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Arquivos, vídeos e feminismos

O acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir

IMS Paulista, 2023

Cartaz da mostra Arquivos, vídeos e feminismos: o acervo do Centro Audiovisual Simone de Beauvoir. Arte de Marcela Souza e Taiane Brito

Impulsionados pela emergência de equipamentos portáteis para captação de som e imagens no final da década de 1960, coletivos feministas franceses adotaram a produção de filmes e materiais audiovisuais como ferramenta de mobilização, difusão e aprofundamento de pautas. Fundado em 1982 pelas cineastas e militantes Delphine Seyrig, Carole Roussopoulos e Ioana Wieder, o Centro Audiovisual Simone de Beauvoir (CaSdB) é um arquivo audiovisual que reúne e preserva parte expressiva da produção realizada nesse contexto de ebulição social.

Nessa, que é a maior retrospectiva desse acervo já realizada no Brasil, serão apresentadas obras que buscaram registrar e intervir na realidade não apenas da França, mas de outros países, com uma seleção de filmes históricos e contemporâneos preservados no Centro. São imagens que apresentam conferências feministas, manifestos, greves e movimentos de trabalhadoras, reivindicações por diversidade sexual, retratos de personalidades, como Simone de Beauvoir, Angela Davis e Flo Kennedy, além de abordar temas densos e ainda urgentes, como guerra, democracia, estereótipos televisivos, aborto, abuso, prostituição.

Com curadoria de Barbara Alves Rangel, ex-programadora do Cinema do IMS e atual diretora-geral do Centro, a mostra tem início em julho e agosto, com uma grande seleção de filmes, e segue até janeiro de 2024, exibindo programas mensais.

Textos publicados no blog do Cinema do IMS:
Arquivos, vídeos e feminismos - por Barbara Alves Rangel ►
A falta de espaço para mulheres no espaço ou uma sociedade (de ficção) científica - por Juliana Fausto ►

Apoio

Dedicamos agradecimentos a Andrea Cals que em 2018 exibiu no IMS Paulista um recorte da mostra Século XXI: mulheres, ação, que apresentava parte deste acervo.


Programação de fevereiro

De 18 a 27 de fevereiro de 2024

IMS PAULISTA

18/2/2024, domingo
19h - Inês
Sessão com apresentação em vídeo de Patricia Machado

20/2/2024, terça
20h - Inês
Sessão com apresentação em vídeo de Patricia Machado

24/2/2024, sábado
18h - Gravidade zero

27/2/2024, terça
20h - Gravidade zero


Programação de janeiro

De 21 a 23 de janeiro de 2024

IMS PAULISTA

21/1/2024, domingo
18h30 - Anne-Gaëlle

23/1/2024, terça
20h - Anne-Gaëlle


Programação de dezembro

De 17 a 21 de dezembro de 2023

IMS PAULISTA

17/12/2023, domingo
20h - Não é preciso repetir a história

21/12/2023, quinta
20h - Não é preciso repetir a história


Programação de novembro

De 18 a 24 de novembro de 2023

IMS PAULISTA

18/11/2023, sábado
19h - Audre Lorde – Os anos em Berlim de 1984 a 1992

24/11/2023, sexta
20h - Audre Lorde – Os anos em Berlim de 1984 a 1992


Programação de outubro

De 7 a 12 de outubro de 2023

IMS PAULISTA

7/10/2023, sábado
18h30 - Jeanne Dielman

12/10/2023, quinta
18h - Jeanne Dielman


Programação de setembro

De 3 a 16 de setembro de 2023

IMS PAULISTA

3/9/2023, domingo
18h15 - A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85

10/9/2023, domingo
18h - Pela memória + Homenagem de Kate Millet para Simone de Beauvoir + Kate Millet fala com feministas sobre prostituição + Feminismo americano (Beauvoir e as quebequenses)

16/9/2023, sábado
16h30 - Pela memória + Homenagem de Kate Millet para Simone de Beauvoir + Kate Millet fala com feministas sobre prostituição + Feminismo americano (Beauvoir e as quebequenses)

 


Programação de agosto

De 1 a 23 de agosto de 2023

IMS PAULISTA

1/8/2023, terça
18h30 - Maso e Miso vão de barco
20h - A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85 + Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores

2/8/2023, quarta
18h30 - Profissão: ostreicultora + As trabalhadoras do mar
20h - Où est-ce qu’on se mai?

3/8/2023, quinta
18h30 - Transformações… em Mondoubleau + Os homens invisíveis
20h - Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana + A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner

4/8/2023, sexta
18h30 - A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária + SCUM Manifesto
20h - Carole Roussopoulos, uma mulher por trás das câmeras

5/8/2023, sábado
16h - Seja bela e cale a boca!
18h30 - É só não trepar! + Com a palavra, as prostitutas de Lyon

13/8/2023, domingo
17h - Delphine e Carole, insubmusas
18h30 - Trate de parir!

19/8/2023, sábado
18h - Trate de parir!

