Idioma EN
Contraste

CEILÂNDIA MON AMOUR

ou Brasília Y love you demais

Os filmes de Adirley Queirós

IMS Paulista: 1 a 29 de março de 2023
IMS Rio: 4 a 26 de março de 2023

“Eu gosto da cidade, de filmar aqui. Eu pouco saio da cidade. E tem muitas histórias daqui que eu ainda quero contar”, Adirley Queirós declara em uma entrevista a Amanda Seraphico para a revista Beira. Mais tarde, na mesma entrevista, o cineasta dirá: “Na minha cabeça, o cinema é a experiência do corpo na cidade.”

Ao longo de quase duas décadas de produção, Adirley Queirós e seus parceiros e parceiras não apenas posicionaram Ceilândia num certo mapa do cinema nacional, como também driblaram as expectativas correntes do que pode um filme de periferia. Nos seus longas, médias e curtas reunidos nessa retrospectiva, está posta uma multiplicidade de formas, invenções e desejos. Uma obra realizada desde a Ceilândia que parece, filme a filme, interrogar os limites de si mesma e do próprio cinema. O que pode um documentário? O que pode um filme de gênero? Como extrapolar o talvez batido debate dos limites entre realidade e ficção?

Ao longo do mês de março o Cinema do IMS será frequentado por essas experiências, ideias e personagens. Operários em greve que redescobrem o prazer de uma pelada durante a semana e trabalhadores do campo que se articulam na luta por reforma agrária. Representantes do Partido da Correria Nacional e do Partido do Povo Preso. Grandes nomes do rap e do futebol que sobrevivem nas periferias das indústrias cultural e esportiva. Viajantes no tempo, patrulheiros intergalácticos e guerreiras urbanas lendárias.

Junto a eles, Adirley Queirós estará conosco para discutir seus filmes e apresentar seus primeiros curtas-metragens em cópias 35 mm.

Citações do diretor Adirley Queirós extraídas da entrevista à Revista Beira

Debate no IMS Rio

Debate no IMS Paulista


Sessões especiais


IMS PAULISTA

Mato seco em chamas + debate
1/3/2023, quarta, 19h
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Marcia Vaz

Sessões de 2/3/2023 foram canceladas

Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
2/3/2023, quinta, 19h
Sessão apresentada por Adirley Queirós

Fora de campo + Meu nome é Maninho
2/3/2023, quinta, 20h
Sessão apresentada por Adirley Queirós

 

IMS RIO

Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
4/3/2023, sábado, 16h
Sessão apresentada por Adirley Queirós

Mato seco em chamas + debate
4/3/2023, sábado, 17h
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Kleber Mendonça Filho


Filmes

Mato seco em chamas

Adirley Queirós e Joana Pimenta | Brasil, Portugal | 2022, 153’, DCP | Classificação indicativa: 14 anos

Mais informações sobre o filme ►

Programação

IMS Paulista
1/3/2023, quarta, 19h
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Marcia Vaz

IMS Rio
4/3/2023, sábado, 17h
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Kleber Mendonça Filho

Além dessas exibições especiais como parte da mostra, o filme também terá sessões regulares nos cinemas do IMS Paulista e IMS Rio.


Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve

Rap, o canto da Ceilândia
Adirley Queirós | Brasil | 2005, 15’, 35 mm (Cinco da Norte) | Classificação indicativa: 16 anos

Diálogo com quatro consagrados artistas do rap nacional (X, Jamaika, Marquim e Japão), todos moradores da Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. O filme mostra a trajetória desses integrantes no universo da música e faz um paralelo com a construção da cidade onde moram.

Trabalho de conclusão de curso de Adirley Queirós na UNB, Rap, o canto da Ceilândia conquistou os prêmios, na categoria curta-metragem, de Melhor Filme do júri oficial e do júri popular no Festival de Cinema de Brasília, em 2005. Sobre as origens do filme, comenta o diretor em entrevista ao portal CineFestivais:

