Fernando, um ornitólogo solitário, desce um rio em um caiaque, na esperança de encontrar as raras cegonhas pretas. Absorvido pela paisagem, se distrai e é engolido pelas águas. Salvo por duas jovens chinesas em peregrinação a Santiago de Compostela, Fernando adentra uma floresta sombria e misteriosa na tentativa de voltar a onde partiu.
“Santo António é uma figura essencial e onipresente na cultura e sociedade portuguesas”, escreve João Pedro Rodrigues para o material de imprensa do filme. “Não obstante tratar-se do santo mais celebrado do mundo, a sua aura tem uma influência muito particular em Portugal, onde é o franciscano mais célebre. Tal deve-se provavelmente ao fato de ter nascido em Lisboa entre 1191 e 1195, onde foi batizado Fernando. E também porque, como tantos outros portugueses de renome, levou uma vida de viagem por terra e por mar. [...] Como todos, sei porque invocamos Santo António, em que ocasiões o celebramos e o que representa. Reconheço-o nas igrejas e na arte. Reconheço a sua presença em mim.
Tal reconhecimento constitui uma observação fria e objectiva, e não é de modo algum um sinal de religiosidade. Para os portugueses, Santo António é alguém com quem coexistimos, alguém com quem negociamos, alguém por quem por vezes mostramos simpatia, outras vezes aversão e outras, ainda, apenas curiosidade. Queria descobrir de que forma Santo António vivia dentro de mim. De início, comecei esta viagem sem qualquer pesquisa formal, apenas com as peças incompletas de um puzzle, sem grande preocupação de rigor. Sabia que Santo António tinha a capacidade de perceber todas as línguas; que tinha ressuscitado um jovem com um sopro mágico; que tinha pegado o Menino Jesus nos braços, um abraço que quis manter em segredo. Sabia do seu fascínio pela natureza e pelos animais; que tinha abdicado do seu passado aristocrático e da sua riqueza, guardando apenas o estritamente essencial, o seu conhecimento e erudição. Sabia que foi acolhido pelos franciscanos após o naufrágio no sul de Itália, e evidentemente conhecia a lenda do barco à deriva. Aliás, foi esta última imagem, este navio perdido, que veio a ser o ponto de partida para a minha história.
“Embora tenha usado algumas passagens do sermão de 1222 e alguns episódios reais da sua vida, a minha imaginação, juntamente com o João Rui Guerra da Mata, foi aos poucos tomando conta da escrita. É o espírito, a trajetória que insufla vida no filme e conduz Fernando à sua nova identidade.”
Por O ornitólogo, João Pedro Rodrigues recebeu o Leopardo de Ouro de Melhor Realizador no Festival de Locarno, em 2016.
Em parceria com o BrLab, o Cinema do IMS exibe O ornitólogo em uma sessão comentada. No dia 4 de outubro, o filme será projetado em volume baixo enquanto é discutido ao vivo pelo diretor João Pedro Rodrigues e pelo corroteirista João Rui Guerra da Mata. Esta sessão é recomendada para quem já assistiu ao filme. Portanto, o longa terá duas exibições anteriores, sem comentários.
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
Os ingressos para as sessões de cinema do IMS são vendidos nas bilheterias dos centros culturais e no site ingresso.com.
As bilheterias vendem ingressos apenas para as sessões do dia. No site, as vendas são semanais: a cada quinta-feira são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
IMS Paulista
Ingressos: R$15 (inteira) e R$7,50 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
IMS Rio
Ingressos: R$15 (inteira) e R$7,50 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 11h até o início da última sessão de cinema do dia, na recepção.
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