Criança nem sempre foi o foco principal das lentes de Alécio de Andrade (1938-2003), mas, tanto quanto as personalidades do mundo das artes e as cenas cotidianas de Paris, o universo lúdico da infância é uma das marcas registradas da obra do fotógrafo, parte dela (cerca de 360 imagens) preservada pelo IMS. O ir e vir da garotada foi, aliás, o tema que lhe abriu as portas da capital francesa, onde Alécio desembarcou em meados dos anos 1960 para viver praticamente o resto da vida, na época levando na bagagem sua primeira exposição individual, Itinerário da infância.
A mostra havia estreado no Rio carimbada logo nas primeiras semanas em cartaz por um artigo de Carlos Drummond de Andrade inteiramente a ela dedicado. Publicado na edição de 30 de setembro de 1964 nas páginas do jornal Correio da Manhã – e reeditado no site 1964, arte e cultura no ano do golpe – o texto traz uma advertência do poeta a quem seguisse seus passos na Petite Galerie: “Se você não sair de lá com uma big ternura pela vida, então meu caro, desista de considerar-se gente; o provável é que você seja apenas um objeto falante, e mesmo isso…”
Drummond viu em Alécio a arte de captar o momento em que meninos e meninas “se revelam sem medo, naturalmente, apenas curiosos pelo que o fotógrafo está fazendo”. É por isso que neste 29 de abril, data de nascimento de Alécio de Andrade, recortamos de sua obra uma pequena mostra deste olhar particular sobre o fascinante mundo das crianças. Hoje a festa é delas!
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Crônica Alécio & criança, por Carlos Drummond de Andrade