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Noite adentro

IMS Paulista: 7 a 22 de junho de 2024

Após sua estreia mundial na Berlinale, em fevereiro, chega ao Cinema do IMS a nova restauração em 4K de Depois de horas (After Hours), clássico de Martin Scorsese. Juntam-se a ele outras aventuras que varam a noite de volta para casa.

Uma arriscada volta para casa em The Warriors – Os selvagens da noite. Um súbito e perigoso mal-estar atravessa as histórias de Joca, que acaba de voltar ao Recife e reencontrar a galera, em Amigos de risco, e também de Galeto, preso pra sempre na mesma festinha em Bad Galeto – No limite da morte. Já em Fantasmas, uma ex-namorada que não volta para casa nem sai da memória.

Todos esses títulos poderão ser vistos entre os dias 7 e 22 de junho, nas noites de sexta e sábado, no IMS Paulista.

Cena de Depois de horas, de Martin Scorsese

Filmes


Depois de horas

After Hours
Martin Scorsese | EUA | 1985, 97’, DCP 4K, cópia restaurada (Park Circus) | Classificação indicativa: 16 anos

E se aquele encontro que você achava que nunca terminaria realmente não terminasse? Depois de horas, de Martin Scorsese, retorna aos cinemas em uma versão restaurada em 4K. No filme, quando um nova-iorquino da parte alta da cidade conhece inocentemente uma moça da parte baixa, ele é arrastado para um vórtice de aventuras vorazes, perversas e paranoicas noite adentro.

A noite de Paul Hackett acontece na área do SoHo, no centro de Manhattan, quando ele vai ter um encontro com Marcy. Nada em sua vida monótona de escritório o preparou para esse momento. Agora, Paul deseja apenas retornar para a segurança de seu apartamento no Upper East Side... mas será que ele consegue?

O projeto de Depois de horas chega a um Scorsese em crise, cujo projeto de filmar a paixão de Cristo, já em fase de pré-produção e com altos valores investidos, havia sido cancelado pelo estúdio. “Comecei a ler roteiros. Um após o outro. Na maioria dos casos, eu não conseguia entender por que eles haviam sido enviados para mim”, comenta o diretor. “Além disso, eu ainda estava me recuperando da loucura pela qual havia passado alguns anos antes. Literalmente, quase morri [em 1978, de hemorragia interna causada por abuso de drogas e uso indevido de medicamentos]. Portanto, se eu fosse acordar de madrugada todos os dias, fazer filmagens noturnas e entrar em conflito com os chefes de estúdio e executivos, precisaria ser algo em que eu acreditasse, algo que eu pudesse fazer por mim mesmo.”

“[Jay Julien, advogado] Me entregou um roteiro, chamado A Night in SoHo. Na verdade, parecia mais um romance do que um roteiro. Foi escrito por um jovem – roteirista de primeira viagem, eu acho. Mas foi isso que fez dele tão fresco. Tinha muito coração ali. Fiquei imediatamente impressionado com o diálogo, que era bastante estranho. E, em cada cena, eu ficava surpreso. Nunca se podia prever o que aconteceria em seguida.”

“Eu me identifiquei com o personagem principal, Paul Hackett, que de repente percebe que desceu ao submundo e está perdido lá. Senti empatia por ele, porque suas experiências eram como os sonhos de ansiedade que a maioria de nós tem. Na época, eu estava tendo vários deles. [...] Também adorei a forma como ele vara a noite e finalmente chega do outro lado. É como uma noite sem dormir, ou uma noite de sonhos horríveis, ou o tipo de situação em que eu me encontrava na época: eu me sentia como se estivesse flutuando nesse mundo inferior, sem ter ideia de quando ou como isso se resolveria.”

O filme foi um sucesso de público à época de seu lançamento e rendeu a Scorsese o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes de 1986.