20/8/2023, domingo
18h - Young Lord + Genet fala de Angela Davis + Os veteranos do Vietnã + Greve na Jeune Afrique + A marcha do retorno das mulheres no Chipre

23/8/2023, quarta
20h - Young Lord + Genet fala de Angela Davis + Os veteranos do Vietnã + Greve na Jeune Afrique + A marcha do retorno das mulheres no Chipre


Programação de julho

De 26 a 30 de julho de 2023

IMS PAULISTA

26/7/2023, quarta
19h30 - A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85 + Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores
Sessão seguida de conversa com Barbara Alves Rangel, Glênis Cardoso e Rosane Borges

27/7/2023, quinta
18h - Où est-ce qu’on se mai?
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel

19h30 - Maso e Miso vão de barco
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel

28/7/2023, sexta
18h45 - Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana + A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel

20h30 - Delphine e Carole, insubmusas

29/7/2023, sábado
15h - Carole Roussopoulos, uma mulher por trás das câmeras
16h30 - Transformações… em Mondoubleau + Os homens invisíveis
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel

18h - Profissão: ostreicultora + As trabalhadoras do mar
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel

19h30 - Seja bela e cale a boca!

30/7/2023, domingo
18h - A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária + SCUM Manifesto
19h30 - É só não trepar! + Com a palavra, as prostitutas de Lyon


Filmes


Inês

Delphine Seyrig | França | 1974, 20', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 18 anos

Depois de saber, através de uma amiga brasileira, a atriz Norma Bengell, da prisão e das agressões cometidas contra Inês Etienne Romeu, ativista brasileira contra a ditadura, Delphine Seyrig decide denunciar sua prisão e os atos de tortura.
Inês Etienne Romeu foi presa em maio de 1971, em São Paulo, onde foi torturada e estuprada. Transferida para o Rio de Janeiro, foi condenada em 1972 à prisão perpétua e ficou presa em Bangu até 1979. Dois anos depois, Inês denuncia as torturas sofridas e especialmente o papel do médico Amílcar Lobo.

Em 2009, mais de três décadas após os depoimentos veiculados neste filme, ela recebe das mãos da então ministra Dilma Rousseff, na presença do presidente Lula, o Prêmio Direitos Humanos, na categoria Direito à Memória e à Verdade.

A exibição de Inês contará com uma apresentação em vídeo da pesquisadora Patrícia Machado.

 

Programação

IMS Paulista
18/2, domingo, 19h
Sessão com apresentação em vídeo de Patricia Machado

20/2, terça, 20h
Sessão com apresentação em vídeo de Patricia Machado


Gravidade zero

No Gravity
Silvia Yuri Casalino | França | 2011, 61', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Gravidade zero é um filme que transita entre a ciência e a ficção sob um ponto de vista queer e feminista. Três gerações de mulheres nos guiam através de três continentes, em busca de um fascínio comum pela exploração dessa última fronteira, quase banal, que é o espaço.

O filme abre com imagens da base de lançamento do Ariane 5, na floresta da Guiana Francesa. Depois, uma rã flutuando no espaço, plantas tropicais misturadas às maquetes tecnológicas da Cidade das Estrelas, em Moscou, uma iguana no papel do ciborgue de Donna Haraway, uma das entrevistadas no longa, e inacreditáveis imagens de arquivo de agências espaciais do mundo inteiro.

Casalino, que tentara ser astronauta sem sucesso, investiga neste filme de que forma essa carreira foi vinculada ao masculino, além de apontar para a representação de mulheres astronautas ao longo da história das imagens: “Sempre quis explorar lugares inacessíveis e perigosos”, comenta em depoimento disponível no acervo do CaSdB. “Quando criança, sonhava em ir para o espaço. Sempre ouvi dizer que era uma profissão de homens, que era melhor nem sonhar com isso. Não aceitei esse determinismo, me tornei engenheira aeronáutica, construí foguetes, me candidatei para ser astronauta, comecei a treinar e fui recusada. Passado o primeiro momento de raiva, tentei compreender por quê.”

 

Programação

IMS Paulista
24/2, sábado, 18h
27/2, terça, 20h


Anne-Gaëlle

Anne-Gaëlle
Agathe Simenel | França | 2014, 42', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Anne-Gaëlle fala sobre si mesma. Ela compartilha conosco suas fotos, suas memórias, sua relação com seu corpo e com sua identidade. Mãe de dois filhos, é graduada em ciência política e economia, trabalhou como executiva audiovisual e professora na Universidade de Toulouse. Ativista pelos direitos LGBT, pouco a pouco, revela alguns aspectos mais íntimos de sua história e de suas representações interiores.

 

Programação

IMS Paulista
21/1, domingo, 18h30
23/1, terça, 20h


Não é preciso repetir a história

Rien n'oblige à répéter l’histoire
Stéphane Gérard | França | 2014, 84', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

A revolta de Stonewall, símbolo da liberação homossexual, ocorreu em Nova York, em 1969. O filme se interessa pelas especificidades surgidas a partir desse episódio e tenta compreender como se transmite e perdura o vasto projeto de transformação que está na origem desse movimento. Sete conversas com representantes de instituições e iniciativas que abordam as políticas das minorias sexuais e a luta contra a epidemia da aids se cruzam para propor suas análises, contar suas tentativas e reunir seus ideais. Compartilhando um desejo de justiça e se inscrevendo nos campos dos arquivos, do vídeo, da militância ou da criação de espaços comunitários, esses projetos atravessam épocas: eles conservam lições do passado e lançam sobre o futuro um olhar utópico.

O trabalho do cineasta experimental Stéphane Gérard se debruça nas lutas políticas e na história das representações de gênero, orientação sexual, HIV/aids e pessoas racializadas. Em entrevista ao portal Neon em 2016, conta sobre sua motivação para buscar os arquivos e iniciativas norte-americanas: “Meu desejo de fazer esse filme veio do fato de que eu estava lutando para encontrar informações na França. Quando entendi que era gay, quando comecei a militar, não conseguia encontrar respostas para minhas perguntas. Eu queria saber de onde eu vinha para poder integrar essa identidade, que era diferente de uma identidade regional ou familiar. Eu estava potencialmente ligado a outra cultura e queria saber qual era sua história. Tive dificuldade para encontrá-la”.

