, no aspecto feroz, traços que são comuns para os leões, mas raros nos cavalos. A autoria é anônima, mas esses detalhes sugerem autoria de Guarany.
Por volta de 1945, quando a construção das barcas chegou ao fim, mestre Guarany deixou de esculpir figuras de proa, dedicando-se a outras atividades. A repercussão da reportagem de Gautherot e a valorização das carrancas fizeram com que voltasse a se dedicar ao ofício em meados da década de 1950. A partir de então, até os últimos anos, produziu várias carrancas para colecionadores.
Levando em conta o novo destino das peças, mestre Guarany mudou de estilo nessa fase final. Feitas para serem vistas de perto, as esculturas são mais detalhadas (especialmente a boca e os dentes) e mais diversificadas. A cor passa a ter uma função importante (antigamente, o escultor chegava a entregar a peça sem cor, para ser pintada pelos barqueiros). Cada uma carrega um nome próprio e é assinada. Guarany recorre às mais variadas fontes, da arte indígena aos gibis e a fascículos didáticos sobre dinossauros, para inventar animais fantásticos sempre novos.
As melhores carrancas dessa fase são as produzidas até o começo da década de 1970, como as seis coloridas e assinadas expostas nesta sala. Outras apresentam traços semelhantes, mas não são assinadas, e não é possível atribuí-las com certeza a Guarany nem afirmar definitivamente se navegaram ou foram produzidas para colecionadores.
LINHA DO TEMPO
Séculos XVIII-XIX
Com a mudança da capital para o Rio de Janeiro em 1763, o Rio São Francisco deixa de ser a rota principal de escoamento de minérios . Desenvolve-se um economia regional baseada em criação de gado e agricultura de subsistência nas vazantes.
Diversos tipos de embarcações navegam os 1.328 quilômetros do trecho médio do rio São Francisco e também seus afluentes, entre as cidades de Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), movimentando a vida social e econômica da região.
As primeiras carrancas surgem nas proas de algumas barcas comerciais por volta de 1870.
1871
O primeiro barco a vapor do São Francisco, batizado de Saldanha Marinho, inicia suas atividades.
1882
Nasce Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, em Santa Maria da Vitória, Bahia.
Desde cedo, torna-se ajudante de carpintaria e marcenaria na oficina de seu pai. Na juventude, trabalha também como imaginário, fazendo santos, figuras de presépio, altares e pequenos oratórios.
1888
As figuras de proa de embarcações do rio São Francisco são citadas, pela primeira vez, em relatos de viajantes e oficiais da marinha brasileira responsáveis por mapear a região hidrográfica.
1901
Francisco Guarany esculpe sua primeira figura de proa para a barca Tamandaré, descrita por ele como sendo um “busto de negro ou de caboclo”. Quatro anos mais tarde, realiza a segunda figura de proa para a antiga barca Tamandaré, rebatizada de Nacional,já quea primeira peça esculpida por ele danificara-se.
1907
Francisco Guarany esculpe a carranca da barca Americana, sua terceira figura de proa.
Estima-se que tenha feito cerca de 80 carrancas para navegação.
Além de se tornar o carranqueiro mais respeitado da região, Guarany atua como juiz de paz e observador pluviofluviométrico do Ministério da Agricultura.
1909
Os primeiros registros iconográficos de carrancas nas barcas do São Francisco são publicados: uma litografia do século XIX e uma fotografia, supostamente da mesma época, ambas de autoria desconhecida, ilustram um livro sobre comércio marítimo e fluvial.
Imagem do século XIX de barca do São Francisco com figura de proa, publicada no livro Aspectos de um problema econômico, de Elpídeo de Mesquita.
Década de 1940
O Regulamento do Tráfego Marítimo (1940) e a Consolidação das Leis Trabalhistas (1943) instituem novas normas para o trabalho marítimo e fluvial, garantem direitos aos remeiros e preveem multas pesadas para infrações.
1944
Embarcações movidas a vela, mais leves e ágeis, chamadas de canoas sergipanas, chegam ao trecho médio do rio São Francisco e aceleram o desaparecimento das barcas, pesadas e custosas.
As carrancas das velhas barcas são abandonadas nas margens do São Francisco.
Com a extinção das barcas, Francisco Guarany interrompe a produção de carrancas.