Entrevista com o diretor Martin Scorsese e outros integrantes do projeto ao portal Air Mail (na íntegra, em inglês) ►

 

Programação

IMS Paulista
7/6, sexta, 21h
22/6, sábado, 19h30


The Warriors - os selvagens da noite + Bad Galeto: No limite da morte

Classificação indicativa da sessão: 18 anos

 

The Warriors - os selvagens da noite
The Warriors
Walter Hill | EUA | 1979, 93’, DCP (Park Circus) | Classificação indicativa: 14 anos

As ruas de Nova York estão completamente dominadas por gangues e policiais. Cyrus, líder da maior gangue da cidade, convoca uma reunião entre todos os grupos e propõe uma trégua, para que deixem de lutar entre si e tomem o controle da cidade. Mas, quando Cyrus é subitamente assassinado, os Warriors, de Coney Island, são injustamente acusados pelo crime, e toda a cidade se volta contra eles. Agora, precisarão atravessar a noite de Nova York e voltar para sua própria área em segurança.

Em entrevista recente à Brooklyn Magazine, o diretor Walter Hill afirma que este foi “um dos primeiros filmes de gangues que aceitou a instituição das gangues não como uma força hostil e antissocial, mas basicamente como uma medida de defesa de território por pessoas que tinham muito pouco na vida”.

The Warriors é inspirado no livro homônimo do romancista Sol Yurick, que tem uma abordagem das gangues muito mais racializada – no livro, a gangue título, por exemplo, é composta por pessoas negras e hispânicas. Hill, que diz ter se inspirado mais na obra clássica de Xenofontes do que no trabalho de Yurick, afirma que seu filme se distancia dessa abordagem em parte por uma resistência do estúdio, que desde o início não aceitou ter um elenco composto majoritariamente por pessoas racializadas, em parte porque queria fazer um discurso sobre “classe”: “Eu não queria fazer algo sobre raça – eu queria fazer sobre classe. O grande discurso de Cyrus é sobre os despossuídos que estavam enfrentando a desigualdade de renda, que também é um grande problema atualmente. Essa é a teoria subjacente de quem eram esses garotos, e o filme aceitou seus valores.”

Entrevista do diretor Walter Hill ao portal Brooklyn Magazine (na íntegra, em inglês) ►

 

Bad Galeto – No limite da morte
Amanda Seraphico, Lorran Dias e Bruma Machado | Brasil | 2017, 13’, Arquivo digital (Anarca Filmes) | Classificação indicativa: 18 anos

Perdido na night, morto de desgosto, Galeto é atormentado pela Nóia e encorajado a seguir o caminho do mal.

Fundada em 2014, a Anarca Filmes reúne artistas e pensadoras LGBTQI+ em uma perspectiva de experimentação, engajamento, criatividade e combatividade coletiva. Com uma obra vasta e profunda identidade própria, seus trabalhos em cinema e vídeo já circularam por festivais de cinema da Alemanha, Brasil, Holanda, México e Portugal.

 

 

Programação

IMS Paulista
8/6, sábado, 20h
14/6, sexta, 21h


Amigos de risco + Fantasmas

Classificação indicativa da sessão: 14 anos

 

Amigos de risco
Daniel Bandeira | Brasil | 2007, 88’, DCP (Inquieta) | Classificação indicativa: 14 anos

Início dos anos 2000, após um tempo distante do Recife, Joca (Irandhir Santos) está de volta. O reencontro com os amigos (Rodrigo Rizla e Paulo Dias) numa noite de comemoração vira um pesadelo quando Joca subitamente passa mal. Sem dinheiro, transporte ou comunicação, seus amigos o carregam pela cidade deserta.

O filme de Daniel Bandeira mantém laços evidentes com narrativas da noite, como Warriors – Os selvagens da noite (The Warriors, 1979), de Walter Hill, ou Depois de horas (After Hours, 1986), de Martin Scorsese, atendo-se à filmagem em locações reais expressivas, personagens bem delineados e um sentido de ação e montagem afiados.