“Eu estava lendo o Milton Santos e o que eu entendia dele era a relação entre espaço e território. Então em Rap, o canto da Ceilândia para mim, o canto não é a música, é o espaço. O que que eu fiz na verdade? A Ceilândia é o espaço do rap. Depois de São Paulo, tem Ceilândia no rap. Até os anos 2005, 2006, 2007 os dois maiores lugares onde existia rap no Brasil eram São Paulo e depois vinha Ceilândia. X Câmbio Negro, DJ Jamaika, Álibi, esses caras todos saíram de lá. O meu recorte então era: eu escolhi os personagens em torno de uma ideia assim, todos eles têm quase a mesma idade de Ceilândia. Então eu peguei quatro rappers que vieram no processo da Ceilândia, que chegaram, que nasceram ali. A primeira geração da Ceilândia. Então esses caras eram nascidos em 70, 71, 69, 68. O recorte era formatar um filme que fale de território com homens de 35 anos e que o rap seja uma questão de trabalho, muito mais do que musical. O rap enquanto relação de trabalho.”

Rap, o canto da Ceilândia será exibido junto ao curta-metragem Dias de greve, ambos em cópias 35 mm.

Depoimento extraído do vídeo Curtas & Festivais (com Adirley Queirós) no YouTube.

 

Dias de greve
Adirley Queirós | Brasil | 2009, 24’, 35 mm (Cinco da Norte) | Classificação indicativa: 14 anos

Uma greve de serralheiros é deflagrada em uma periferia da capital federal. Neste período, muito mais que despertar para uma consciência de classe, os operários redescobrem uma cidade e um tempo que não mais lhes pertencem.

Em entrevista à revista Trip, o cineasta conta que o filme tem origem em “uma história muito alucinada. Os caras me chamaram para uma entrevista, a mulher me perguntou o que é que eu queria fazer, aí eu disse que estava adaptando a obra do Albert Camus. (...) Que era mentira... Eu tinha lido Camus e falei que ia adaptar, isso ao vivo para a televisão. Então nisso, a conversa foi andando, foi andando. Ela pediu para eu ficar mais um bloco, eu fiquei, aí eu falei, antes dela perguntar, ‘nós estamos fazendo um filme do Albert Camus, nós não temos dinheiro, quem quiser ajudar’, eu dei um telefone de um amigo meu, ‘o produtor é esse aqui’. E coloquei o telefone. Quando acabou a entrevista, a gente tinha na época 25 mil levantados. Aí eu voltei para a Ceilândia, e falei ‘cara, agora tenho que fazer esse filme’. Não existia filme. Então a gente organizou um grupo que depois deu origem ao que a gente chama de CeiCine [Coletivo de Cinema da Ceilândia] e começamos a discutir livros do Albert Camus para fazer um filme. Então tem o filme Dias de greve”.

Dias de greve será exibido junto ao curta-metragem Rap, o canto da Ceilândia, ambos em cópias 35 mm.

Entrevista de Adirley Queirós à Revista Trip (na íntegra).

 

Programação


IMS Paulista

Sessão de 2/3/2023 foi cancelada
2/3, quinta, 19h
Sessão apresentada por Adirley Queirós

11/3, sábado, 18h

IMS Rio
4/3, sábado, 16h
Sessão apresentada por Adirley Queirós


Fora de campo + Meu nome é Maninho

Fora de campo
Adirley Queirós | Brasil | 2009, 52’, DCP (Cinco da Norte) | Classificação indicativa: 14 anos

Entre cerca de 500 clubes de futebol profissional no Brasil, apenas 8% fazem parte da chamada “elite” do esporte. A esmagadora maioria dos jogadores convive, assim, com condições precárias de trabalho, sem contratos ou carteira assinada, recebendo salários atrasados, sem férias ou benefícios. Neste documentário, Adirley Queirós e o codiretor Thiago Mendonça abordam o cotidiano de jogadores e ex-jogadores de futebol da segunda e terceira divisão do Distrito Federal. Assim como em Rap, o canto da Ceilândia, o filme parece interessado na dimensão do trabalho na vida de seus personagens, que vivem ou viveram a base de uma carreira que para muitos jovens periféricos representa o grande sonho da ascensão social.

Um mundo de clubes pequenos, longe dos patrocínios milionários e de uma infraestrutura técnica e médica, em que atletas como Maninho, que foi campeão pelo Guarani (SP), continuam a esperar uma segurança sempre distante. Um ex-jogador como Bé, ex-integrante do Vila Nova goiano, hoje trabalha como segurança. Raros, como Marquinhos Carioca, sobrevivem como técnicos depois de pendurar as chuteiras.