1946
Marcel Gautherot e Pierre Verger percorrem o litoral e o interior da Bahia. No trecho do médio São Francisco, fotografam o cotidiano da população ribeirinha. Gautherot registra cerca de 30 carrancas.
1947
A revista O Cruzeiro publica "Carrancas de proa do São Francisco", a primeira reportagem sobre as carrancas em revista de grande circulação, com fotografias da viagem de Marcel Gautherot. A matéria marca o início de um interesse crescente de estudiosos e colecionadores pelas peças.
1950
As fotografias de carrancas feitas por Marcel Gautherot durante a viagem pelo São Francisco são publicadas na França, no álbum Brésil: 217 photographies de A. Bon, P. Verger et M. Gautherot.
1951
A revista Sombra traz reportagem sobre as carrancas ilustrada com as fotografias de Marcel Gautherot.
As carrancas das antigas barcas passam a ser coletadas e vendidas.
Francisco Guarany é redescoberto e começa a fazer carrancas por encomenda de colecionadores. Estima-se que Guarany tenha esculpido cerca de 60 carrancas até 1972.
1954
Durante as comemorações do iv Centenário da cidade de São Paulo, é realizada uma primeira exposição de carrancas em um pequeno pavilhão no parque do Ibirapuera para abrigar dez peças adquiridas para a mostra.
1955
A revista Módulo publica a matéria intitulada “Carrancas de proa do rio São Francisco”, com fotografias de Marcel Gautherot e descrições dos tipos de embarcações que navegavam o trecho médio do rio.
1957
Os escultores Mário Cravo e Agnaldo dos Santos e o marchand Franco Terranova realizam viagem ao médio São Francisco em busca de carrancas e encontram a carranca feita por Afrânio que pertencera à barca Casa Vermelha, depois chamada de Minas Gerais. No retorno ao Rio de Janeiro, é realizada na Petite Galerie, em Copacabana, uma exposição com 13 carrancas recolhidas na viagem.
1959
Ocorre em Salvador, Bahia, uma exposição de carrancas organizada por Carlos Vasconcelos Maia e pelo poeta Jair Gramacho, no belvedere da Sé.
Lina Bo Bardi realiza a exposição Bahia no Ibirapuera sob a marquise do parque, junto ao edifício da Bienal, no período da v Bienal de Arte, para a qual reúne carrancas e peças de arte popular.
1963
Lina Bo Bardi expõe algumas carrancas na mostra de arte popular Civilização do Nordeste, organizada por ela no Museu de Arte Popular e Artesanatos da Bahia, no Solar do Unhão, em Salvador.
Vista da exposição Civilização do Nordeste, no Solar do Unhão, Salvador, Bahia.
1964
Lina Bo Bardi leva as obras apresentadas no ano anterior para Roma e organiza, na Galleria Nazionale, a mostra Civilização do Nordeste em Roma. A exposição foi censurada nas vésperas da abertura por ser considerada subversiva pela embaixada brasileira, sob o governo militar.
Montagem da exposição Civilização do Nordeste em Roma, na Galleria Nazionale, em Roma.
1965
O presidente da Companhia de Navegação do São Francisco encomenda duas carrancas de Francisco Guarany para decorar os dois primeiros empurradores da Companhia, então em construção. A partir dali, novos empurradores entram em tráfego portando peças de outros carranqueiros da região.
1968
Francisco Guarany recebe diploma de membro correspondente da Academia Brasileira de Belas-Artes.
1969
Para a inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand (Masp), na avenida Paulista, Lina Bo e Pietro Maria Bardi realizam a mostra A mão do povo brasileiro, que reúne algumas carrancas e figuras de proa.
1970
Uma mostra com seis carrancas da coleção de José Carvalho é apresentada no saguão do Banco Lar Brasileiro, no Rio de Janeiro. Carlos Drummond de Andrade entusiasma-se com a exposição e escreve o poema “Carrancas do São Francisco”.
1973
A revista O Cruzeiro publica “Carrancas, os mistérios descobertos”, primeiro artigo em que o engenheiro e professor Paulo Pardal apresenta os resultados da minuciosa pesquisa que empreende, à época, sobre as carrancas do São Francisco. Pardal ao percorrer a região, realiza inúmeras entrevistas, torna-se colecionador e amigo de Francisco Guarany.