“De qualquer forma, se não tivermos nossos próprios arquivos, não poderemos escrever a história a partir de nossa perspectiva, e o risco é que outra pessoa o faça a partir de outro ponto de vista. Um exemplo é a luta contra a aids nos EUA: entrevistei os cofundadores do Projeto de História Oral Act Up, para o qual eles foram ao encontro de ex-ativistas. O ponto de partida foi que, um dia, uma das pessoas por trás do projeto estava em seu carro ouvindo rádio e alguém começou a falar sobre a história da aids. A essência da história era que, assim que a doença surgiu, o governo começou a se envolver com o assunto e lançou mão de todos os meios para combatê-la. É claro que qualquer pessoa próxima aos círculos ativistas sabe que isso não é absolutamente verdade. Passaram-se anos até que Reagan pronunciasse a palavra ‘aids’ em público. Foi uma longa luta até que as bichas fossem protegidas da morte. Portanto, é importante deixar um registro dos motivos pelos quais os ativistas agiram, caso contrário podemos nos perguntar em que fonte se baseia a história que nos é contada na escola. A vida que temos hoje como minorias – gays, pessoas racializadas, mulheres etc. –, o que restará dela se não nos for permitido vivê-la? O que restará dela se ninguém preservar os arquivos de nosso trabalho?”

No Brasil, o Dezembro Vermelho, instituído por lei, marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV. No mundo, desde 1988, o dia 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

Entrevista do diretor Stéphane Gérard ao portal Neon (na íntegra, em francês) ►

 

Programação

IMS Paulista
17/12, domingo, 20h
21/12, quinta, 20h


Audre Lorde – Os anos em Berlim de 1984 a 1992

Audre Lorde – The Berlin Years 1984 to 1992
Dagmar Schultz | Alemanha | 2012, 79', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Um capítulo pouco conhecido da vida prolífica da poeta, ativista, mulher negra e lésbica Audre Lorde. Um período em que Lorde ajudou o movimento africano alemão a emergir e fez sua contribuição para o cenário político e cultural antes e depois da queda do Muro de Berlim e da reunificação alemã. Lorde inspirou as mulheres negras alemãs e as incentivou a escrever e publicar para afirmar sua identidade, seus direitos e sua cultura em uma sociedade que as isolava e silenciava, ao mesmo tempo que encorajou as mulheres brancas alemãs a reconhecer e pautar seu privilégio.

No material de imprensa do filme, a diretora Dagmar Schultz aborda sua relação com Lorde: “Em 1980, estive com Audre Lorde pela primeira vez na Conferência Mundial das Mulheres da ONU, em Copenhague, em um debate após sua leitura. Fiquei encantada e muito impressionada com a franqueza com que Audre Lorde se dirigiu a nós, mulheres brancas. Ela nos falou sobre a importância de seu trabalho como poeta, sobre o racismo e as diferenças entre as mulheres, sobre as mulheres na Europa, nos EUA e na África do Sul, e enfatizou a necessidade de uma visão do futuro para orientar nossa prática política. Naquela noite, ficou claro para mim: Audre Lorde deveria vir à Alemanha para que as mulheres alemãs a ouvissem. Sua voz falando às mulheres brancas em uma época em que o movimento começava a mostrar tendências reacionárias. Na primavera de 1984, ela concordou em ir a Berlim por um semestre para lecionar literatura e escrita criativa. Uma de suas primeiras perguntas ao chegar em Berlim foi: ‘Onde estão as alemãs negras?’. Assim começou uma jornada de movimento político e de conscientização que durou até o fim de sua vida. Durante esse processo, ela começou a trabalhar no livro Showing Our Colors: Afro-German Women Speak Out, que a [editora] Orlanda Frauenverlag publicou em 1986.”

“Para mim, esse processo significou aprender, descobrir e formar amizades e alianças com alemães negros. Audre retornou a Berlim em 1986 e, até 1992, ano de sua morte, passou semanas e meses por ano nessa cidade. Nos últimos dois anos, ela ficou comigo e com minha parceira Ika Hügel-Marshall, e nós a visitamos com sua parceira Gloria Joseph em St. Croix. Criamos uma amizade: trabalhamos na publicação de seus livros, traduzi para ela em turnês de leitura, e Orlanda publicou mais quatro livros com o trabalho de Lorde, incluindo um volume bilíngue de 42 poemas que ela mesma selecionou de seu trabalho durante seu último verão.”

Depoimento da diretora Dagmar Schultz no material de impressa do filme (na íntegra, em inglês) ►
Esta sessão faz parte do Novembro Negro 2023 ►


Jeanne Dielman

Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles
Chantal Akerman | Bélgica | 1975, 200', restauração 2K, DCP (Fondation Chantal Akerman) | Classificação indicativa: 16 anos

Um nome e um endereço são o título original do filme: Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles. Em suas quase três horas e meia de duração, o filme de Chantal encena meticulosamente três dias na rotina de uma dona de casa de meia-idade, viúva, que mora com o filho e se sustenta pela prostituição. Dielman arruma as camas, prepara o jantar para o filho, descasca batatas.

