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Pif-Paf de Millôr Fernandes

04 de dezembro de 2014

Em 21 de maio de 1964, Millôr Fernandes lançou Pif-Paf, versão ampliada e em formato revista da seção homônima que manteve até o ano anterior em O Cruzeiro. Ele, Claudius, Fortuna, Jaguar, Ziraldo e outros publicaram oito números em 1964, até que a perseguição da ditadura militar os fez desistir.

Apresentamos algumas páginas daquelas edições, que eram fartas em humor, inteligência e riqueza gráfica.

 

O primeiro Pif-Paf

Página de Pif-Paf n.1, de 21 de maio de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf n.1, de 21 de maio de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

 

Pif-Paf analisa uma caricatura

Textos de Millôr Fernandes e o desenho de Claudius que irritou os militares já no início da ditadura estão nas páginas do Pif-Paf.

Página de Pif-Paf n.1, de 21 de maio de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf n.1, de 21 de maio de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Cartilha para o povo

Millôr Fernandes se esforça no Pif-Paf para educar o povo, algo que os militares queriam muito em 1964. E Emanuel Vão Gogo, uma das mais famosas criações de Millôr, apresenta o seu “Alfabeto concreto”.

Pif-Paf, nº 1, p.11, de 21 de maio de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº1, p.18, de 21 de maio de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes, sob o pseudônimo de Emanuel Vão Gôgo. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

A prisão de Claudius

A equipe do Pif-Paf estava preparando as regras do Jogo da Democracia quando foi informada da prisão de um de seus colaboradores, Claudius, motivada pelo cartum publicado no primeiro número da revista. “Acabam de prender também um humorista. Só mesmo a nossa pretensiosa classe não tinha seu mártir.”

Pif-Paf, nº 2, p.2, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº 2, p.6, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes (texto e desenhos). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf explica uma piada de ilha deserta

O casal que discute a relação numa ilha deserta é um grande mote para anedotas. Na série “Pif-Paf analiza uma piada”, a equipe da revista mostra como, sob aparência selvagem, o homem do cartum é um intelectual, um ser de sangue frio. Talvez um humorista.

Pif-Paf, nº 2, p.10, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes (texto). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº 2, p.15, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Lições financeiras e de bons modos

“Dinheiro não é tudo. Tudo é a falta de dinheiro”, ensinam Millôr Fernandes e a equipe do Pif-Paf no nº 2 da revista que marcou 1964. Saiba também como um escoteiro ajudou um velhinho soltando seu cachorro atrás do idoso.

Pif-Paf, nº 2, p.12-13, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS
Pif-Paf, nº 2, p.21, de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf explica a revolução

Em sua 3ª edição, a equipe da revista faz um resumo dos últimos acontecimentos, define a mulher jovem e comenta uma decisão da suprema corte americana. Informa também que o resultado da promoção “Quinhentos contos por uma piada” sairia no 10º número do Pif-Paf, se Deus e o Ato Institucional permitissem (e não permitiram).

Pif-Paf, nº 3, p.3, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes (texto) e Fortuna (desenho). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº3, p.23, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf espanta especialistas: não tem grupos econômicos por trás

Especialistas já apontam o Pif-Paf como a revista mais séria do país. Eles estão maravilhados por não descobrirem nenhum grupo econômico por trás de nós. Nem pela frente. Neste número 3, Millôr e sua equipe respondem às cartas dos curiosos leitores.

Pif-Paf, nº 3, p.2, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº 3, p.17, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf lança robô para presidente

Estudando o comportamento dos partidos, a ambição de glória dos intelectuais, o vivo fluir e refluir dos grupos econômicos, o Pif-Paf, de Millôr Fernandes, chegou à conclusão de que não existe a possibilidade de um presidente perfeito. Assim sendo, oferecemos a candidatura de um robô. O Brasil precisa ser governado por um cérebro eletrônico, por um controle remoto.

Pif-Paf, nº2, p.18, de 1964, Rio de Janeiro. Ziraldo. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº3, p.5, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº 3, p.8-9, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf analisa uma cena de duelo

Na série “Pif-Paf analisa uma piada”, a equipe da revista discute uma cena que sugere, à primeira vista, um duelo entre um atirador e um corredor, mas que poderia ser apenas uma coincidência. Traz ainda observações sobre Confúcio, psicanalistas, dentistas e apresenta uma tragédia no “Teatro Corisco”.

