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Espelho interior: fotolivros e o autorretrato contemporâneo

Espelho interior: fotolivros e o autorretrato contemporâneo reúne 12 fotolivros que exploram as múltiplas dimensões da autorrepresentação fotográfica na contemporaneidade. Em diálogo com a série Somnyama Ngonyama, de Zanele Muholi, a exposição propõe uma reflexão sobre identidade, corpo, memória e transformação por meio de obras que atravessam o íntimo, o político e o performático. De narrativas marcadas pela luta antirracista e pelos processos de transição de gênero às investigações sobre o tempo, o silêncio e o olhar feminino, os autorretratos aqui apresentados subvertem a lógica da selfie e da exposição instantânea, convidando a um mergulho profundo nas potências da autoficção e da autoimagem como forma de resistência.

Imprensa (11) 3371-4455 | comunicacao@ims.com.br
Curadoria
Equipe da Biblioteca de Fotografia

Visitação


São Paulo, 2025

Espelho interior: fotolivros e o autorretrato contemporâneo
26/4 a 20/7/2025

IMS Paulista
Biblioteca - 1º andar
Avenida Paulista, 2424, São Paulo/SP - Brasil
Entrada gratuita. Terça a domingo e feriados das 10h às 20h (fechado às segundas). Última admissão: 30 minutos antes do encerramento.

Classificação indicativa
Esta exposição contém imagens de nudez que podem ser consideradas sensíveis para menores de 12 anos.

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Livros em exibição


Dizer o silêncio, de Jane Batista

BATISTA, Jane. Dizer o silêncio. Fortaleza: Terra da Luz, 2023.

Uma jornada visual profundamente pessoal que explora a busca pela liberdade de expressão e emancipação do corpo. Por meio de autorretratos experimentais com materiais diversos, a artista brasileira utiliza a fotografia como instrumento de autoinvestigação e um meio de romper o silenciamento imposto ao seu corpo. A obra convida o espectador ao que a própria Batista descreve como seu “quarto dos horrores e das fantasias” – um espaço íntimo onde a arte funciona como potência criativa e emancipatória.

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Boca d’alma, de Lua Cavalcante

CAVALCANTE, Lua. Boca d’alma. Brasília: Estrondo!, 2020.

Uma narrativa visual e sensorial que documenta as transformações do corpo da artista após múltiplas cirurgias. Com imagens que combinam elementos cirúrgicos, autorretratos e diálogos imaginários, Lua Cavalcante recria processos de ruptura e reconstrução corporal utilizando seu próprio corpo, explorando os limites entre dor, anestesia e renascimento. O fotolivro funciona como um “manual de reconciliação” com o corpo narrador, permitindo a manifestação da dor sem ser dominada por ela.

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White Shoes, de Nona Faustine

FAUSTINE, Nona. White Shoes. Londres: MACK, 2021.

Com uma abordagem política e visceral, a artista norte-americana Nona Faustine revisita locais históricos da escravidão em Nova York. Posando nua, usando apenas um par de sapatos brancos como elemento simbólico, a artista coloca seu corpo como mediador entre passado e presente, visibilidade e apagamento. Suas imagens desafiam o apagamento da história negra e subvertem o olhar colonial sobre o corpo negro na arte ocidental. Ao ocupar espaços de leilões, cemitérios, ruas e portos com seu corpo nu, Faustine realiza um poderoso ato político que questiona a construção da memória coletiva.

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Sixsixsix, de Samuel Fosso

FOSSO, Samuel. Sixsixsix. Göttingen: Steidl, 2020.

Samuel Fosso radicaliza o autorretrato performático ao reunir 666 polaroides de si mesmo expressando uma ampla gama de emoções. Afastando-se de seus trabalhos anteriores, o artista africano, nascido em Camarões, adota uma abordagem mais contida, explorando sistematicamente todo o espectro de expressões faciais e corporais que seu rosto é capaz de manifestar. Contra um fundo simples, cada imagem revela uma expressão distinta, reforçando a conexão entre performance e fotografia. O número 666 evoca dualidades – sorte e azar, luz e sombra –, em um exercício de exaustão emocional e autoconhecimento visual.

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Queda livre e um segredo, de Gabz 404

GABZ 404. Queda livre e um segredo. Porto Alegre: Autopublicado, 2023

Fragmentada e não linear, a narrativa deste livro acompanha processos de transição de gênero e transformação pessoal. O fotógrafo brasileiro Gabz 404 utiliza o autorretrato para explorar mudanças corporais e subjetivas que transcendem definições fixas de identidade. A estrutura fragmentada do fotolivro reflete a própria natureza fluida e complexa das transições, sugerindo que a jornada de autodescoberta vai além de categorizações binárias.

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Lyle Ashton Harris, de Lyle Ashton Harris

HARRIS, Lyle Ashton. Lyle Ashton Harris. Nova York: Gregory R. Miller, 2002.