O filme de Chantal Akerman retornou à pauta da cinefilia após ser apontado como melhor filme de todos os tempos na mais recente das pesquisas que a revista Sight and Sound, do BFI, realiza a cada dez anos com críticos de cinema de diferentes origens. "Compreendi a importância do filme muitos meses depois de terminá-lo” – comenta a diretora em depoimento fornecido pela Chantal Akerman Foundation. “No início, pensei que estava apenas contando três dias na vida de uma mulher, depois percebi que era um filme sobre a ocupação do tempo, sobre a angústia: fazer coisas para não pensar no problema fundamental, o de ser."

Em uma extensa matéria publicada no New York Times em 31 de julho de 2016, Delphine Seyrig, que interpreta a protagonista de Jeanne Dielman, comenta seu entusiasmo com o projeto: “O filme olha para a mulher de uma forma amorosa e generosa enquanto ela faz as coisas que tem de fazer todos os dias – a maneira como ela cozinha, a maneira como fica de pé diante da pia. Acabou sendo bastante insuportável de assistir. Ninguém nunca teve que assistir a três horas e meia de uma dona de casa antes. É um filme muito importante."

Quando a matéria do Times, assinada por Judith Weinraub, foi publicada, Seyrig, Roussopoulos e Wieder já trabalhavam juntas na produção de obras em vídeo, mas ainda não haviam criado o Centro Audiovisual Simone de Beauvoir. O texto apresenta uma Seyrig em franca reavaliação feminista de sua atuação no audiovisual. Ao mesmo tempo que realiza seus próprios projetos em vídeo, a que a atriz define como “minha independência dos homens”, assume um esforço em trabalhar com realizadoras: “Em um ano fiz três filmes com mulheres. De alguma forma devemos sentir uma à outra.”

Jeanne Dielman será exibido em DCP, na versão restaurada pela Cinemateca Real da Bélgica a partir dos negativos originais do filme.

Reportagem de Judith Weinraub para o New York Times (na íntegra, em inglês) ►

Mais informações sobre a pesquisa da revista Sight and Sound (em inglês) ►


A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85

La Conférence des femmes – Nairobi 85
Françoise Dasques | França | 1985, 60', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Depois do México, em 1975, e de Copenhague, em 1980, as Nações Unidas escolhem o continente africano para sediar a terceira Conferência Mundial sobre a Mulher. Em paralelo à Conferência Oficial dos Estados, ocorre o Fórum das Organizações Não Governamentais (ONGs), do qual participam 14.000 mulheres. Ao longo de dez dias, no campus da universidade, elas se reúnem para debater questões de política geral e feminista, como paz, desenvolvimento, apartheid, islã, lesbianismo, violências e mutilações sexuais e o conflito entre Israel e Palestina.


Pela memória + Homenagem de Kate Millet para Simone de Beauvoir + Kate Millet fala com feministas sobre prostituição + Feminismo americano (Beauvoir e as quebequenses)

Classificação indicativa da sessão: 14 anos

Pela memória
Pour mémoire
Delphine Seyrig | França | 1987, 11', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Um ano após a morte de Simone de Beauvoir (14 de abril de 1986), Delphine Seyrig lhe presta uma homenagem. Ela volta ao cemitério de Montparnasse, passado um ano do enterro, e o túmulo continua florido e cheio de cartas que chegam do mundo inteiro. O filme traz trechos de discursos de Simone de Beauvoir, imagens da marcha em sua homenagem, no dia 19 de abril de 1986, e de buquês de flores.

 

Homenagem de Kate Millet para Simone de Beauvoir
Hommage de Kate Millet à Simone de Beauvoir
Anne Faisandier | França | 1986, 12', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Partindo das imagens do funeral de Simone de Beauvoir, a artista e ativista Kate Millett fala de sua relação com a mulher que desempenhou um papel crucial no feminismo internacional.

 

Kate Millet fala com feministas sobre prostituição
Kate Millett parle de la prostitution avec des féministes
Catherine Lahourcade, Anne-Marie Faure-Fraisse, Syn Guérin | França | 1975, 20', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Durante a greve das prostitutas de 1975 e após a publicação de seu livro, Kate Millett debate questões ligadas à prostituição com feministas francesas, como Monique Wittig, romancista e teórica feminista francesa, e Christine Delphy, autora e pesquisadora no campo dos estudos feministas. Este filme foi realizado pelo grupo VIDEA.

 

Feminismo americano (Beauvoir e as quebequenses)
American Feminism (Beauvoir et les québécoises)
Luce Guilbeault | França | 1975, 10', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Nesta entrevista, Simone de Beauvoir aborda questões como a recepção do livro O segundo sexo nos Estados Unidos e na França – a filósofa fala sobre o fato de, haver um furor dos homens na França contra o livro, mas a reação ser mais tranquila e racional nos Estados Unidos. Também são abordados temas como a influência de Beauvoir sobre as feministas americanas, as relações entre Beauvoir e o Mouvement de Libération des Femmes (MLF) [Movimento de Libertação das Mulheres] e a necessidade de repensar a psicanálise a partir de um ponto de vista feminista.


