Nas palavras de Kleber Mendonça Filho:
“Um estranho no lago (L’inconnu du lac), de Alain Guiraudie, surgiu em 2013 como uma descoberta e tanto de um realizador da região de Aix-en-Provence, França, que já havia mostrado traço pessoal no anterior Le roi de l’evasion (2009). A revisão de Hitchcock de Um estranho no lago, com um erotismo ainda incomum hoje na tela entre predador e presas, nos leva ao seu filme seguinte, Na vertical, no qual um impasse tenso entre predadores e presas sugere ilustração rica de um mundo encurralado, onde equilibramos dignidade, cidadania e senso de sobrevivência, tentando não dar um pio sequer.”
“Na vertical entra em cartaz logo após integrar a seleção 2017 do Festival Varilux, que tornou-se a principal vitrine diplomática, comercial e artística do Cinema Francês no Brasil, a cada ano atraindo número maior de público e de salas em todo o país. A Sala José Carlos Avellar, no IMS, faz parte do circuito já há 7 anos.”
“Na vertical, já insinuando no título a natureza fálica do filme em si, é claramente o título mais ousado da seleção do festival, e chega aos cinemas brasileiros como lançamento da Zeta Filmes, que vem ousando nos últimos anos em suas aquisições, e os apoiamos na nossa programação com muita freqüência.”
“Bem menos organizado do que seu thriller anterior, esse novo filme de Guiraudie lembra uma tela que vai sendo preenchida sob o capricho instintivo do realizador. Ele conta a historia de Leo (Damien Bonnard), um cineasta que isola-se no interior da França para escrever um roteiro novo. Ele envolve-se com uma fazendeira, Marie (India Hair), que divide a fazenda com os filhos e seu pai. O tempo é comprimido por Guiraudie, homens passam pela vida de Leo, as cobranças da vida prática entram em descompasso com a experiência natural de estar distante. Imagens de sexualidade oferecem marcação forte de realidade, as imagens têm força. Há animais em cena e um desfecho simbólico de efeito prolongado.”
Na vertical fez parte da seleção oficial do Festival de Cannes, em 2016.
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