Em seu primeiro trabalho em vídeo digital, Pedro Costa apresenta o cotidiano de Vanda Duarte, uma jovem que vive com dependência química e pouco contato com o mundo exterior, e seus vizinhos no bairro de Fontainhas, que enfrenta um processo de destruição. Próximo do fim do longa, Vanda declara:
“A vida só me tem dado desprezos. Morar em casas-fantasma que outras pessoas deixaram. Estive em casas em que nem uma bruxa queria lá morar. Mas também estive em casas que valiam a pena. Todas as casas que ocupei eram casas clandestinas. Foram casas que as pessoas abandonaram, mas, se estivesse lá uma pessoa de bem, eles até não mandavam abaixo. E olha, foi assim, casa atrás de casa. Já paguei mais pelas coisas que não fiz que pelas coisas que fiz.”
Um marco na carreira de Costa, o filme implicou na reelaboração da forma como o diretor fazia cinema e na estrutura mobilizada para produzir um filme. Em depoimento a Cyril Neyrat, ele comenta: “Havia um mundo externo de produção, de estrangeiros, que me incomodava. Eu queria estar lá com as pessoas, mas de outra maneira. E o cinema não passava no bairro, nenhum filme podia ser feito lá. Essa é a força de ‘Vanda’: era preciso encontrar um filme que não fosse um filme, pelo menos não como Ossos. […] Impúnhamos um aparato enorme a um bairro já explorado por todo mundo, que não precisava ser ainda mais explorado pelo cinema. Já há a polícia, o desemprego, a droga, os brancos…e o cinema? Além disso, uma filmagem tem um lado muito ‘policial’. Chegamos como a polícia, e depois nos vamos como a polícia.”
“Eu me libertava de um produtor, e agora me libertava ainda por cima do diretor de fotografia. […] Acontece que passei para vídeo por que é prático, mas em Vanda ou Juventude em marcha (2006), isso vai além do vídeo, é uma maneira de fazer um trabalho em imagens e sons.”
Depoimento de Costa concedido a Cyril Neyrat, disponível no livro que acompanha a edição em DVD de No quarto da Vanda na França (Nantes: Capricci, 2008). Os trechos aqui citados foram extraídos de um texto de Eduardo Escorel publicado no blog Questões Cinematográficas, em 2010.
Dia 17/12, no IMS Rio, haverá debate com diretor Pedro Costa e o crítico Juliano Gomes após a sessão das 16h30.
Dentro da programação do Festival do Rio, no dia 18, o diretor apresenta ainda seu mais recente longa-metragem, Vitalina Varela.
No quarto da Vanda + Debate com o diretor
17 de dezembro de 2019 após a sessão das 16h30 | IMS Rio
Após quase 20 anos do lançamento de No quarto da Vanda, o diretor Pedro Costa estará no Cinema do IMS Rio para exibir e conversar sobre o filme com o crítico Juliano Gomes, em sessão realizada em parceria com o Festival do Rio.
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
Os ingressos para as sessões de cinema do IMS são vendidos nas bilheterias dos centros culturais e no site ingresso.com.
IMS Paulista
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: a cada quinta-feira são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
IMS Rio
R$30 (inteira) e R$15 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 11h até o início da última sessão de cinema do dia, na recepção.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia.
De 10 a 19 de dezembro o cinema do IMS recebe o Festival do Rio que apresenta uma seleção de filmes estrangeiros e brasileiros, possibilitando ao público conhecer os premiados, os mais comentados, descobrir raridades, votar no melhor da Première Brasil, participar de debates, sessões especiais e palestras e oficinas no RioMarket.
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