Realizado com recursos do edital DocTV, o filme de algum modo ecoa experiências da vida do próprio diretor, que dos 14 aos 24 anos se dedicou ao futebol profissional, tendo jogado nas equipes do Taguatinga e do Ceilândia.

 

Meu nome é Maninho
Adirley Queirós | Brasil | 2014, 15', DCP (Cinco da Norte) | Classificação indicativa: 12 anos

Durante a passagem da Copa do Mundo do Brasil, acompanhamos Maninho, um ex-jogador de futebol profissional que hoje trabalha como ambulante em Brasília, vendendo água e bandeiras das seleções.

O curta-metragem é parte da série A Copa passou por aqui, do canal SporTV. Alguns anos depois de ter colaborado com Adirley Queirós em Fora de campo, Maninho retorna em um contexto que destoa dos sonhos que alimentava no documentário anterior. Nesta retrospectiva, os dois filmes serão exibidos na mesma sessão.

 

Programação


IMS Paulista

Sessão de 2/3/2023 foi cancelada
2/3, quinta, 20h
Sessão apresentada por Adirley Queirós

19/3, domingo, 17h30

IMS Rio
26/3, domingo, 16h30


A cidade é uma só?

Adirley Queirós | Brasil | 2012, 79’, DCP (Vitrine Filmes) | Classificação indicativa: 10 anos

“Daí eu pensei em como fazer um filme bem legal, agradável e gângster: Brasília, I love you.”

Nancy, Dildu, e Zé Roberto vivem na Ceilândia. Nancy revisita a própria infância, quando foi uma das crianças usadas pelo governo em uma campanha para remover os moradores dos arredores de Brasília e enviar para territórios mais distantes. Dildu é faxineiro e candidato a deputado distrital. No mercado imobiliário, Zé Roberto negocia lotes nos arredores da Ceilândia.

Vencedor em 2012 dos prêmios de Melhor Filme pelos júris oficiais da Mostra Aurora do Festival de Tiradentes, do Forum Doc e do Cachoeira Doc, A cidade é uma só? traça uma reflexão em torno dos 50 anos de Brasília a partir dos contínuos processos de exclusão dos trabalhadores que ergueram e mantém a cidade de pé.

“O modo como o A cidade é uma só? foi feito já parte de uma urgência”, comenta o diretor em entrevista concedida em 2014 à Revista Cinética. “Ele foi pensado como um projeto de documentário, com duas personagens, mas no meio da filmagem nós tivemos uma crise, porque, apesar de eles estarem contando a história da Ceilândia, de um período que foi tenso, pauleira, eles faziam isso de forma muito nostálgica. Neste momento a gente teve um insight: se a gente fizer o filme desse jeito, a gente está fodido, porque só vai reforçar a narrativa oficial sobre a cidade. Apesar de ser uma narrativa histórica, ela é sempre contada de maneira que parece que tudo foi lindo, né? Inclusive, era um recorte de geração dos personagens: ‘a nossa geração foi linda, sofreu muito. Vocês não entendem nada’. A gente criou, então, novos personagens para provocar esse embate político. Era um filme que pensava num embate muito mais interno, na própria cidade. Apesar de meus filmes anteriores terem passado fora, a preocupação maior naquele momento era criar uma relação com os artistas locais, o que era também uma possibilidade explícita de enfrentamento. Eles jamais aceitariam uma narrativa dessa história com dois personagens que, na cabeça deles, eram dois loucos, grotescos. A perspectiva política então nasce a partir do local, e essas coisas locais, que se colocam ali, são também nacionais.”

Entrevista de Adirley Queirós à Revista Cinética (na íntegra).

 

Programação


IMS Paulista
4/3, sábado, 18h
9/3, quinta, 20h

IMS Rio
11/3, sábado, 18h


Branco sai, preto fica

Adirley Queirós | Brasil | 2014, 95’, DCP (Vitrine Filmes) | Classificação indicativa: 12 anos

Tiros em um baile de black music na periferia de Brasília ferem dois homens, que ficam marcados para sempre. Um terceiro vem do futuro para investigar o acontecido e levantar provas contra o Estado brasileiro.