Maso e Miso vão de barco

Maso et Miso vont en bateau
Carole Roussopoulos, Ioana Wieder, Delphine Seyrig e Nadja Ringart | França | 1976, 55', restauração em DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

No dia 30 de dezembro de 1975, após assistirem, no canal Antenne 2, ao programa misógino de Bernard Pivot intitulado “Mais um dia e o ano da mulher... Ufa! Acabou”, que tinha como convidada Françoise Giroud, quatro feministas subvertem o programa por meio de intervenções humorísticas e irreverentes, chegando à conclusão de que “a Secretaria de Estado da Condição da Mulher é uma mistificação”. A secretaria em questão foi coordenada por Giraud entre 1974 e 76, durante o governo de Jacques Chirac.

Maso e Miso vão de barco foi restaurado pelo ZKM Karlsruhe em parceria com o Centre Pompidou.


A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85 + Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores

Classificação indicativa da sessão: 12 anos

A conferência sobre a mulher – Nairóbi 85
La Conférence des femmes – Nairobi 85
Françoise Dasques | França | 1985, 60', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Depois do México, em 1975, e de Copenhague, em 1980, as Nações Unidas escolhem o continente africano para sediar a terceira Conferência Mundial sobre a Mulher. Em paralelo à Conferência Oficial dos Estados, ocorre o Fórum das Organizações Não Governamentais (ONGs), do qual participam 14.000 mulheres. Ao longo de dez dias, no campus da universidade, elas se reúnem para debater questões de política geral e feminista, como paz, desenvolvimento, apartheid, islã, lesbianismo, violências e mutilações sexuais e o conflito entre Israel e Palestina.

 

Os racistas não são nossos camaradas, nem os estupradores
Les Racistes ne sont pas nos potes, les violeurs non plus
Anne Faisandier, Ioana Wieder e Claire Atherton | França | 1986, 23', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Após uma série de estupros cometidos em plena luz do dia em 1985, organiza-se uma manifestação em setembro. Os panfletos acusam “a corja criminosa dos imigrantes”. Imigrantes e muçulmanos são acusados. Oito feministas – Claire Atherton (montagem), Claire Auzias, Marie-Jo Dhavernas, Catherine Deudon, Anne Faisandier (imagem), Liliane Kandel, Nadja Ringart e Ioana Wieder – querem dar seu depoimento e lutar contra o sexismo, o estupro e o racismo, seja qual for sua origem e quaisquer que sejam seus perpetradores. Elas decidem fazer um documentário. Encontram Souad Benani e Malika Bennabi, ativistas do grupo Les Nanas Beurs, e depois Fatima e Rosa, ativistas do SOS Racisme. Por fim, encontram ainda três ativistas antirracistas, Harlem Désir, Adil Jazouli e Sami Naïr, para discutir o assunto.

 

Programação

IMS Paulista
1/8, terça, 20h

26/7, quarta, 19h30
Sessão seguida de conversa com Barbara Alves Rangel, Gênis Cardoso e Rosane Borges

Barbara Alves Rangel
Formada em cinema pela Universidade Federal Fluminense. Possui mestrado em Preservação e Apresentação da Imagem em Movimento pela Universidade de Amsterdam e, como parte deste programa, trabalhou nos arquivos da Cinemateca Portuguesa e da Cinemateca Francesa. Durante mais de 10 anos fez parte da equipe de curadoria de cinema do Instituto Moreira Salles, sendo responsável pela edição dos DVDs publicados pela instituição e pela organização das programações nas salas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Atualmente é diretora do Centre Audiovisuel Simone de Beauvoir.

Glênis Cardoso
Transita entre a produção, crítica, curadoria e preservação audiovisual. É co-fundadora e editora-chefe do Verberenas, projeto que inclui uma revista online sobre cinema e exibições de filmes dirigidos por mulheres. Trabalhou em curtas nas áreas de roteiro, direção, assistência de direção e assistência de arte. É criadora, produtora e host do méxi-ap, podcast sobre arte e cultura. É preservadora-assistente da Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros, da organização Cinelimite. Participou do projeto Digitalização Viajante, levando um scanner de filmes 8mm e Super8 para 6 cidades brasileiras e digitalizando mais de 300 filmes.

Rosane Borges
Jornalista, doutora em ciências da comunicação com pós-doutorado na área, professora convidada do Diversitas (FFLCH-USP) e pesquisadora do Colabor (ECA-USP), consultora de fonte especializada em raça e gênero da Rede Globo, articulista da Revista Istoé e coordenadora da Escola Longa, uma experiência de educação online. É autora de diversos livros, entre eles: Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004), Perfil biográfico de Sueli Carneiro (2009), Mídia e Racismo (2012), Esboços do tempo presente (2016) e Fragmentos do tempo presente (2021).


Profissão: ostreicultora + As trabalhadoras do mar

Classificação indicativa da sessão: 12 anos

Profissão: ostreicultora
Profession: conchylicultrice
Carole Roussopoulos e Claude Vauclaire | França | 1984, 34', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Através do retrato de seis mulheres que cultivam ostras na bacia de Marennes-Oléron (Charente-Maritime), o filme aborda suas condições de vida e de trabalho, as dificuldades da profissão, a divisão de tarefas entre homens e mulheres e o status profissional das ostreicultoras. Um grupo de mulheres da bacia ostreícola se reuniu para criar uma associação profissional.

 

As trabalhadoras do mar
Les Travailleuses de la mer
Carole Roussopoulos | França | 1985, 26', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

O documentário apresenta as condições de vida e de trabalho de duas categorias de mulheres que são funcionárias do porto de pesca de Lorient, na Bretanha. Quase 800 mulheres trabalham no porto, sob condições que praticamente não mudaram ao longo de 50 anos. Trabalham no frio, em meio à umidade, ao gelo, de pé e carregando cargas pesadas. À noite, são as que fazem a triagem dos peixes, de dia, as que os preparam para serem comercializados.

