Paulo Jobim era conhecido no meio musical pelo talento gigantesco, pelas amizades solidamente construídas ao longo de anos de trabalho em estúdios e palcos, pela discrição e generosidade. Filho mais velho do maestro Tom Jobim, ele morreu em 4/11, aos 72 anos, deixando um legado de composições, colaborações e memórias de seus amigos. O Instituto Moreira Salles guarda em seu acervo uma série de imagens dele, ao lado pai, quando acompanhou Tom numa sessão de fotos realizada por Otto Stupakoff num dia de 1964 atipicamente cinzento e frio na Praia de Ipanema. Paulo, que tinha então 14 anos, acabou sendo fotografado ao lado do pai – ambos lindamente parecidos.
Em 2016, Paulo comentou para o IMS a série de imagens. Ao revê-las, observou que o que ainda chamava sua atenção era o visual “todo arrumadinho” para a ocasião. “Não sei para qual lugar ou ocasião foram feitas aquelas fotos, só me lembro que estávamos na praia de suéter. O que era algo muito diferente, interessante”, recordou.
Paulo Jobim atuou como instrumentista e arranjador em shows e gravações de discos de numerosos artistas. Com o pai, evidentemente, e também Chico Buarque, Sarah Vaughan, Astrud Gilberto (com quem se apresentou nos anos 1980), Lisa Ono e Milton Nascimento, entre muitos outros. Milton incluiu uma das mais belas canções de Paulo, Valsa (com letra de Ronaldo Bastos), no disco Clube de Esquina no 2.
Paulo também foi criador e presidente do Instituto Antonio Carlos Jobim, fundado em 2001 com o objetivo de preservar e difundir a obra do pai. Coordenou, criou os arranjos e assinou a direção musical do Cancioneiro Jobim, uma obra conclusiva, em seis volumes, com a biografia e a transcrição da totalidade das canções do pai. Em 2002, idealizou e produziu, com Mario Adnet, o projeto Jobim Sinfônico, contendo todas as peças orquestrais de Tom. No CD Falando de amor (2005), fez uma releitura da obra do pai.
As fotografias de Paulo ao lado de Tom integram o acervo de 16 mil imagens de Otto Stupakoff, adquiridas em 2016 pelo IMS.