“Era uma tentativa de uma espécie de cinema terrorista”, diz Adirley sobre o longa-metragem em entrevista à Revista Cinética. “Além disso, tinha o desejo de que os personagens pudessem se divertir mais com o filme. Porque essa história do documentário é muito foda, o cara chega sempre contando as misérias dele, né? É uma relação em que um expõe as misérias dele para o outro se sensibilizar e sair tranquilo dali no final, né? No Branco sai, preto fica, a gente queria que eles tivessem uma espécie de alegria com o filme. Uma espécie de vontade. E no caso estou falando deles, mas de mim também, porque também me interessava muito fazer um filme de gênero, uma aventura, pensando naquilo que eu assistia e gostava, lá atrás, também entendendo que, no tipo de filme que a gente faz, com a estrutura que a gente tem, essa busca da aventura sempre vai dar em uma outra coisa.”

“A minha busca era que esses caras pudessem ter o espaço deles como um espaço de criação. O Marquinho [do Tropa, que participara de quase todos os projetos anteriores do diretor] me reivindicou isso: ‘eu não quero contar essa história pra você. Você já contou, lá no começo você já fez o Rap, já está bom. Eu queria andar no filme. Queria levantar da cadeira e andar. Vocês não fazem cinema?’. Isso é uma forma de intervir radicalmente no que o outro quer de você, e eu acho que esse tipo de intervenção traz muito mais possibilidades do que aquela coisa do documentário tradicional que tem que estar aberto para as situações. Imagina, a gente não tem uma indústria, a gente não tem grana… se a gente propõe fantasias, é muito mais aberto ainda! Porque a gente não consegue fazer. A gente não sabe fazer, não tem grana pra fazer, e a gente não tem paciência pra fazer isso. Você faz a fantasia e não está exatamente como você queria, mas vamos assim mesmo (risos). Sem falar que todos os filmes que a gente faz são feitos por cinco pessoas. Mesmo a ficção tem que caber num carro. Então é uma aventura também nesse sentido: pode sempre ser um desastre fatal.”

Dentre diversos prêmios, Branco sai, preto fica foi eleito Melhor Filme pelo júri oficial do 47º Festival de Cinema de Brasília, em 2014.

 

Programação


IMS Paulista
4/3, sábado, 20h
16/3, quinta, 20h

IMS Rio
19/3, domingo, 18h


Fantasmas da casa própria

Adirley Queirós e Cássio Oliveira | Brasil | 2016, 5 episódios de 26' cada, DCP (Cinco da Norte) | Classificação indicativa: 12 anos

Enquanto um golpe parlamentar depõe a então presidenta eleita Dilma Rousseff, ouve-se falar em algumas coisas estranhas acontecendo por Ceilândia e seus arredores. Lobos circulam pelas ruas. O banco de sangue é roubado e especula-se que possa ter relação com vampiros. Toque de recolher e dispersões de gás se tornam rotina. Pelo menos é o que se tem visto e ouvido por aí.

Fantasmas da casa própria é uma série de cinco episódios que aborda a sedimentação dos processos de desigualdades sociais e de raça, a partir das relações de moradia e das disputas em torno do território da cidade. Não é obrigatório assistir aos episódios na sequência para a fruição da série.

Episódio 1 – Golpe
Érika Maria é uma jovem de classe média alta engajada nos movimentos pró-impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Durante o processo, ela elabora ações para colaborar com a pauta antigoverno, como a criação de uma ONG e um canal no Youtube que registra sua ação política.

Episódio 2 – Bob
Bob Nickson é um solitário cantor de música brega que vaga pelo mundo da noite tocando nas periferias de Brasília. Para quitar sua dívida da casa própria, Bob contrata Barbosa, um corretor de imóveis encarregado de negociar seus shows.

Episódio 3 – Rádio
Drica, Agostinho e Barbosa são apresentadores do “Ecos da noite, as notícias que brotam de Brasília”, um programa feito numa rádio comunitária.

Episódio 4 – Vampiro
Em 2016, entre os meses que precedem a mudança presidencial no Brasil e a euforia pela chegada das Olimpíadas do Rio, o governo do Distrito Federal entra com uma ação de processo de venda do edifício Ônix, despejando seus antigos moradores, incluindo Zé Maria, um guia turístico filho de pioneiros da construção com uma estranha obsessão por sangue humano.

