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A flor de buriti

Direção

João Salaviza, Renée Nader Messora

Informações

Brasil, Portugal
2023. 125min. 12 anos

Formato de exibição

DCP

Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um brutal massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, os filhos dos sobreviventes são coagidos a integrar uma unidade militar, durante a ditadura brasileira. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô continuam a caminhar sobre a sua terra sangrada, reinventando a cada dia infinitas formas de resistência.

Companheiros de vida e trabalho, a cineasta paulista Renée Nader Messora e o cineasta português João Salaviza vivem próximos do povo Krahô – como os chamam os brancos – e atuam profissional, política e artisticamente junto a eles. Dessa colaboração, já havia saído o filme Chuva é cantoria na aldeia dos mortos, que foi vencedor do prêmio do júri da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes, em 2018. Em 2023, A flor de buriti recebeu o prêmio de Melhor Equipe, na mesma mostra. Elaborado a partir de um processo coletivo junto aos Krahô, o filme conta com a participação de Sonia Guajajara, atual ministra dos Povos Indígenas, e tem como corroteiristas os indígenas Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô e Henrique Ihjãc Krahô.

“O que eu e João temos é um tempo de convivência na comunidade que a gente filma, que nos permite ter uma leitura da realidade que está na nossa frente. É uma leitura engajada junto de uma escuta sensível, isso fez e faz com que a gente consiga errar menos”, comenta a diretora em entrevista à Veja São Paulo. “Só existem imagens no meu material bruto que eles (os Krahô) se sintam à vontade, que eles se reconhecem, confiem e acreditem. Nós (Renée e João) fizemos uma espécie de tradução e tentamos chegar a um lugar onde faça sentido para os não indígenas que irão assistir ao filme.”

Ao portal esquerda.net, Salaviza comenta: “No momento de filmar não temos referências. As poucas referências que temos são as do cinema indígena – há um grande filme que foi exibido aqui, na mostra de cinemas indígenas do Porto –, um filme feito por um coletivo de cineastas Maxakali, que é um outro povo que está em Minas Gerais. Há imensas dimensões que estão nesse filme e que nós, vendo esse filme, mais tarde percebemos que nós, por outros caminhos, também andávamos aqui atrás desse rasto, acho que é uma dimensão historiográfica que tem A flor de buriti, pensar uma historiografia feita nos termos Krahô.”

“Nós fomos parados na rua por um descendente de um dos que participou no massacre em 1940. Ele estava indignado e agressivo. E ficámos com medo. Ele dizia: ‘Vocês não têm fontes para falar sobre isso! Não há dados, não há bibliografia! O processo desapareceu. Quem são vocês para falar sobre isso?’ Houve algumas fontes, de um antropólogo dos anos 1970, que encontrou documentos que falavam, na altura, de 30 mortos. Mas nós falámos com parentes mais velhos do Hyjnõ e da Cru, a bisavó que sobreviveu ao massacre, e falam em 70-80 mortos. A questão é, então, como é que um filme traz a possibilidade de historiografar o passado dos Krahô. Porque a tradição Krahô obedece à memória oral, e, como essas coisas foram passadas para os avós e netos, como o Hyjnõ diz no filme, ‘foi preciso muito sangue para nós termos esta terra’”.

Depoimentos dos diretores João Salaviza e Renée Nader Messora extraídos dos portais Esquerda.net e Veja São Paulo.

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Cena de A flor de buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora

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