 

Programação

IMS Paulista
2/8, quarta, 18h30

29/7, sábado, 18h
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel


Où est-ce qu’on se mai?

Où est-ce qu’on se mai?
Iona Wieder e Delphine Seyrig | França | 1976, 55', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Este documentário é dedicado às manifestações de Primeiro de Maio de 1976. Sequências que mostram o cortejo feminista se alternam às entrevistas com mulheres, que falam principalmente dos embates com a CGT (Confederação Geral do Trabalho). Além disso, Delphine Seyrig lê um artigo do jornal L'Humanitée uma carta da CGT.

O título do filme faz um trocadilho com duas palavras que, em francês, têm a mesma sonoridade: “mai”, que designa o mês de maio, e “met”, do verbo “mettre”, que pode ser traduzido como colocar, pôr, inserir. Uma tradução possível seria “Qual é o nosso lugar?” ou “Onde é que a gente se enfia?”.

 

Programação

IMS Paulista
2/8, quarta, 20h

27/7, quinta, 18h
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel


Transformações… em Mondoubleau + Os homens invisíveis

Classificação indicativa da sessão: 12 anos

Transformações… em Mondoubleau
Ça bouge… à Mondoubleau
Carole Roussopoulos e Catherine Valabrègue | França | 1982, 17', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

A partir do trabalho de reflexão conduzido pelos alunos de ensino médio de uma escola em Mondoubleau sobre os papéis femininos e masculinos e sobre igualdade de gênero, acontece um debate entre os alunos e o professor. Eles abordam os estereótipos nos manuais escolares de aprendizagem de leitura, a divisão de tarefas no ambiente familiar, a escolha profissional (pouco tempo antes, havia duas listas de profissões: rosa para as meninas, azul para os meninos), a importância da educação sexual e a diferença de atitude dos pais em relação a meninos e meninas. A música “Résiste”, de France Gall, dá o ritmo da montagem.

 

Os homens invisíveis
Les Hommes invisibles
Carole Roussopoulos | França | 1993, 34', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Sem-teto, pessoas em situação de rua... Inúmeras pessoas vivem sem residência fixa, à margem dos dispositivos de acolhimento e de cuidados. O Centre d’Hébergement et d’Accueil pour les Sans Abri [Centro de Abrigo e Acolhimento para as Pessoas em Situação de Rua] do hospital de Nanterre é o primeiro centro, no serviço público, em meio hospitalar, a propor um serviço de acolhimento e cuidados para os mais desamparados.

 

Programação

IMS Paulista
3/8, quinta, 18h30

29/7, sábado, 16h30
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel


Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana + A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner

Classificação indicativa da sessão: 12 anos

Flo Kennedy, retrato de uma feminista americana
Flo Kennedy, portrait d’une féministe américaine
Carole Roussopoulos e Ioana Wieder | França | 1982, 59', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Margo Jefferson, professora de jornalismo em Nova York, e Ti-Grace Atkinson, escritora e teórica feminista, conversam com Flo Kennedy, advogada americana negra, sobre racismo, direito das minorias e sobre a ERA, Equal Rights Amendment (emenda constitucional para garantir os direitos das mulheres).

 

A morte não quis saber de mim: retrato de Lotte Eisner
La Mort n’a pas voulu de moi: portrait de Lotte Eisner
Carole Roussopoulos, Carine Varène e Michel Celemski | França | 1983, 26', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Crítica de cinema na Alemanha do entreguerras, Lotte Eisner se refugia na França após a chegada de Hitler ao poder e funda a Cinemateca Francesa junto com Henri Langlois e Georges Franju. O filme revela o regozijo profissional de uma mulher com olhar sensível e político. Em uma entrevista filmada alguns meses antes de sua morte, Lotte Eisner faz referência a Louise Brooks, Fritz Lang, Murnau, bem como ao jovem cinema alemão, de Herzog e Fassbinder.

 

Programação

IMS Paulista
3/8, quinta, 20h

28/7, sexta, 18h45
Sessão apresentada por Barbara Alves Rangel


A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária + SCUM Manifesto

Classificação indicativa da sessão: 12 anos

A FHAR – Frente Homossexual de Ação Revolucionária
Le FHAR – Front homosexuel d’action révolutionnaire
Carole Roussopoulos | França | 1971, 26', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Documento sobre a primeira manifestação de rua gay e lésbica da França, em Paris. A manifestação da FHAR (Frente Homossexual de Ação Revolucionária) ocorre no âmbito da tradicional manifestação sindical de Primeiro de Maio e denuncia o racismo sexual. Pela primeira vez se inserem nessa manifestação homens e mulheres que desfilam com alegria e orgulho, sem serviço de segurança, segurando simples bandeiras de tecido branco com a sigla FHAR. As vozes clamam: “Os gays estão na rua”.

 

SCUM Manifesto
S.C.U.M. Manifesto
Carole Roussopoulos e Delphine Seyrig | França | 1976, 27', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Uma leitura encenada de trechos do SCUM Manifesto, de Valerie Solanas, editado em 1967 e rapidamente esgotado em francês. Delphine Seyrig traduz algumas passagens para Carole Roussopoulos, que as digita na máquina de escrever. Ao fundo, uma televisão transmite imagens ao vivo do telejornal, no qual ouvimos, em certos momentos, notícias apocalípticas. Assim como o livro, o filme é um panfleto contra a sociedade dominada pela imagem “masculina” e pela ação “viril”.

