Em contraste com a propaganda oficial da ditadura militar, que alardeava um país em expansão com a construção da rodovia Transamazônica, o filme de Jorge Bodanzky e Orlando Senna aponta para os problemas que a estrada traria para a região: desmatamento, queimadas, trabalho escravizado, prostituição infantil. Em uma obra que mistura documentário e ficção, uma pequena equipe de cinema vai à Amazônia rodar um filme com imensa liberdade formal. Um fio de enredo: um caminhoneiro, Tião Brasil Grande, interpretado por Paulo Cesar Pereio, encontra Iracema, e juntos percorrem parte da região amazônica, então zona de segurança nacional sob rígido controle militar, contracenando com moradores e interagindo com outros intérpretes.
“A primeira semente de Iracema germinou num posto de gasolina à margem da rodovia Belém-Brasília, em 1968”, relembra Bodanzky na biografia Jorge Bodanzky – O homem com a câmera, escrita por Carlos Alberto Mattos. “Enquanto esperava que o repórter da revista Realidade apurasse alguma coisa, fiquei dois dias observando a movimentação de caminhoneiros e prostitutas em torno do posto. A estrada ainda era de terra e as ‘Iracemas’ e ‘Tiões’ estavam todos ali”.
“Tínhamos um roteiro-guia, que não era mostrado aos atores. Explicávamos a situação, dizíamos o que não poderia deixar de ser falado, e os deixávamos à vontade diante da câmera. Edna, por exemplo, tinha uma ideia básica da situação de Iracema na cena, mas não sabia exatamente o que Pereio ia dizer ou perguntar. Tinha que reagir à sua maneira. E ela, muito brincalhona e irônica, geralmente se saía bem das provocações. O momento em que Pereio a expulsa do caminhão é exemplar dessas virtudes da improvisação. [...] Ao lidar com não atores, é complicado cortar para fazer contracampos, closes etc., pois isso retira toda a naturalidade. Faço, então, com que a câmera costure a ação, de certa forma me antecedendo à montagem. O hábito fez dessa a minha maneira de dirigir. Eu quero contar a história com a câmera, vou empurrando minhas personagens com a minha câmera. É como se estivesse roteirizando, decupando, filmando e montando ao mesmo tempo”.
Realizado em 1974 para a ZDF, emissora de TV alemã, Iracema, uma transa amazônica retrata uma viagem da inocência à desintegração, da comunidade indígena mais isolada à periferia das grandes cidades. O filme, que ficou proibido pela censura no Brasil durante seis anos, teve uma boa repercussão de público e crítica internacionalmente desde sua estreia, em fevereiro de 1975, na ZDF. Foi premiado em festivais estrangeiros e convidado para a Semana da Crítica, do Festival de Cannes em 2016. Quando liberado no país, em 1980, foi premiado nas categorias Melhor Filme, Montagem, Atriz e Atriz Coadjuvante no Festival de Brasília.
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