Episódio 5 – MST
O cotidiano de luta pela reforma agrária da comunidade Dom Tomas Balduíno, um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no estado de Goiás.

Sobre este último episódio, escreveu Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da 25ª Mostra de Tiradentes, edição que rendeu homenagem a Adirley Queirós:

“Mais do que um registro prosaico do dia a dia, o episódio faz uma espécie de ensaio musical da mística do MST, seus cantos em uníssono, sua imagem numerosa de militantes que são voz e imagem desse corpo coletivo. A sequência final, fascinante: crianças do acampamento à noite no escuro e com lanternas cantam dentro de uma barraca de lona. O que liga essa cena a um expediente comum da obra do diretor é aquilo que liga o presente a um outro tempo. No caso aqui não se vai para o passado como geralmente vemos nos filmes de Adirley, mas se avança, se faz uma elaboração sobre o futuro. As crianças cantam o futuro de uma ‘pátria operária e camponesa, livre e forte, construída pelo poder popular’. É nesse ponto, em que crianças cantam um futuro livre, que vemos uma nota diferente de seus outros filmes nos quais o confronto ao fim se impõe. Aqui, na profecia coletiva das crianças, há a possibilidade de um outro mundo porvir.”

Citação extraída do site da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

 

Programação


IMS Paulista
Episódio 1
3/3, sexta, 18h

Episódio 2
9/3, quinta, 19h10

Episódio 3
11/3, sábado, 19h

Episódio 4
16/3, quinta, 19h

Episódio 5
19/3, domingo, 19h

 

IMS Rio
Episódio 1, 2 e 3
11/3, sábado, 16h

Episódio 4 e 5
19/3, domingo, 16h30


Era uma vez Brasília

Adirley Queirós | Brasil, Portugal | 2017, 100', DCP (Vitrine Filmes) | Classificação indicativa: 14 anos

Em 1959, o agente intergaláctico WA4 é preso e lançado no espaço. Recebe uma missão: vir para a Terra e matar o presidente da República, Juscelino Kubitschek, no dia da inauguração de Brasília. Sua nave perde-se no tempo e aterrissa em 2016 em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Este é um documentário gravado no ano 0 P.G. (pós-golpe), no Distrito Federal e região.

No 50º Festival de Brasília o filme recebeu os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Som. Em entrevista a Adriano Garret para o portal CineFestivais, um dia após a exibição no festival, Adirley Queirós comenta as ideias em torno do filme e a recepção anticlimática do público:

“A conversa do grupo [da CeiCine – Coletivo de Cinema de Ceilândia] era justamente essa: como que a gente podia radicalizar esse filme? O que estava muito claro é que a gente procuraria uma narrativa usando poucos elementos e buscando entender como que esses elementos (cenário, fotografia e som) estariam ligados principalmente a uma ideia de deslocamento. Então tinha essa radicalidade sim, essa vontade de fazer um filme que estivesse fora de uma curva como a do Branco sai, preto fica, que tinha uma curva catártica, ou coisa assim. Então tinha essa vontade de fazer algo que saísse desse lugar.”

“Lá no Branco sai tinha muito essa vontade de fazer um filme que vai explodir Brasília, um filme que vai ser catártico, em que a música será muito presente, no qual as vozes das pessoas serão fundamentais; tinham todos esses elementos que seguravam o filme assim. Já o Era uma vez é muito silencioso, quase não tem música, tem um ou outro encontro de diálogo e eles são muito vazios, porque estamos em um momento que é muito isso, né, cara? Esse discurso todo não leva a lugar nenhum. Há muito discurso e pouca possibilidade de que esse discurso se efetive entre nós enquanto uma ação.”

“A sensação que eu tive com o Era uma vez é exatamente a sensação que tive com Dias de greve, igualzinha, só que a pauta era outra. Naquele momento era pior ainda, porque eu tinha feito o Rap, o canto da Ceilândia, que estourou, o público em Brasília riu, bateram palma pra caralho, o que inclusive me incomodou na época. Depois, em 2009, quando lancei o outro filme, tinha uma expectativa enorme, ‘o cara que fez o Rap’, e lembro que me perguntaram ‘por que você não seguiu o caminho do Rap? por que você não foi nesse caminho de positividade, de todo mundo junto, unido?’. E no Dias de greve foi exatamente o mesmo disso agora, porque é um filme que cai num vazio, dá uma deprê, as pessoas comentam pouco, muita gente não gosta, falam que o filme é triste, melancólico.”

