Exposição
Exposição encerrada
13/12/2016 a 23/04/2017
IMS Rio
Galeria principal
Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea - Rio de Janeiro/RJ
Horário
Terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 11h às 20h
Contato
(21) 3284-7400
[email protected]
A retrospectiva dedicada ao fotógrafo paulistano Otto Stupakoff (1935-2009), com curadoria de Bob Wolfenson e Sergio Burgi, reúne cerca de 300 fotografias, além de publicações e vídeos apresentando sua extensa produção, realizada entre 1955 e 2005. Seu acervo está sob a guarda do IMS desde 2008 e é composto por 16 mil imagens.
Pioneiro da fotografia de moda no Brasil, Stupakoff foi um dos fotógrafos brasileiros de maior projeção internacional. Além de ensaios de moda e retratos de celebridades internacionais do mundo das artes e da política, produzidos para revistas como Harper’s Bazaar, Life, Esquire, Glamour, Look e Vogue, Stupakoff, que passou a parte mais produtiva de sua carreira vivendo em Nova York e Paris, deixou conjuntos menos conhecidos de retratos, nus, instantâneos de rua, fotografias de suas incontáveis viagens pelo mundo – inclusive pelo Ártico – e experimentações no limite do abstracionismo.
Para contemplar toda a sua trajetória, a mostra se divide em quatro grandes temas: seus anos de formação e primeiros trabalhos nos anos 1950; os anos de 1960 a 1970 e sua colaboração com as principais revistas de moda do mundo, como a Harper's Bazaar e a Vogue francesa, além de retratos de personalidades como Jack Nicholson e Truman Capote; sua série de nus; e uma sala dedicada às viagens que fez.
Para o curador Sergio Burgi, “a obra de Stupakoff se associa com aquilo que Umberto Eco, no seu livro História da beleza (2004), definiu como a beleza inquieta do Renascimento, em que forma, proporção e equilíbrio convivem com estranhamento e inquietação. As incursões de Otto nas artes plásticas ao longo de toda a sua trajetória, particularmente por meio de suas colagens e assemblagens, em paralelo às suas fotografias de naturezas-mortas e construções imagéticas quase surrealistas, convivem com fotografias verdadeiramente icônicas, de grande beleza e encantamento. Destacam-se, em especial, as imagens do universo feminino e da infância, em retratos, nus, fotografias de viagens e registros de seu âmbito familiar e íntimo, concebidas e realizadas dentro de uma linguagem fotográfica que transita entre a modernidade e a pós-modernidade. Inquietude, imaginação, liberdade e beleza formam, assim, a matéria-prima essencial da obra de Otto Stupakoff.”
Curadoria
Bob Wolfenson
Sergio Burgi
Na Internet
expostupakoff.ims.com.br
#StupakoffNoIMS
Imprensa
(11) 3371-4455
[email protected]
Exposição encerrada
13 de dezembro de 2016 a 23 de abril de 2017
Terças a domingos e feriados (exceto segundas), das 11h às 20h.
IMS Rio
Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea - Rio de Janeiro/RJ
Depoimentos sobre Otto Stupakoff
Otto Stupakoff e sua obra em depoimentos de Bob Wolfenson, Sergio Burgi e Thomaz Souto Corrêa, além de trechos de entrevista com o próprio fotógrafo e imagens que integram a exposição em cartaz no IMS-RJ.
Stupakoff se interessou pela fotografia ainda criança, aos oito anos de idade, quando ganhou uma câmera do pai. Aos 15 anos, morando em Porto Alegre, realizou o curta-metragem Missão. Dois anos mais tarde, em 1953, embarcou para os Estados Unidos pela primeira vez, para estudar fotografia na Art Center School, em Los Angeles (atual ArtCenter College of Design, em Pasadena, Califórnia). Esse seu período de aprendizado coincidiu com a denominada década de ouro da fotografia na costa oeste americana, de 1945 a 1955, influenciando ativamente seus anos de formação. Vivendo na capital californiana, conviveu com o trabalho de grandes nomes, como o fotógrafo de arquitetura Julius Schulmann, o fotógrafo Edward Weston e Carmen Miranda – de quem se tornou amigo íntimo.
Em 1955, voltou ao Brasil e imediatamente abriu seu primeiro estúdio, projetado e construído por ele. Para Burgi, “o espaço, construído no distante sítio paterno, nos arredores de Porto Alegre, sintetizava e simbolizava sua visão, suas angústias e suas aspirações de jovem artista e fotógrafo em busca, a partir daquele momento, de um percurso criativo próprio”.
Um ano mais tarde partiu para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua prolífica carreira. Na virada da década de 1950 para 1960, fez o primeiro ensaio de moda do país, com a modelo Duda Cavalcanti, fotografada na casa de Heitor dos Prazeres e também nas praias cariocas. Essas imagens já evidenciavam os caminhos de liberdade, imaginação e beleza que buscaria ao longo de toda a sua carreira.