Amigos de risco foi uma escola de cinema (com orçamento muito baixo) para nomes que construíram carreira mais tarde, como Pedro Sotero (fotógrafo de Um lugar ao sol, O som ao redor, Casa grande), Juliano Dornelles (corroteirista e diretor de Bacurau), Irandhir Santos (ator de Baixio das bestas, Aquarius e Tropa de elite 2). O filme, que estreou no Festival de Brasília em 2008, foi perdido a caminho da segunda exibição pública, na Mostra de São Paulo, pouco antes de entrar em salas comerciais. Amigos de risco foi rodado em mini-DV numa câmera Panasonic HVX-100, tecnologia da década de 2000 que permitiu que realizadores e realizadoras experimentassem fora de padrões técnicos estabelecidos e longe de regiões que concentravam equipamentos de cinema e laboratórios de finalização.

Transferido para 35 mm, a única cópia-zero finalizada em película 35 mm de Amigos de risco permaneceu extraviada, e Bandeira, sem recursos para refazer a finalização. Quinze anos depois de seu sumiço, o filme entrou em cartaz nos cinemas, tanto como um filme que deve ser descoberto quanto um retrato já diferente de um Brasil urbano alterado pelo tempo e pela tecnologia.

 

Fantasmas
André Novais Oliveira | Brasil | 2010, 11’, Arquivo digital (Filmes de Plástico) | Classificação indicativa: livre

O fantasma da ex.
Um dos primeiros filmes da produtora Filmes de Plástico, Fantasmas, é uma história da noite que em pouco tempo já se tornou clássica na cinematografia brasileira. Em uma entrevista ao crítico e pesquisador Fábio Andrade, André Novais conta um pouco das origens de som e imagem do seu filme em plano único: “Eu imaginei o plano e já sabia exatamente onde colocar a câmera. E, na verdade, eu pensei naquele quadro principalmente por conta da luz do posto.”

“No Fantamas (2010), de início me veio um pensamento a respeito do som ligado ao extracampo, de como trabalhar algo que poderia contribuir para um desenho das coisas que não apareciam. E eu lembro muito de algumas coisas que iam surgindo na hora da filmagem, e que nem sempre estavam no roteiro, mas que traziam algo de visual. Tem uma hora no filme em que um vizinho passa cantando, e aí os personagens comentam isso – foi algo que aconteceu acidentalmente e que depois a gente poderia tirar, pensando que não deu certo. Mas eu percebi que era legal pra situar o filme naquela vizinhança onde a gente estava.”

“E algumas coisas foram pensadas anteriormente. Quando eu fui escolher uma cadeira pro Maurilio sentar [Maurilio Martins, ator do filme, e parceiro de Novais na produtora Filmes de Plástico], eu sabia que tinha que ser uma cadeira muito barulhenta, pra gente entender que ele está saindo de um lugar e indo pra outro. Aí eu fui num bar e peguei emprestado uma cadeira de metal, dessas da Brahma, por conta do som. Acho que são exemplos de uma forma de pensar o som com poucos recursos.”

Entrevista do diretor André Novais ao crítico e pesquisador Fábio Andrade (na íntegra, em inglês) ►

 

Programação

IMS Paulista
15/6, sábado, 20h
21/6, sexta, 21h


Programação de junho

IMS PAULISTA

7/6/2024, sexta
21h - Depois de horas

8/6/2024, sábado
20h - The Warriors - os selvagens da noite + Bad Galeto: No limite da morte

14/6/2024, sexta
21h - The Warriors - os selvagens da noite + Bad Galeto: No limite da morte

15/6/2024, sábado
20h - Amigos de risco + Fantasmas

21/6/2024, sexta
21h - Amigos de risco + Fantasmas

22/6/2024, sábado
19h30 - Depois de horas


Ingressos

 

IMS Paulista

Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.

Os ingressos para as sessões são vendidos na recepção do IMS Paulista e pelo site ingresso.com. A venda é mensal e os ingressos são liberados no primeiro dia de cada mês.

Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.