“O que se esperava nesse momento então era um filme que estivesse antenado com a pauta política de Fora Temer. Meu filme não é Fora Temer, ele é anti-Temer. Eu não estou dizendo ‘fora Temer’, eu estou dizendo ‘saia daí, usurpador, você tem que ser punido, condenado por isso, você tem que pagar por um crime de lesa-pátria que você tá fazendo de dilapidação de todo um imaginário brasileiro, dilapidação das leis de trabalho’, essas coisas todas. O que a gente está falando com o filme é bem por aí.”

Era uma vez Brasília marca o início da colaboração do diretor com Joana Pimenta, que aqui assina a direção de fotografia e é diretora, junto a Adirley, de Mato seco em chamas.

Entrevista de Adirley Queirós ao Cine Festivais (na íntegra).

 

Programação


IMS Paulista
5/3, domingo, 17h
26/3, domingo, 18h

IMS Rio
25/3, sábado, 16h


Programação

IMS Paulista: 1 a 29 de março
IMS Rio: 4 a 26 de março


São Paulo


IMS Paulista

1/3/2023, quarta
19h - Mato seco em chamas
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Marcia Vaz

Sessões de 2/3/2023 foram canceladas
2/3/2023, quinta

19h - Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
Sessão apresentada por Adirley Queirós

20h - Fora de campo + Meu nome é Maninho
Sessão apresentada por Adirley Queirós

3/3/2023, sexta
18h - Fantasmas da casa própria: episódio 1 - Golpe

4/3/2023, sábado
18h - A cidade é uma só?
20h - Branco sai, preto fica

5/3/2023, domingo
17h - Era uma vez Brasília

9/3/2023, quinta
19h10 - Fantasmas da casa própria: episódio 2 - Bob
20h - A cidade é uma só?

11/3/2023, sábado
18h - Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
19h - Fantasmas da casa própria: episódio 3 - Rádio

16/3/2023, quinta
19h - Fantasmas da casa própria: episódio 4 - Vampiro
20h - Branco sai, preto fica

19/3/2023, domingo
17h30 - Fora de campo + Meu nome é Maninho
19h - Fantasmas da casa própria: episódio 5 - MST

26/3/2023, domingo
18h - Era uma vez Brasília

29/3/2023, quarta
19h - Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
20h - Fora de campo + Meu nome é Maninho


Rio de Janeiro

4/3/2023, sábado
16h - Rap, o canto da Ceilândia + Dias de greve
Sessão apresentada por Adirley Queirós

17h - Mato seco em chamas
Exibição seguida de debate com Adirley Queirós, Joana Pimenta e Kleber Mendonça Filho

11/3/2023, sábado
16h - Fantasmas da casa própria: episódio 1 - Golpe + episódio 2 - Bob + episódio 3 - Rádio
18h - A cidade é uma só?

19/3/2023, domingo
16h30 - Fantasmas da casa própria: episódio 4 - Vampiro + episódio 5 - MST
18h - Branco sai, preto fica

25/3/2023, sábado
16h - Era uma vez Brasília

26/3/2023, domingo
16h30 - Fora de campo + Meu nome é Maninho

 


Ingressos

IMS Paulista

Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP

Exibições de Fantasmas da casa própria
Entrada gratuita. Sujeita à lotação da sala.
Ingressos distribuídos 1 hora antes de cada sessão. Limite de 1 senha por pessoa.

Outros filmes da mostra
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos no site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural.

Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia.
No ingresso.com, a venda é semanal: toda quarta-feira, às 18h, são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.

Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.

Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.


IMS Rio

Rua Marquês de São Vicente, 476
Gávea, Rio de Janeiro/RJ

Exibições de Fantasmas da casa própria
Entrada gratuita, por ordem de chegada. Evento sujeito à lotação.
Não haverá distribuição de senha.

Outros filmes da mostra
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos no site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural.

Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia.
No ingresso.com, a venda é semanal: toda quarta-feira, às 18h, são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.

Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.

Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.