Após seu casamento com Catherine J. J. De Wit, com quem teve quatro filhos, mudou-se para São Paulo, onde construiu um estúdio-hangar para abrigar campanhas publicitárias de grande porte, como as da nascente indústria automobilística. Nesse momento, intensificou suas relações com a agência de publicidade Standard Propaganda e passou a fotografar grandes campanhas de moda para a empresa Rhodia. Um grande ensaio para a marca foi publicado como um encarte publicitário de 24 páginas na revista Manchete. Intitulado “A personalidade da moda para o inverno 1961”, foi o maior encarte sobre moda veiculado na imprensa no país até aquele momento. O trabalho teve enorme repercussão pelos retratos de personalidades, como Tom Jobim, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, Manabu Mabe, Millôr Fernandes e outros, fotografados em conjunto com as principais modelos da época e em seus ambientes de trabalho e criação.
No período que viveu em São Paulo, entre 1958 e 1964, Stupakoff estabeleceu também um forte vínculo com o circuito de artes e as vanguardas, em particular com o movimento Realismo Mágico, que se reunia em seu estúdio e era formado por Wesley Duke Lee, Maria Cecília Gismondi, Pedro Manuel-Gismondi, Carlos Felipe Saldanha e Thomaz Souto Corrêa. Dedicou-se a colagens e pinturas e produziu um trabalho fotográfico autoral fortemente influenciado pelo grupo. Participou também de happenings e instalações, ao lado de Duke Lee, como o Grande Espetáculo da Arte de 1963 no João Sebastião Bar, com exibição de um filme produzido e filmado por Stupakoff e Duke Lee no centro de São Paulo, com atuação de Maria Cecília. Em 1963, a Petite Galerie promoveu uma exposição individual de seu trabalho, sendo a primeira mostra de fotografias em uma galeria de arte no país.
Entre 1964 e 1965, mudou-se definitivamente para Nova York, onde ficou até 1972, rompendo com sua trajetória pessoal, familiar e profissional. Neste período, conheceu grandes nomes da fotografia e das artes visuais como Diane Arbus, Irving Penn, Richard Avedon, Duane Michals e Art Kane. Conheceu também John Szarkowski, famoso curador de fotografia do MoMA, e doou cerca de 40 fotografias para o museu. Em 1967, fez seu primeiro editorial de moda com Leslie Bogart para a Harper's Bazaar, a convite de Bea Feitler, conhecida diretora de arte da revista. A partir dele, viu sua carreira editorial se desenvolver significativamente, colaborando com publicações como Look, Esquire, Glamour e outras.
Sobre a convivência com esse circuito artístico Stupakoff escreveu: “A troca de ideias com pessoas criativas raramente é sobre um trabalho. Tive muitas conversas com a Bea Feitler e sua melhor amiga, Diane Arbus, durante jantares em nossos estúdios, em que fotografia jamais fazia parte do assunto da nossa conversa. Criatividade não significa ter um montão de ideias novas, boas ou repelentes, senão sensibilidade. Diane Arbus me telefonou quando voltei de uma viagem de volta ao mundo durante três meses, e me perguntou das fotografias que tinha feito. Triste e desapontado, disse que eram poucas as boas, umas dez, no máximo. Ela me disse: ‘Otto, que maravilha, às vezes a gente passa anos sem tirar nenhuma’. Isso é comunicação. Meu trabalho uma vez saiu junto com o do Richard Avedon na Harper's Bazaar. Eu não telefonei para felicitá-lo, que pretensão teria sido. Mas ele me ligou para me felicitar. Eu disse, humildemente que não gostava de todas, ao que ele respondeu: ‘Repare como as mais fracas dão ainda mais força às melhores’. Isso é conversa, troca de pensamentos, o resto é de uma intimidade onde ninguém penetra.”
Após essa prolífica temporada nos Estados Unidos, Otto seguiu para Paris, já casado com Margaretta Ingrid Arvidsson, miss Suécia e miss Universo em 1966, com quem teve dois filhos. Lá, contribuiu principalmente para a Vogue francesa, realizando editoriais de moda muito significativos, como o encarte especial sobre Baden-Baden, entre outros. A partir da capital francesa, intensificou seus deslocamentos por diversos países e continentes em editoriais variados, de moda, viagens e retratos de personalidades, para diversas publicações.
Enquanto realizava esses trabalhos comissionados, Stupakoff também desenvolveu um olhar fotográfico para sua intimidade, registrando suas viagens ao redor do mundo e sua família. Com uma estética mais próxima da street photography, registrou Saigon durante a Guerra do Vietnã, a Índia, o México, entre outros lugares. Retornou ao Brasil em 1976 e foi colaborador assíduo da revista Vogue, para quem produziu edições especiais sobre Jorge Amado e Xuxa. Desapontado com a pouca oferta de trabalho oferecida pelas agências no país, voltou a Nova York em 1980, onde atuou intensamente. Stupakoff voltaria definitivamente para São Paulo apenas em 2005.
Exposição encerrada.
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