Restauração feita no Laboratório de Restauro Digital do Serviço Audiovisual da Biblioteca Nacional da França.

 

Programação

IMS Paulista
4/8, sexta, 18h30

30/7, domingo, 18h


Carole Roussopoulos, uma mulher por trás das câmeras

Carole Roussopoulos, une femme à la caméra
Emmanuelle de Riedmatten | Suíça | 2011, 76', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

O filme aborda a trajetória de vida de Carole de Kalbermatten, natural do cantão de Valais, na Suíça, que aos 21 anos chega a Paris, onde conhece Paul Roussopoulos.

O tema central é seu trabalho como pioneira na utilização de câmeras portáteis, e, como temas periféricos, surgem o casal, o amor como fonte de energia permanente, uma incessante cumplicidade criativa, a política, a descoberta dos primeiros equipamentos de vídeo, Jean Genet, a Palestina, a militância, a causa das mulheres e dos mais desamparados.

Alternam-se material de arquivo, depoimentos de pessoas próximas, trechos de seus filmes, testemunhos das lutas sociais e da emancipação das minorias.

 

Programação

IMS Paulista
4/8, sexta, 20h

29/7, sábado, 15h


Seja bela e cale a boca!

Sois belle et tais-toi!
Delphine Seyrig | França | 1976, 115', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Delphine Seyrig entrevista 23 atrizes de várias nacionalidades sobre suas experiências profissionais enquanto mulheres, seus papéis dramáticos e relacionamentos com diretores e equipes técnicas. Um relatório coletivo bastante negativo em 1976 sobre uma profissão que permitia apenas personagens estereotipadas e alienadas. Entre as entrevistadas estão Jane Fonda, Shirley MacLaine, Marie Dubois, Maria Schneider, Juliet Berto, Patti D'Arbanville, Anne Wiazemsky e Ellen Burstyn.

Restauração feita no Laboratório de Restauro Digital do Serviço Audiovisual da Biblioteca Nacional da França.

 

Programação

IMS Paulista
5/8, sábado, 16h

29/7, sábado, 19h30


É só não trepar! + Com a palavra, as prostitutas de Lyon

Classificação indicativa da sessão: 18 anos

É só não trepar!
Y’à qu’à pas baiser!
Carole Roussopoulos | França | 1971, 17', DCP (CaSdB) | Classificação indicativa: 18 anos

Produzido no início da década de 1970, quando o aborto ainda era ilegal na França, este vídeo militante documenta o debate sobre a questão, desde a propaganda antiaborto nos meios de comunicação até a primeira grande manifestação a favor do aborto e dos direitos reprodutivos em Paris, em 20 de novembro de 1971. As imagens mostram feministas realizando um aborto a partir do método Karman.

É só não trepar!, na altura um instrumento de luta e de transmissão de uma prática, é hoje um documento histórico essencial.

 

Com a palavra, as prostitutas de Lyon
Les Prostituées de Lyon parlent
Carole Roussopoulos | França | 1975, 46', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 12 anos

Em junho de 1975, as prostitutas de Lyon ocupam a igreja de Saint-Nizier. Elas falam de sua história pessoal, de suas relações com a sociedade, das condições de trabalho e de suas reivindicações.

 

Programação

IMS Paulista
5/8, sábado, 18h30

30/7, domingo, 19h30


Delphine e Carole, insubmusas

Delphine et Carole, insoumuses
Callisto McNulty | França, Suíça | 2018, 70', Arquivo digital (Les Films de La Butte) | Classificação indicativa: 12 anos

Como uma viagem ao âmago do “feminismo encantado” dos anos 1970, o filme narra o encontro entre a atriz Delphine Seyrig e a cineasta Carole Roussopoulos. Por trás de suas batalhas radicais, conduzidas com a câmera na mão, surge um tom impregnado de humor, insolência e intransigência.

Um documentário de Callisto McNulty, neta de Carole.

 

Programação

IMS Paulista
13/8, domingo, 17h

28/7, sexta, 20h30


Trate de parir!

Accouche!
Ioana Wieder | França | 1977, 49', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

As mulheres gritam enquanto Frédéric Leboyer advoga pelo parto sem dor. A partir do testemunho de diversas mulheres, o filme tece uma crítica e uma análise das práticas médico-hospitalares e a ideia de “instinto maternal” é posta em xeque.

Restauração feita no Laboratório de Restauro Digital do Serviço Audiovisual da Biblioteca Nacional da França.

 

Programação

IMS Paulista
13/8, domingo, 18h30
19/8, sábado, 18h


Young Lord + Genet fala de Angela Davis + Os veteranos do Vietnã + Greve na Jeune Afrique + A marcha do retorno das mulheres no Chipre

Classificação indicativa da sessão: 14 anos

Young Lord
Young Lord
Carole Roussopoulos | c. 1970-1975, 15', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Os “young lords” são porto-riquenhos que moram nos Estados Unidos, mas não possuem os diplomas necessários para encontrar trabalho. O filme narra de forma breve a história do movimento, criado em 1969, inspirado nas lutas dos negros americanos.