1974
Paulo Pardal publica Carrancas do São Francisco, livro que é, até hoje, a maior referência sobre o assunto.
É realizado o filme As carrancas do rio São Francisco, dirigido por Júlio Heilbron.
1975
O MASP apresenta a exposição O Rio: Carrancas do São Francisco, reunindo carrancas de acervos públicos e coleções particulares, objetos utilitários recolhidos na região e fotografias documentais, além de imagens de Marcel Gautherot.
1977-1978
A representação brasileira do II Festival Mundial de Artes e Culturas Negras, sob responsabilidade de Clarival do Prado Valladares, leva à Nigéria 11 carrancas de Francisco Guarany, além de obras de outros escultores brasileiros.
Funda-se o Comité International pour l’Étude des Figures de Proue, em Paris, e apresenta-se, na inauguração, a i Exposição Mundial de Figuras de Proa, com obras de diversos países, entre elas 15 carrancas brasileiras. Carlos Drummond de Andrade ressalta, na crônica “A alma do navio”, o interesse provocado pelas carrancas de Francisco Guarany em Paris.
O poema “Águas e mágoas do rio São Francisco”, de Drummond, é publicado em Discurso de primavera e algumas sombras.
1981
Em comemoração ao centenário de Francisco Guarany, o Serviço de Documentação Geral da Marinha organiza Guarany: 80 anos de carrancas, uma grande exposição itinerante apresentada no Rio de Janeiro, em Brasília, em São Paulo, em Salvador, no Recife e em Petrolina.
Guarany recebe o prêmio de “artista revelação” da Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Guarany e sua esposa a caminho da abertura da mostra Guarany: 80 anos de carrancas, em Brasília.
1982
Em seu centenário, Francisco Guarany é condecorado com a medalha Tamandaré, do Ministério da Marinha, em cerimônia solene na prefeitura de sua cidade natal, Santa Maria da Vitória.
Drummond dedica-lhe o poema “Centenário”, publicado três anos depois.
O Masp apresenta obras de Guarany na mostra coletiva Um século de escultura no Brasil.
1985
Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany morre aos 103 anos de idade.
1994-1995
Carrancas de Guarany são mostradas na exposição coletiva itinerante Os herdeiros da noite: fragmentos de um imaginário negro, com curadoria de Emanoel Araújo, em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte.
2000
O módulo de arte popular da Mostra do Redescobrimento: Brasil + 500 traz um conjunto de carrancas.
2010
Realiza-se a mostra O triunfo das carrancas, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com 35 carrancas de acervos particulares e públicos, 11 delas navegadas, e 60 fotografias de Marcel Gautherot.
ROOM 1
Most civilizations have cultivated the habit of adorning vessels with carved figures. In general, these figures played double roles: making it easier to identify the vessel and protecting it from evil spirits and sea monsters. In 18th and 19th centuries, large sailboats docked on the Brazilian shores, carrying this type of sculptures. The 2-meter female figure exhibited in this room most certainly belonged to one of those cruise ships, which was dismantled in 18th century in Brazil. It is a remarkably elegant and refined piece, possibly of European origin.
The other female figure comes from Brazil. It belonged to a small vessel, the brig-schooner Laura II, where a slave uprising took place in 1839. Therefore, this piece should be prior to this date. It is a fine example of an European style adaptation by local artists.
Many other prow figures were carved on the Brazilian shore. However, the most original and consistent production took place between 1870 and 1945 on the middle stretch of the São Francisco River. They were made for the large commercial boats that navigated along the region and that got together on special occasions, such as the Bom Jesus da Lapa religious procession. Marcel Gautherot took photos of these events. Initially known as “prow figures” or “boat lions”, their name gradually changed to “carrancas” [figureheads].
The sketch of a horse exhibited in this room belonged to a small vessel, probably a canoe. It was most certainly made by an amateur sculptor, perhaps the boat owner. Nevertheless, the other enormous carranca [figurehead] is a masterpiece by a well-known artist, the earliest recorded name and origin: Afrânio, from the town of Barreiras, in Bahia. This sculpture belonged to the largest vessel in the region, the Casa Vermelha, later renamed the Minas Gerais: over 30-meters in length, and with sophisticated finishes, such as glass windows in the stern cabin.
