Ambientado na atual Helsinque, Folhas de outono conta a história de Ansa e Holappa, duas almas solitárias cujo encontro casual em um bar de caraoquê enfrenta vários obstáculos: de contatos perdidos a endereços errados, alcoolismo e um charmoso cachorro de rua.

O filme se soma ao conjunto a que chamam de “trilogia do proletariado”, de Kaurismäki, composto por Sombras no paraíso (1986), Ariel (1988) e A garota da fábrica de fósforos (1990). Em entrevista ao El País, o ator Jussi Vatanem, um dos protagonistas de Folhas de outono, comenta: “Para os atores, é ótimo que muitas das cenas sejam bastante trágicas, mas, ao mesmo tempo, possam ser engraçadas. Acho que é assim também na vida. Mesmo que sua vida seja dramática, ainda há algo de cômico nela.” Ao que a atriz e também protagonista Alma Pöysti complementa: "Acho que o humor é uma espécie de força básica na vida que nos ajuda a enfrentar os dias, especialmente na vida dos personagens de Kaurismäki".

Neste filme, Vatanem e Pöysti tiveram o desafio de trabalhar com um roteiro minimalista, sem ensaios prévios e com a exigência de fazer apenas uma tomada por cena. Sobre esse método, Pöysti diz: "A qualidade que você obtém com essa tomada única é extraordinária, porque ela se torna muito preciosa. Os momentos se destacam e se tornam extremamente honestos e puros. E pelo menos o que aprendi é que, quando você repete algo, há uma pequena camada de fingimento de que aquilo nunca aconteceu. E se você conseguir capturar tudo em um único take, terá momentos muito orgânicos e honestos. E você vai começando a gostar disso. Você fica obcecado em capturar esses instantes, persegui-los e acertar. Acho que passei de um pouco apavorada a absolutamente apaixonada por cada camada de trabalho."

Folhas de outono recebeu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes em 2023.

Íntegra da matéria no portal El País (em inglês)