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Luz nos trópicos

Direção

Paula Gaitán

Informações

Brasil
2020. 260min. 14 anos

Formato de exibição

DCP

Em Luz nos trópicos, a cineasta e multiartista Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredados por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às populações nativas do continente. Um rivermovie, filme de navegação, livre como um rio sinuoso.

“O filme foi se transformando ao longo de 15 anos, porque a primeira versão do roteiro foi de 2003 e o nome também é de 2003”, conta a cineasta em entrevista a Camila Macedo para o festival Olhar de Cinema. “Na realidade, quando eu comecei a fazer o filme ele estava muito mais ligado à própria ideia da fotografia, da história da fotografia. Muito inspirado pela história do Hercule Florence, que fez a descoberta isolada da fotografia no Brasil. Era uma ideia mais de pesquisa da própria imagem, que é um projeto que percorre todo o meu cinema. [...] Quando eu consegui materializar imagens e sons com essa equipe maravilhosa, eu já tinha colocado algumas das ideias do Luz em outros projetos. Então o roteiro também teve que ir se modificando. O roteiro também sofreu o processo da Paula amadurecendo como realizadora, do mundo se transformando. Não foi um roteiro que se congelou no tempo. Então meus interesses também foram se abrindo e também o Brasil foi… Não dá mais pra ter uma visão muito de observação. O Brasil também foi se transformando. Não é um cinema que pode se manter ligado apenas à questão da própria imagética. [...] Por isso que eu digo que é um filme que tá ainda em processo. É uma obra expandida. Tanto que outro dia eu sentei aqui pra começar a editar uma quarta parte. Eu não contei isso pro Vitor [Graize, produtor] pra ele não ficar nervoso. Eu senti essa necessidade vital. Não é gratuito.”

“É um filme brutal também. É um filme político, muito político. Ele não é exatamente político explícito, mas ao colocar na tela uma mulher Kuikuro, uma mulher indígena, a Kanu, uma das nossas protagonistas, fazendo um beiju na sua duração, é trazer de volta a importância dos gestos. Os primeiros gestos, aquilo que já foi esquecido. O tempo de produzir o alimento. No fundo é um filme materialista dialético. Ele tem uma base não só no contemplativo, não é uma questão estética, é o tempo mesmo tanto da personagem da Kanu quanto da personagem da Maíra [Senise], que é a escultora. É o tempo do fazer as coisas, o tempo do objeto, da realização da própria vida.”

Luz nos trópicos teve sua première mundial na mostra Forum do Festival de Berlim em 2020. No Brasil, no mesmo ano, recebeu o prêmio de melhor filme no 9º Olhar de Cinema – Prêmio de Melhor Filme. O elenco conta ainda com a participação dos artistas Paulo Nazareth e Arrigo Barnabé.

Entrevista da cineasta Paula Gaitán ao festival Olhar de Cinema (na íntegra) ►

Cena de Luz nos trópicos, de Paula Gaitán

Programação


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