Em Wagu, uma pequena vila de pescadores da península de Ise-Shima, Matsumi, Mayumi e Masumi, três mulheres de gerações distintas, mergulham diariamente sem saber o que irão encontrar. Sem o auxílio de tanques de oxigênio ou ferramentas que potencializem a capacidade de permanecer debaixo da água, seus corpos são convocados a trabalhar no limite. Esses mergulhos são feitos no Japão há mais de dois mil anos pelas ama-san.
Nessa cultura, enquanto os homens se dedicavam à caça ou à pesca em alto-mar por longos períodos de tempo, as mulheres mergulhavam em busca de subsistência. O que coletavam no mar tornava-se negócio em terra. Em entrevista ao jornal Observador, a diretora portuguesa Cláudia Varejão conta que, se hoje essa profissão já não oferece estabilidade financeira, “nas décadas de 1960, 1970, elas ganhavam muito, muito dinheiro. Porque não pescavam só marisco e iguarias, mas também as ostras, que tinham as pérolas. Existia uma exportação gigantesca de pérolas do Japão para o resto do mundo. E elas eram muito ricas. A ama mais velha no filme tem duas casas compradas com o dinheiro dela. Os maridos de muitas ama, na história mais recente, não trabalhavam. Elas ganhavam tanto dinheiro… E isso é muito interessante, foi assim que reverteram o papel da mulher na sociedade japonesa. Elas ganharam o poder sem ser conflituosas. Não são mulheres feministas, nem sequer têm noção desse conceito. Elas são extremamente respeitadas. É uma oposição à gueixa, que é a mulher submissa. As ama são uma figura completamente à parte, são respeitadas, os homens prestam-lhe imenso respeito. E foi uma das coisas que me fascinou logo, como é que estas mulheres, num país como o Japão, têm tanto poder, são tão livres.”
“Olho para tudo aquilo com grande interesse e fascínio”, comenta a diretora, “como uma criança a olhar para algo que nunca viu. O Japão tem uma cultura muito diferente da nossa, e há uma forma de viver muito cuidada, muito cheia, com uma grande valorização de tudo. O prazer não está só na intimidade nem nas coisas claramente festivas, está em tudo. E isso atinge-se através do cuidado, do ritual, da calma como se faz e se observa as coisas a serem transformadas: a natureza a mudar, os filhos a crescerem, o fogo a acender, a luz a avançar. Talvez isso esteja impresso no filme, eu estou muito atenta a isso. O facto de eu não falar a língua, de não perceber à partida do que estão a falar, faz com que eu olhe sobretudo para os gestos. É um filme que está muito atento ao ritual, à repetição, como as pessoas se relacionam, o tipo de enquadramentos. São quadros mais fechados, movimentam-se com os gestos delas. [...] O filme acaba por resultar nesse retrato mais gestual.”
Em 2016, o longa recebeu os prêmios de Melhor Filme da Competição Portuguesa no Doclisboa; Melhor Filme da Competição Internacional – Extra Muros Competition do Pravo Ljudski Film Festival, em Sarajevo; Menção Especial do Júri do Festival de Karlovy Vary; e o Prémio Teenage no Porto/Post/Doc.
Em parceria com a produtora Terratreme, Ama-san será exibido com exclusividade no IMS. O filme chega ao Brasil com apoio do Instituto Camões e do Consulado de Portugal.
Entrevista completa da diretora Cláudia Varejão ao jornal Observador.
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Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
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