Aborda também um espaço de acolhimento dentro do movimento para os toxicômanos: as difíceis condições de vida das minorias, os problemas com as drogas e os auxílios criados para tentar fazer com que se livrem da dependência. Os entrevistados denunciam um plano do governo que teria como objetivo aniquilar os negros e os porto-riquenhos através da droga: o programa de substituição por metadona, substância legal e disponibilizada pelo governo, que mantém os toxicômanos numa espécie de dependência mental e pode conduzi-los à morte. Falam, ainda, de todo o sistema de propaganda e de condicionamento mental da sociedade.

 

Genet fala de Angela Davis
Genet fala de Angela Davis
Carole Roussopoulos | França | 1970, 7', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

No dia 16 de outubro de 1970, no Hotel Cecil, em Paris, o grupo Video Out (Carole e Paul Roussopoulos) filma a declaração do escritor Jean Genet gravada após o anúncio da prisão de Angela Davis, ativista do Partido dos Panteras Negras e professora de filosofia nos Estados Unidos.
Jean Genet denuncia com veemência a política racista dos Estados Unidos e manifesta seu apoio a Angela Davis e aos Panteras Negras. A pedido do diretor do ORTF (Office de Radiodiffusion Télévision Française), ele retoma duas vezes a leitura do discurso, empenhando-se em transmitir na tela mais o caráter político de seu texto do que sua personalidade. A transmissão acabou sendo censurada.

A diretora imprime à cena um olhar irônico. Aponta a diferença de atitude entre Jean Genet, consciente de seu engajamento, e a equipe de TV, ansiosa para encerrar a gravação. O ritmo e a fragmentação das tomadas de TV se opõem à fluidez do olhar de Carole Roussopoulos e à proximidade que ela tem de seu personagem. De um lado, uma câmera de televisão que busca fornecer uma visão “objetiva”, e de outro, uma câmera no ombro, em total empatia com seu personagem e seu discurso político.

 

Os veteranos do Vietnã
Os veteranos do Vietnã
Carole Roussopoulos | França | 1972, 12', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

“Veteranos de guerra americanos e indochineses contra o inimigo comum: o imperialismo dos EUA”, diz o letreiro que abre o filme.

Em uma coletiva de imprensa em junho de 1972, um homem afirma que os veteranos americanos expressam sua solidariedade aos veteranos do Vietnã e lutam agora contra o mesmo inimigo. Em off, uma mulher comenta as imagens de veteranos do Camboja, do Laos e do Vietnã.

Em uma coletiva de imprensa em Paris, um detrator de Nixon demonstra que o governo é a favor da continuação da guerra, do genocídio e da devastação das terras. Um vietnamita intervém em francês.

Em outra conferência, um veterano de cabelo comprido denuncia a política de Nixon, bem como o controle da mídia, que só reproduz a política oficial, e as bombas antipessoais lançadas pelos Estados Unidos. Outros veteranos tomam a palavra e traçam um paralelo entre o racismo contra os vietnamitas e o racismo contra os negros nos Estados Unidos. Também mencionam uma espécie de motim que ocorreu no exército para que as bombas fossem lançadas no mar, e não nas aldeias. Há, ainda, a leitura de uma declaração contra a guerra.

 

Greve na Jeune Afrique
Greve na Jeune Afrique
Carole Roussopoulos e Paul Roussopoulos | França | 1972, 21', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Um filme em torno das denúncias à revista Jeune Afrique durante uma greve de seus funcionários. Entre as críticas reportadas, está a ideia de que a revista não se interessa pelos seus trabalhadores e que não é suficientemente política a ponto de que os próprios funcionários desejem lê-la.

O letreiro do documentário diz: “Dois meses depois de uma greve duríssima, seguida de uma ocupação das instalações, dia e noite, os funcionários da Jeune Afrique são vítimas de um decreto do tribunal a partir de um requerimento de urgência que autoriza seu diretor-executivo, Bechir Ben Yahmed, a expulsá-los com a ajuda da polícia. Em caso de resistência, eles corriam o risco de se sujeitar à lei pela manutenção da ordem pública. Para evitar que os camaradas africanos fossem expulsos do território francês, os grevistas decidem ir embora. Mas, antes de deixar as instalações, organizam uma manifestação de solidariedade com centenas de jornalistas da imprensa tradicional e da imprensa revolucionária. Aqui estão essas imagens. A manifestação terminou com a ocupação temporária das instalações provisórias em que Ben Yahmed tinha se refugiado com os fura-greves. O filme narra essa greve exemplar que foi traída por um sindicato.”

 

A marcha do retorno das mulheres no Chipre
A marcha do retorno das mulheres no Chipre
Carole Roussopoulos | França | 1975, 36', Arquivo digital (CaSdB) | Classificação indicativa: 14 anos

Em maio de 1975, com o apoio de delegações de mulheres do mundo inteiro, as cipriotas se esforçam para conseguir, por meio de uma marcha pacífica, a aplicação da resolução da ONU que obriga a Turquia a permitir que os cipriotas gregos retornem a suas casas.

 

Programação

IMS Paulista
20/8, domingo, 18h
23/8, quarta, 20h


Ingressos

Vendas
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos online ou na bilheteria do centro cultural, mais informações abaixo.

Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.

Devolução de ingressos
Em casos de cancelamento de sessões por problemas técnicos e por falta de energia elétrica, os ingressos serão devolvidos. A devolução de entradas adquiridas pelo ingresso.com será feita pelo site.


IMS Paulista

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.

Os ingressos para as sessões são vendidos na recepção do IMS Paulista e pelo site ingresso.com. A venda é mensal e os ingressos são liberados no primeiro dia de cada mês.

Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.


Debate na abertura da mostra