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Acervo de Orlando Brito, cronista visual da política brasileira, é incorporado pelo IMS

15 de dezembro de 2023

O acervo do fotojornalista, nascido em 1950 e morto em 2022, é composto por cerca de 400 mil imagens, além de documentos, equipamentos fotográficos e publicações, entre outros itens

Orlando Brito. Soldado monta guarda no Congresso Nacional depois da edição do AI-5. Brasília, DF. Dezembro de 1968 (Coleção Orlando Brito/Acervo IMS)

Com suas lentes, o fotojornalista Orlando Brito captou como poucos os bastidores do poder em Brasília, registrando de perto a rotina dos governantes, do período da ditadura militar até a Nova República. Em seis décadas de produção ininterrupta, documentou ainda o universo da cultura e do esporte no Brasil e viajou para mais de 60 países para coberturas jornalísticas.

Reunido ao longo de sua ampla trajetória, o acervo fotográfico de Brito acaba de chegar ao Instituto Moreira Salles. O conjunto é composto por mais de 400 mil fotografias, distribuídas em diferentes suportes, além de equipamentos fotográficos, documentação pessoal e profissional, premiações e publicações.

Brito nasceu em 1950 em Janaúba, Minas Gerais. Em 1957, mudou-se com sua família para Brasília, onde, aos 14 anos, começou a trabalhar no laboratório fotográfico do jornal Última Hora. Em 1968, transferiu-se para O Globo, onde consolidou sua trajetória no fotojornalismo. Trabalhou ainda na revista Veja, no Jornal do Brasil e na revista Caras. Em 1999, fundou sua própria agência de notícias, a ObritoNews, sediada em Brasília, que manteve ativa até seu falecimento. Ganhou o prêmio World Press Photo em 1979 e recebeu ainda 11 prêmios Abril. Ao longo de sua carreira, também publicou diversos livros, entre eles, Senhoras e senhores (1992) e Poder, glória e solidão (2002).

 

Orlando Brito foi ao longo de quase seis décadas um dos fotojornalistas mais atuantes em Brasília.

 

Em seu trabalho cotidiano, acompanhou a rotina de inúmeros presidentes, de Castello Branco a Jair Bolsonaro, sempre em busca dos bastidores do poder e driblando o cerceamento à liberdade de expressão. Entre as imagens emblemáticas que produziu, estão a do fechamento do Congresso Nacional, em 1977, o registro de João Figueiredo, Delfim Netto, Newton Cruz e Golbery do Couto e Silva se preparando para uma reunião, em 1982, além do famoso retrato de Ulysses Guimarães na rampa do Congresso, feito, por coincidência, dias antes do falecimento do político, em 1992.

O fotógrafo também documentou diversas edições da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Clicou ainda muitas manifestações, incluindo o palanque das Diretas Já, além de festas populares e religiosas. Também viajou diversas vezes ao Território Indígena do Xingu, onde registrou a cerimônia do Quarup.

Com a chegada ao IMS, as imagens do fotógrafo serão preservadas, digitalizadas e divulgadas. Seu acervo também se soma ao de outros fotojornalistas essenciais para a história do país, cujas obras estão sob a guarda do IMS, como José Medeiros, Evandro Teixeira e Januário Garcia.

O trabalho de Brito pode ser visto ainda no site Testemunha Ocular, dedicado ao fotojornalismo, lançado pelo IMS em 2022. Durante a idealização do site, Brito colaborou com o projeto, indicando diversos nomes do fotojornalismo brasileiro que passaram a integrar a plataforma.