So far only a handful of sculptures have been attributed to Afrânio. These pieces display peculiar characteristics: undulated lines, prominent eyes and, in general, features that suggest an Easter influence. In fact, during the colonial and monarchical period, and until the First Republic, there was an intense trade between Brazil and China that was important for the states of Bahia and Minas Gerais, and which influenced their local artists.
Another sculpture, which has been attributed to Afrânio, is displayed in this exhibition: a lion (ROOM 3). In the photos taken by Hans Gunter Flieg for the exhibition A mão do povo brasileiro [The Hand of the Brazilian People] (ROOM 2), you can see a “horse”, similar to the one on the Minas Gerais, which was also made, probably, by Afrânio.
ROOM 2
In the 1940s, the photographers Pierre Verger and Marcel Gautherot travelled along the shore and interior of Bahia, producing a rich documentary material. Gautherot, in particular, took photos of a large number of figureheads. The publication of these photographs in O Cruzeiro magazine,in 1947, awakened the interest of researchers and the general public. Due to its formal quality, and unprecedented phenomenon in other countries, the prow figures of the São Francisco River became much appreciated.
Gautherot’s images were also included in other publications, such as the book Brésil (a collaboration with Pierre Verger and Antoine Bon, 1950), the variety magazine Sombra (1951) and the art and architecture journal Módulo (1955). O Cruzeiro magazine even produced a free gift in the shape of boat adorned with a figurehead.These sculptures aroused the interest of critics and artists at the time. Curated by Lina Bo Bardi, popular art exhibitions, displaying figureheads, were held in São Paulo and Salvador (Bahia no Ibirapuera [Bahia in Ibirapuera], 1959; Civilização do Nordeste [North-eastern Civilization], 1963; A mão do povo brasileiro [The Hand of the Brazilian People], 1969).
As the production of figureheads decreased, these pieces started to be removed from boats and were coveted by collectors. In his article for Sombra magazine, Gautherot admitted that he was partially responsible for the looting of the São Francisco River figureheads. At the same time, “non-waterborne” figureheads were commissioned by art dealers and collectors.
The model boat adorned with a wooden figured displayed in this room was made by master Guarany, the last great sculptor of prow figures of the middle São Francisco River. It was made in the 1970s, when the large commercial boats had long stopped navigating the São Francisco River.
ROOM 3
Carrancas [figureheads] are typical of the region of the middle São Francisco River and its tributaries, a very long, easily navigated, stretch of river, from Pirapora to Juazeiro (more than 1,300 km). Further ahead the valley, a series of rapids, including the Paulo Afonso waterfall, make boat communication impossible with the last part of the basin, from Piranhas to Foz (just over 200 km).
Large trading vessels have been documented in that region since the end of 18th century. The largest were 30 meters long and were rowed by 15 oarsmen.
By 1945, the large vessels had become obsolete and stopped being built. This is due to the riverbed becoming progressively shallow, difficult to navigate, the labor laws of the new political regime Estado Novo (1943) and the competition of faster and more modern vessels. Even master Guarany, the most renowned figurehead sculptor, stopped carving prow figures and started working as a carpenter, a justice of the Peace and a pluvial-fluvial measurer.
In the photos taken by Gautherot, in 1946, you can see the old large boats sharing the river with the steamboats of the São Francisco Navigation Company and with lighter sailboats known as “Sergipean [from the state of Sergipe] canoes”.
According to the earliest records, the first figures made in the region were human figures, but soon this changed to animal figures and more or less fantastic figures, usually horse or lion figures. Dogs, birds, dragons, sea serpents (the mythical “minhocões”) or intermediate figures, which are difficult to define, are usually rare.
In general, horses were made for smaller vessels, and were carved in a rather realistic way. Lions adorned the large vessels; some of them presented regular, almost classic features, such two lions that you can see in this room: the private collection’s lion with crests and the Burle Marx collection’s one. Other figureheads incorporate human elements (nose, ears, eyebrows, moustache) and fantastic ones.
ROOM 4
During the researches for this exhibition, we were able to identify nine figureheads, from public and private collections, which had been photographed by Gautherot. Seven of these figures were included in the exhibition: Minas Gerais (ROOM 1) and the six displayed in this room.
