“Eu filmo o exterior para olhar o interior”, disse certa vez Robert Frank sobre seu estilo. Em Mantenha-se ocupado, ao misturar documentário e ficção para criar um retrato surreal de um grupo de sobreviventes isolados numa remota ilha perto da Nova Escócia (onde Frank tem uma segunda casa), a frase parece fazer todo sentido. Fora esse fio de narrativa, tudo no filme passa por uma atmosfera de absurdo, adotando o grotesco beckettiano como modelo e a espontaneidade como gesto poético. A câmera acompanha os protagonistas em jogos verbais e interações muitas vezes sem sentido, caindo no nonsense, sem contudo criar simbologias. Frank e o codiretor Rudy Wurlitzer recusam qualquer tipo de explicação, mantendo a obra num estado suspenso de representação em que o “absurdo” está naquilo que as pessoas fazem ou têm de fazer para continuar suas vidas.

R$8 (inteira) e R$4 (meia). Vendas na recepção do IMS Paulista