Nos últimos seis anos a fotógrafa Maureen Bisilliat tem editado um documentário autobiográfico. Ao longo desse trabalho retornou a lugares e reencontrou pessoas que orientaram seu percurso como artista. A Bahia é um dos marcos desta trajetória, apresentada pela literatura de Jorge Amado, que provocou na inglesa o desejo de estar com os baianos e de fotografá-los. Na viagem de descoberta, uma grande sorte: ter conhecido Mario Cravo Júnior assim que chegou a Salvador, há exatas seis décadas.
O escultor, pintor, gravador e desenhista, um dos importantes nomes da arte moderna brasileira, morreu dia 1 de agosto de 2018, aos 95 anos, deixando um imenso legado. Centenas de obras suas estão espalhadas por todos os cantos de Salvador. O artista teve quatro filhos, o mais velho deles Mario Cravo Neto (1947-2009), que também foi escultor mas consagrou-se na fotografia, tendo registrado grande parte da obra do pai. Em seu acervo, que está no IMS desde 2015, pode-se ver expressivos retratos de Cravo Júnior, além de momentos do escultor em pleno trabalho, junto às suas criações.
Recentemente, ainda no processo de retomadas do filme, Maureen Bisilliat visitou Mario para gravar uma conversa entre os dois. Não falaram do ofício do artista, do mercado, das perdas e inconstâncias das longas existências de ambos. Falaram de paixões, encantamentos, permanências. Sobre o que o movia e o que ainda a move.
“foi me dada a graça de ter gravado 3, ou foi 4 anos atrás?...pois não me lembro bem da data, só dos gestos, das palavras e da risada, cheia de ironia e inteligência, de Mario, aquele que me introduz à Bahia – eu com 27 ele com 35 anos – 60 anos atrás, quando a orla era só sal areia e mar” (M.B.)
A conversa integral, gravada em Salvador em 2015, faz parte do acervo audiovisual de Maureen Bisilliat adquirido pelo IMS em 2017. Abaixo um breve trecho enviado por Maureen como homenagem (direção de fotografia e câmera de Fábio Knoll, e edição de Felipe Lafé) a Cravo Júnior.
Além das fotos feitas pelo próprio filho – entre elas um belo retrato de Cravo Júnior com outro fotógrafo presente no acervo do IMS, Otto Stupakoff – o artista baiano também pode ser visto em registros de outros fotógrafos, como Alice Brill e Madalena Schwartz.