By comparing the pieces and the photos, it is possible to collect important information: the exact inclination angle of the piece, the original paint used, details that had been changed. A nose and goatee, for instance, have been added to the Itabajara figurehead, and plumes have been later inserted into the figure that belongs to the Castro Maya Museum.
Furthermore, the physical presence of the sculptures allows you to have an idea of the size of the vessel that used to carry it.
ROOM 5
Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany was the most important sculptor of figureheads. He was also one of the longest-lived artists: he was born in 1882 and died at 103, in 1985. Guarany was the son of Cornélio, a boat builder from Santa Maria da Vitória, in Bahia, situated on the riverbanks of the Corrente River, and in his youth he was an “image maker”, a sculptor of sacred art. The crucifix displayed in this room was made in his youth.
At around 1905, Guarany started carving figureheads. The Americanaboat’s figurehead, exhibited in this room, is his third piece and the oldest known. It was made in 1907 and already shows features which are characteristic of his style, and which later would later be copied by other sculptors: a gaped mouth, something between a smile and a snarl, lips consisting of a continuous line, elongated years, a prominent nose, a moustache. The mane is outlined by parallel grooves, displaying a “string-like” hairdo, which is found in several older figureheads (such as the one that belongs to Castro Maya Museum or the “lion with goatee”, both displayed in ROOM 4). Later (no one knows exactly when), master Guarany introduced a hair down style, which was also copied by other sculptors.
The horse that belongs to the Burle Marx collection presents some ferocious features — particularly in the shape of the mouth and moustache — which are generally associated with lions, not horses. This piece of unknown authorship has details suggesting that Guarany could have carved it.
By 1945, when boats stopped being built, master Guarany stopped carving prow figures and took up other activities. With the repercussion of the article by Gautherot and the increased appreciation of the figureheads, Guarany resumed his figurehead production in the 1950s. From then onwards, until his final years, he made several figureheads commissioned by collectors.
Bearing in mind the destination of these new pieces, master Guarany changed his style in this later phase of his artistic life. As these pieces were going to be seen at a close distance, they feature more details (particularly the mouth and teeth) and they are more diversified. Color plays an important role in these new pieces (in the past, the sculptor wont deliver a piece without any color, to be painted by the boat owner). Each one of these new pieces has a name and it is signed by the artist. Guarany looked for inspiration in indigenous art, comic books and course books about dinosaurs to create new fantastic animals.
The best figureheads from this phase were produced before the beginning of the 1970s. Six of these painted and signed pieces are displayed in this room. There are other figureheads with similar features, but the artist does not sign them and they could not be attributed to Guarany, nor could one for sure say that they were commissioned for boat owners or collectors.
TIMELINE
- 18th and 19th Centuries
In 1763 Rio de Janeiro becomes the capital of Brazil and the São Francisco River stops being the main route to transport ore. The local economy consists of cattle rearing and subsistence farming.
Different types of vessels navigate the 1,328 kilometers of the middle stretch of the São Francisco River and also its tributaries, between the towns of Pirapora (MG) and Juazeiro (BA), boosting the social and economic life of the region.
The first figureheads appear on the bow of some commercial boats around 1870.
- 1871
The Saldanha Marinho, the first steamboat, begins her activities in the São Francisco River.
- 1882
Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany is born in Santa Maria da Vitória, Bahia.
From a young age, he becomes an assistant in carpentry and woodwork in his father’s workshop. In his youth, he also works with sacred imagery, making saints, nativity scenes, altars and shrines.
- 1888
Prow figures on vessels in the São Francisco River are cited, for the first time, in travel journals and in reports from Brazilian navy officials assigned to map out the hydrography of the region.
- 1901
Francisco Guarany carves his first prow figure for the Tamandaré boat, a “bust of a negro or a caboclo” as described in his own words. Four years later, he makes the second prow figure for the former Tamandaré boat, now renamed the Nacional,because the first figurehead had been damaged.
- 1907
Francisco Guarany carves his third prow figure for the Americana boat.
It is estimated that he made eighty waterborne figureheads up to the 1940s.
Besides becoming the most respected figurehead sculptor in the region, Guarany also works as a justice of the Peace and as pluvial-fluvial measurer for the Ministry of Agriculture.
