Quando o acervo de Baden Powell chegou ao Instituto Moreira Salles, em 2012, a equipe da coordenadoria de Música teve o prazer de receber três violões. Não se tratam de instrumentos quaisquer: pertenceram a um dos maiores violonistas de todos os tempos.
Um deles é um violão Dieter Hopf, feito por este luthier alemão especialmente para o músico brasileiro. Quando eles se conheceram em Paris, na década de 1960, Baden acabara de se apresentar no Olympia com um violão gasto e remendado.
Hopf ficou impressionado com as duas coisas: o talento do músico e a precariedade do instrumento. Propôs um acordo: Baden apontaria os defeitos existentes nos violões do ateliê de Hopf e, em troca, ganharia dois novos por ano. Essa parceria durou duas décadas.
O violão que está no acervo do IMS permanece em tão bom estado que Marcel Powell, filho de Baden, ainda o utiliza em gravações.
No final da carreira, o autor de Berimbau, Consolação e outros marcos da canção brasileira usou um violão japonês e outro argentino. Este se encontra no IMS. Foi feito pelo luthier Anibal J. Crespo, que o deu de presente ao artista em 1995. Baden estava com ele, por exemplo, no último disco que gravou, Lembranças, em 2000.
Quanto ao terceiro violão, não se sabe se foi utilizado alguma vez por Baden, mas também é histórico. Pertenceu a Luiz Bonfá, outro mestre do violão brasileiro. A viúva de Bonfá entregou o instrumento, da marca Del Vecchio, a Marcel Powell, como se uma geração passasse o bastão a outra. Está muito bem guardado na reserva de Música do IMS.
Imagem no alto da página: violão feito pelo luthier Anibal J. Crespo
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