Em Luz nos trópicos, a cineasta e multiartista Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredados por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às populações nativas do continente. Um rivermovie, filme de navegação, livre como um rio sinuoso.
“O filme foi se transformando ao longo de 15 anos, porque a primeira versão do roteiro foi de 2003 e o nome também é de 2003”, conta a cineasta em entrevista a Camila Macedo para o festival Olhar de Cinema. “Na realidade, quando eu comecei a fazer o filme ele estava muito mais ligado à própria ideia da fotografia, da história da fotografia. Muito inspirado pela história do Hercule Florence, que fez a descoberta isolada da fotografia no Brasil. Era uma ideia mais de pesquisa da própria imagem, que é um projeto que percorre todo o meu cinema. [...] Quando eu consegui materializar imagens e sons com essa equipe maravilhosa, eu já tinha colocado algumas das ideias do Luz em outros projetos. Então o roteiro também teve que ir se modificando. O roteiro também sofreu o processo da Paula amadurecendo como realizadora, do mundo se transformando. Não foi um roteiro que se congelou no tempo. Então meus interesses também foram se abrindo e também o Brasil foi… Não dá mais pra ter uma visão muito de observação. O Brasil também foi se transformando. Não é um cinema que pode se manter ligado apenas à questão da própria imagética. [...] Por isso que eu digo que é um filme que tá ainda em processo. É uma obra expandida. Tanto que outro dia eu sentei aqui pra começar a editar uma quarta parte. Eu não contei isso pro Vitor [Graize, produtor] pra ele não ficar nervoso. Eu senti essa necessidade vital. Não é gratuito.”
“É um filme brutal também. É um filme político, muito político. Ele não é exatamente político explícito, mas ao colocar na tela uma mulher Kuikuro, uma mulher indígena, a Kanu, uma das nossas protagonistas, fazendo um beiju na sua duração, é trazer de volta a importância dos gestos. Os primeiros gestos, aquilo que já foi esquecido. O tempo de produzir o alimento. No fundo é um filme materialista dialético. Ele tem uma base não só no contemplativo, não é uma questão estética, é o tempo mesmo tanto da personagem da Kanu quanto da personagem da Maíra [Senise], que é a escultora. É o tempo do fazer as coisas, o tempo do objeto, da realização da própria vida.”
Luz nos trópicos teve sua première mundial na mostra Forum do Festival de Berlim em 2020. No Brasil, no mesmo ano, recebeu o prêmio de melhor filme no 9º Olhar de Cinema – Prêmio de Melhor Filme. O elenco conta ainda com a participação dos artistas Paulo Nazareth e Arrigo Barnabé.
Entrevista da cineasta Paula Gaitán ao festival Olhar de Cinema (na íntegra) ►
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Vendas
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos no site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, mais informações abaixo.
Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.
Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.
IMS Paulista
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: toda quarta-feira, às 18h, são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.