- 1909
The first iconographic records of figureheads on the São Francisco boats are published: a 19th century lithograph and a photograph, suposedly from the same era, both by unknown authors, illustrated the book on maritime and fluvial commerce.
19th century image of a São Francisco boat with a prow figure published in the book Aspectos de um problema econômico [Aspects of an Economic Problem] by Elpídeo de Mesquita
- The 1940s
Maritime Traffic Regulation (1940) and the Consolidation of Labour Laws (1943) institutionalize new norms for maritime and fluvial work, which grant rights to oarsmen and set heavy fines for offences.
- 1944
Sail boats, which are lighter and more agile, the so-called “Sergipean [from the state of Sergipe] canoes”, appear on the middle stretch of the São Francisco River and accelerate the disappearance of the old boats, now considered heavy and expensive.
The figurehead of the old boats are abandoned on the São Francisco River banks.
With the decline of boat navigation, Francisco Guarany interrupts his production of figureheads.
- 1946
Marcel Gautherot and Pierre Verger travel along the shore and interior of Bahia. While sailing along the middle of the São Francisco River they photographed the daily life of the riverside population. Gautherot took photos of approximately 30 figureheads.
- 1947
O Cruzeiro magazine publishes "Carrancas de proa do São Francisco" [Prow Figureheads of the São Francisco River], the first article about the figureheads to be published in a wide circulation magazine, including travel photos by Marcel Gautherot. This article marks the beginning of a growing interest in these pieces by scholars and collectors.
- 1950
The photographs of figureheads taken by Marcel Gautherot during his trip on the São Francisco River are published in France, in the album Brésil: 217 photographies de A. Bon, P. Verger et M. Gautherot.
- 1951
Sombra magazine publishes a piece about the figureheads with photos by Marcel Gautherot.
The figureheads from the old boats strat to be collected and sold.
Francisco Guarany is rediscovered and starts accepting commissions from collectors. It is estimated that he carved around 60 figureheads by 1972.
- 1954
The first exhibition of figureheads takes place during the commemoration of 400th anniversary of the City of São Paulo. It is held in a small pavilion in the Ibirapuera Park to house approximately ten figureheads specially purchased for this exhibition.
- 1955
Módulo magazine publishes an article entitled “Carrancas de proa do rio São Francisco” [Prow figureheads on the São Francisco River], with photos by Marcel Gautherot and descriptions of the types of vessels that navigate the middle stretch of the river.
- 1957
Sculptors Mário Cravo and Agnaldo dos Santos and art dealer Franco Terranova roam the middle São Francisco River in search of figureheads. They find a figurehead carved by Afrânio, which belonged to the Casa Vermelha boat, later called the Minas Gerais. Upon their return to Rio de Janeiro, they held an exhibition of 13 figureheads collected on the journey is held at the Petite Galerie, in Copacabana.
- 1959
An exhibition of figureheads, organised by Carlos Vasconcelos Maia and the poet Jair Gramacho is held at the Sé belvedere, in Salvador, Bahia.
Lina Bo Bardi organizes the exhibition Bahia no Ibirapuera [Bahia in Ibirapuera], which included figureheads and popular art pieces, in the park marquee, next to the Biennial building, at the 5th São Paulo Biennial.
- 1963
Lina Bo Bardi displays some figureheads at the popular art exhibition Civilização do Nordeste [North-eastern Civilization], at the Museu de Arte Popular e Artesanatos da Bahia [Museum of Popular Arts and Crafts of Bahia], in Solar do Unhão, in Salvador.
View of the exhbition of Civilização do Nordeste [North-eastern Civilization], in Solar do Unhão, Salvador, Bahia
- 1964
Lina Bo Bardi takes the exhibition pieces, which were displayed the previous year, to Rome where she curates the show Civilização do Nordeste em Roma [North-eastern Civilization in Rome] at the Galleria Nazionale. The exhibition is censored the day before it opens because the Brazilian Embassy, which is recently under a military regime, deems it subversive.
Display of the exhibition Civilização do Nordeste em Rome [North-eastern Civilization in Rome] at the Galleria Nazionale, in Roma.
- 1965
The President of the São Francisco Navigation Company commissions two figureheads from Francisco Guarany to decorate the first two company tugboats, under construction. From then ownards, new tugboats enter service, carrying pieces made by other local figurehead sculptors.
