Em uma entrevista com Joaquim Pedro de Andrade para a edição de 5 de maio de 1982 do Jornal do Brasil, o crítico José Carlos Avellar apresenta aquele que seria o último longa-metragem do diretor: “Montagem descontínua de cenas livremente imaginadas a partir da vida e dos livros de Oswald e de seus companheiros do Modernismo, da antropofagia e da poesia pau-brasil, este filme que Joaquim dedica a Glauber Rocha começou a nascer em 1969, ainda durante a filmagem de Macunaíma, quando a personalidade ‘desvairadamente polêmica’ do escritor começou a interessá-lo como um contraponto de Mário”.
“Dois atores, um homem e uma mulher, Flávio Galvão e Ítala Nandi, para representar Oswald – ‘não a figura dele, mas o que emanava dele’, como acentua o diretor –, os dois todo o tempo em cena, como se o protagonista tivesse duas imagens paralelas. Dois atores lado a lado para um personagem só. E um conjunto de cenas soltas. A rigor, não existe no filme uma história, algo que possa ser contado, mas sim um conjunto de ações soltas em torno da vida intelectual entre nós depois do Modernismo. Cenas soltas e desequilibradas, que se encontram só no idêntico tom de irreverência e descontinuidade.”
Ao fim da matéria, Joaquim Pedro comenta: “Eu me interesso de um tempo para cá em coisas que aparentemente não dão um filme. É uma provocação que a gente se faz para cair num terreno cheio de obstáculos, mas divertido e criativo. Foi um pouco assim que fiz o Oswald. Não estou mais interessado no cinema como instrumento, mas sim no cinema como objetivo. E, como Oswald, mais aberto, desarmado e solto na maneira de compor a conversa.”
Exibido no Festival de Brasília de 1981, O homem do pau-brasil recebeu os prêmios de Melhor Filme, Melhor Cenografia e Melhor Atriz Coadjuvante, para Dina Sfat.
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