O acervo de Baden Powell encontra-se sob a guarda do Instituto Moreira Salles desde 2012 e reúne um conjunto considerável e diversificado de itens que não só atestam a história que conhecemos como revela peculiaridades desse grande artista.
O acervo é constituído por documentos pessoais, cartas, cartazes, fotografias, desenhos, recortes de jornal, discos, fitas cassete, tapes, revistas, livros, partituras, um metrônomo e, claro, violões. Cada elemento desse conjunto está relacionado a um momento específico da trajetória de Baden, revelando aspectos comuns e extraordinários de um ser humano de marcante personalidade. Surgem imagens do Baden cidadão, pai, marido, amigo e também do sensacional violonista e compositor, artista genial. O Baden que não é mais exclusividade da família, que não se limita a um grupo seleto de amigos, que não pertence a um só lugar mas ganha o mundo, tornando-se de todos.
É de valor inestimável o acervo de um artista dessa magnitude, principalmente quando seu conteúdo revela aspectos de seu processo criativo. Nesse sentido, vale destacar um documento muito especial, uma partitura manuscrita na qual Baden registra diversos toques de berimbau, fruto de uma pesquisa a respeito da capoeira e outros temas afro-brasileiros. Num momento em que a vida já lhe conferia o título de mestre, Baden assume a posição de aprendiz diante de outro mestre, Washington Bruno da Silva, o Canjiquinha. Esse manuscrito registra apenas parte do que foi apreendido, pois o todo fervilharia no coração e no espírito criativo do artista, culminando em uma de suas obras mais representativas, os afro-sambas.
Elias Silva Leite é da equipe da Coordenadoria de Música do IMS