Conforme advertem os letreiros de apresentação, os únicos do filme, este “registro em seis rolos de celulóide são fragmentos do diário de um cinegrafista e representam uma experiência cinematográfica de comunicação de acontecimentos visíveis sem a ajuda de legendas intercalares, sem a ajuda de um roteiro, sem ajuda do teatro, sem cenário e sem atores. Esta obra experimental foi feita com a intenção de criar uma linguagem absolutamente cinematográfica e verdadeiramente internacional, baseada em um total afastamento das linguagens do teatro e da literatura.”
As preocupações estéticas e políticas que resultariam em O homem com a câmera já estavam presentes na Resolução do Conselho dos Três em 10/04/1923, texto do grupo formado por Vertov, seu irmão Phillip Kaufman e Elizaveta Svilova:
“Eis, cidadãos, o que vos ofereço em primeira mão, em lugar da música, da pintura, do teatro, do cinematógrafo e de outras efusões castradas.
No caos dos movimentos, o olho apenas entra na vida ao lado daqueles que correm, fogem, acodem e se empurram.
Um dia de impressões visuais escoou-se. Como recriar as impressões desse dia de um modo eficaz, num estudo visual? Se for preciso fotografar sobre a película tudo o que olho viu, será o caos. Se montarmos com uma certa ciência, o que foi fotografado ficará mais claro. Se jogarmos fora o supérfluo, ficará ainda melhor. Obteremos um resumo organizado das impressões visuais recebidas pelo olho comum.”
No mesmo texto, o Conselho defende: “O principal, o essencial, é a cinessensação do mundo.”
Em pesquisa feita pela revista Sight & Sound com 340 críticos, cineastas e programadores de cinema, o filme de Vertov é apontado como “melhor documentário de todos os tempos”. A cópia DCP exibida no Cinema do IMS foi restaurada pela Lobster Films em 2K, a partir de uma cópia de nitrato dos primeiros anos de lançamento do filme, levada à Europa no início da década de 1930 pelo próprio Vertov e preservada nos arquivos do EYE Filmmuseum, em Amsterdã.
[Tradução da Resolução do Conselho dos Três de Marcelle Pithon, in: A experiência do cinema, organização de Ismail Xavier, Graal/Embrafilme, 1983]
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Mais IMS
Programação
Nenhum evento encontrado.