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De volta para o futuro

09 de setembro de 2015

Nas voltas que o mundo dá, a Praça Mauá que foi reinaugurada no início de setembro no centro do Rio reatualizou muitos dos aspectos da vista aérea do lugar que Augusto Malta registrou em foto de 1941 (Acervo IMS). Em particular, a preocupação com o paisagismo e o contato da área de pedestre com a beira do cais às margens da Baía de Guanabara. Sete décadas de “progresso” foram abaixo junto com o elevado da Perimetral, impondo uma pequena derrota à cultura do automóvel que prevalece nas grandes metrópoles brasileiras.”É um resgate da história de uma cidade que olha para o futuro, mas preservando o passado”, afirmou o prefeito Eduardo Paes na solenidade de entrega do espaço ao público.

 

Vista aérea do Rio de Janeiro, da Praça Mauá para a zona sul, tendo ao fundo o Pão de Açúcar. Em destaque, a Avenida Rio Branco. c. 1929. Rio de Janeiro, RJ – Brasil. Fotografia de Augusto Malta / acervo IMS.

 

Nem tudo do passado do lugar é paradigma de tempos de preservação da paisagem urbana. O edifício A Noite, por exemplo, aquele que salta aos olhos pelo seu gigantismo na foto de Malta, foi construído no final dos anos 1920 movido pela obsessão carioca em orgulhosamente sediar ‘o maior arranha-céu da América Latina’, com 22 andares e 102 metros de altura, considerado na época a maior estrutura de concreto armado do mundo. A febre do desenvolvimento mobilizou o talento do arquiteto Joseph Gire (francês que assinou o projeto do Copacabana Palace) em parceria com o brasileiro Elisário Bahiana, mas, tanto quanto o caráter pioneiro do empreendimento e as influências do estilo art decó da fachada do prédio, foi determinante no seu tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em abril de 2013 o despertar no 22º andar do edifício de um fenômeno de comunicação de massa no Brasil: a Rádio Nacional lá funcionou nos anos 1940/50, apresentando em seu auditório as grandes estrelas do tempo que ficou conhecido como a ‘Era do Rádio’.

A Noite, apelido que o prédio ganhou por também abrigar a redação do jornal vespertino de mesmo nome, foi testemunha de inúmeras transformações urbanísticas a seu redor, mas talvez nenhuma tão profunda e generosa com o carioca quanto a atual: a ‘nova’ Praça Mauá é parte do grande projeto de recuperação da Zona Portuária do Rio, obra que, até os Jogos Olímpicos de 2016, pretende devolver à população uma região abandonada da cidade, recuperando ainda os caminhos históricos entre o porto e o Aterro do Flamengo através da Av. Rio Branco, esta que corta pelo meio a fotografia de Augusto Malta, hoje ladeada por arranha-céus de ponta a ponta da avenida.

 

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