O norte-americano Lyle Ashton Harris utiliza polaroides para criar autorretratos performáticos em que assume diferentes personagens, incluindo figuras como Billie Holiday, Josephine Baker e “o Boxeador”. Por meio de múltiplas camadas e exposições, o artista desafia concepções tradicionais de masculinidade. Acompanhadas de um ensaio poético, as imagens funcionam como um espaço de exploração onde Harris investiga as intersecções entre performance, identidade, gênero e experiência racial.

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MARVEL, de Marvel Harris

HARRIS, Marvel. MARVEL. Londres: MACK, 2021.

Um documento da jornada íntima de Marvel Harris ao longo de cinco anos, explorando suas batalhas com saúde mental, aceitação corporal e identidade de gênero através de autorretratos. O livro apresenta imagens de momentos solitários do artista, ou acompanhados por sua rede de apoio, e fotografias em grande formato que revelam detalhes íntimos de seu corpo em transição – pelos, cicatrizes e outras transformações físicas. Em fotografias em preto e branco de alta carga emotiva, Harris utiliza o autorretrato como meio de expressão e conexão, traduzindo experiências autistas e íntimas em imagens que revelam vulnerabilidade

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Self-Portraits, de Yurie Nagashima

NAGASHIMA, Yurie. Self-Portraits. Nova York: Dashwood, 2020. 

A artista japonesa apresenta uma compilação de autorretratos que refletem as transformações em seu trabalho, seu equipamento e suas circunstâncias pessoais ao longo da carreira. Ao longo dos anos, sua prática evolui de uma crítica irônica à objetificação para uma abordagem mais engajada, influenciada por eventos como o acidente nuclear de Fukushima e a maternidade. A obra revela uma transformação estética e política, em que o corpo e a câmera são meios para tensionar expectativas sociais e afirmar uma subjetividade feminina complexa.

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Self-Image, de Mika Ninagawa

NINAGAWA, Mika. Self-Image. Tóquio: Match and Company, 2013.

Conhecida por suas cores vibrantes e estéticas exuberantes, Mika Ninagawa revela, em Self-Image, uma faceta mais introspectiva de seu trabalho. O livro reúne uma série de autorretratos que exploram o íntimo da artista com sutileza e profundidade. Longe dos cenários saturados que marcam sua produção mais famosa, Ninagawa constrói imagens que tensionam a relação entre a performance e a vulnerabilidade, convidando o leitor a uma experiência mais íntima, em que nuances da identidade e da subjetividade da artista japonesa emergem em composições silenciosas.

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A Woman I Once Knew, de Rosalind Fox Solomon

SOLOMON, Rosalind Fox. A Woman I Once Knew. Londres: MACK, 2024.

Reunião de autorretratos e textos autobiográficos criados por Rosalind Fox Solomon ao longo de cinco décadas, este livro oferece uma profunda reflexão sobre envelhecimento, consciência corporal e autoestranhamento e sobre as infinitas possibilidades de usar a si mesma como tema. Solomon investiga as transformações de seu corpo envelhecendo, documentando em detalhes pés, mãos, barriga, genitália e outras partes com franqueza e vulnerabilidade. Os textos revelam seus momentos de euforia, depressão e outros estados emocionais significativos que moldaram sua visão.

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Vênus: movimento 1 – Fascinação, de Val Souza

SOUZA, Val. Vênus: movimento 1 – Fascinação. São Paulo: Aziza, 2023

Em uma estrutura reminiscente de um livro infantil e valendo-se da arte da contação de histórias, o fotolivro organiza-se em duas partes complementares. Inspirada pela filosofia Adinkra Sankofa, que ensina que devemos retornar ao passado para compreender o presente, a primeira seção revisita a infância como território fundamental de formação identitária. Na segunda parte, a figura mitológica de Vênus emerge como elemento de contraposição crítica, estabelecendo um diálogo visual potente entre os autorretratos de Val Souza e recortes da pintura Fascinação (c. 1904), de Pedro Peres. Esse diálogo visual sugere conexões intrínsecas entre representações históricas e contemporâneas do corpo feminino negro, explorando temas de autoimagem, representações culturais e hiperssexualização. Entrelaçando o pessoal e o histórico, a artista cria um espaço para reflexão sobre identidade, herança e transformação.

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Tender, de Carla Williams

WILLIAMS, Carla. Tender. Oakland: TBW, 2023.

Temas como intimidade, vulnerabilidade e a experiência da mulher negra nos Estados Unidos permeiam este trabalho. Realizadas entre 1984 e 1999, as fotografias destacam a profundidade poética e a complexidade das autorrepresentações de Williams, que levam a reflexões sobre corpo, identidade e liberdade sexual, articulando dimensões pessoais e sociais da trajetória da artista. Seus autorretratos funcionam simultaneamente como afirmação pessoal e comentário social, numa combinação desarmante de ironia e intimidade, performance e delicadeza, refletindo o esforço da autora em obter controle criativo completo sobre sua autoimagem.

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