- 1968
Francisco Guarany becomes a member of the Brazilian Academy of Fine Arts.
- 1969
Lina Bo and Pietro Maria Bardi curate the exhibition A mão do povo brasileiro [The Hand of the Brazilian People], including some figureheads and prow figures, for the inauguration of the new building of the São Paulo Museum of Art (MASP), in Paulista Avenue.
- 1970
An exhibition of siex figureheads from José Carvalho’s collection is displayed in the atrium of the Banco Lar Brasileiro [Brazilian Home Bank], in Rio de Janeiro. Brazilian poet Carlos Drummond de Andrade is thrilled by the exhibition and writes the poem “Carrancas do São Francisco” [Figureheads of the São Francisco River].
- 1973
O Cruzeiro magazine publishes the article “Carranvas, os mistérios descobertos” [Figureheads, the Solved Mysteries], the first article in which the engineer and professor Paulo Pardal presents the detailed research on the São Francisco River figureheads. Pardal travels throughout the region, conducting several interviews. He becomes a collector and befriends Francisco Guarany.
- 1974
Paulo Pardal publishes Carrancas do São Francisco [Figureheads of the São Francisco River], which until today has been a major reference on the matter.
The film As carrancas do rio São Francisco [The Figureheads of the São Francisco River] directed by Júlio Heilbron, is released.
- 1975
The São Paulo Museum of Art (MASP) presents the exhibition O rio: carrancas do São Francisco [The River: Figureheads of the São Francisco] displaying figureheads from public archives and private collections, utensils gathered in the region and documentary phtographs, as well as some images by Marcel Gautherot.
- 1977-1978
Clarival do Prado Valladares curates Brazil’s participation at the 2nd World Festival of Black Art and Culture and takes 11 figureheads by Francisco Guarany, as well as other works by other Brazilian sculptors, to Nigeria.
The Comité International pour l’Étude des Figures de Proue [The International Committee for the Study of Prow Figures] is founded in Paris, and the 1st World Exhibition of Prow Figures takes place, including works from diferente countries, and 15 figureheads from Brazil. In his article “A alma do navio” [The Ship’s Soul], Carlos Drummond de Andrade highlights the intereted in the figureheads by Francisco Guarany at the Paris exhibition.
The poem “Águas e mágoas do rio São Francisco” [Waters and Woes of the São Francisco River] by Drummond is published in his book Discurso de primavera e algumas sombras [Spring Speech and Some Shadows].
- 1981
To celebrate Francisco Guarany’s 100th birthday, the Navy General Documentation Service organizes Guarany: 80 anos de carrancas[Guarany: 80 Years of Figureheads], a large travelling exhibtion shown in Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Salvador, Recife and Petrolina.
Guarany is awared the “Revelation Artist” Prize by the São Paulo Arts Critics Association.
Guarany and his wife on their way to the opening of the exhibtion Guarany: 80 anos de carrancas [Guarany: 80 Years of Figurehead], in Brasília
- 1982
On his centenary, the Naval Ministry awards Francisco Guarany the Tamandaré medal in a solemn ceremony at his birthplace, Santa Maria da Vitória.
Drummond writes the poem “Centenário” [Centenary] for him, published three years later.
The São Paulo Museum of Art (MASP) displays Guarany’s works at the collective exhibition Um século de escultura no Brasil[ACentury of Brazilian Sculptures].
- 1985
Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany dies at 103.
- 1994-1995
Some of Guarany’s figureheads are shown in a travelling exhibition Os herdeiros da noite: fragmentos de um imaginário negro [Heirs of the Night: Fragments of Black Imaginary] curated by Emanoel Araújo, in Brasília, São Paulo and Belo Horizonte.
- 2000
The Popular Art Section of the Mostra do Redescobrimento: Brasil + 500 [The Rediscovery Exhibition: Brazil +500] exhibits a set of figureheads.
- 2010
The exhibition O triunfo das carrancas [The Triumph of the Figureheads] takes place at the Centro Cultural Correios, in Rio de Janeiro, which includes 35 figureheads from private and public collections, 11 of these waterborne, and 60 photographs by
EVENTOS
Abertura da exposição e visita guiada com o curador
5 de dezembro de 2015, sábado, 17h