Pif-Paf, nº3, p.10, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf, nº3, p. 12-13, de 22 de junho de 1964, Rio de Janeiro. Millôr Fernandes. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf quer saber: para onde você se inclina?

Jaguar reflete sobre a alta dos preços; Ziraldo desenha para propaganda de editora, na qual se avisa: “Se você prefere livros ruins, também temos e vendemos, embora com menos prazer”. Millôr e equipe escrevem sobre cinema e fazem um teste para saber para onde nos inclinávamos em 1964.

Página de Pif-Paf, n.3, p.15-16, de 22 de junho de 1964. Millôr Fernandes (texto), Jaguar e Ziraldo (desenho). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

A eterna guerra marido x mulher

Millôr Fernandes conta, no Pif-Paf de 22 de junho de 1964, mais um episódio da guerra sem fim entre marido e mulher. Uma relação de muito veneno, do DDT ao cianureto. E a equipe da revista responde às cartas de seus leitores, coitados.

Página de Pif-Paf, n.3, p.18-19, de 22 de junho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.4, p.2, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Millôr avisa: os generais estão generalizando

Millôr Fernandes escreveu no Pif-Paf de 6 de julho de 1964: “No Brasil, a cada dia que passa há mais noção de dever. Nós, os humoristas, humoristamos, e os generais agora realmente estão generalizando”. Ele ainda deseja ao leitor que “tudo vá de vento em popa, sobretudo a popa”.

Página de Pif-Paf, n.3, p.20-21, de 22 de junho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.4, p.3, de 6 de julho de 1964. Millôr Fernandes (texto) e Fortuna (desenho). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Um ABC de Millôr

Millôr Fernandes e a equipe do Pif-Paf espalham reflexões pelo alfabeto. Q de Quartelada: “General! Vamos surpreendê-los com uma democracia?”; T de Teje preso: “Uma polícia ainda indecisa dissolveu o comício com escoriações generalizadas”.

Página de Pif-Paf, n.4, p.5, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.3, p.24, de 22 de junho de 1964. Millôr Fernandes (texto) e Vilmar (desenho). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

O humorista-mártir do Brasil

Se você nunca pensou em dinamitar um porta-aviões, mandar pelos ares paióis de munição, metralhar o Palácio do Governo, destruir a Ponte Rio-Niterói ou esvaziar os pneus do diretor de trânsito, cuidado! Você pode vir a ser preso a qualquer instante. Foi o que aconteceu com o perigoso humorista Claudius em 1964. Millôr Fernandes e a equipe do Pif-Paf contam a história desse mártir.

Página de Pif-Paf, n.4, p.10, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.4, p.7, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

O sexo que nós perdemos

Millôr Fernandes lamenta no Pif-Paf de 6 de julho de 1964 que a maçã, essa fruta tão insípida, corresponda ao sexo que nós temos, segundo os padres. “Vocês já imaginaram o sexo que teríamos se a primeira dama nos tivesse tentado com um tamarindo bem maduro, daqueles de dar água na boca?”. Segundo ele, as experiências sexuais em Vênus são muito mais intensas do que as da Terra.

Página de Pif-Paf, n.4, p.7, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.4, p.22, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Anúncios desclassificados

Fortuna fustiga os militares com mais um cartum, no Pif-Paf de 1964. E a equipe de Millôr Fernandes lança os “Anúncios desclassificados”, com a tabela de preços mais baixa (em todos os sentidos) do mercado. Troca-se uma opinião e vendem-se homens novos ou usados.

Página de Pif-Paf, n.4, p.8 (à esquerda) e p. 24 (à direita), de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Pif-Paf e a vida comercial brasileira

Millôr Fernandes imaginou no Pif-Paf de 6 de julho de 1964 o contrato de uma casa comercial bem brasileira: “Em caso de falência, o lucro será dividido igualmente entre os sócios”. Esta edição tem outras pequenas grandes histórias, como as “Piadinhas psicas” e mais uma das “Fábulas fabulosas” de Millôr.

Página de Pif-Paf, n.4, p.12-13, de 6 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

No Pif-Paf, os grandes temas bíblicos

Jaguar começa com “A justiça de Salomão” sua série de cartuns baseada na Bíblia. Editado por Millôr Fernandes, o Pif-Paf de 6 de julho de 1964 também trouxe uma tabela peculiar de superlativos e respostas mordazes para as cartas dos leitores.

Página de Pif-Paf, n.4, p.16, de 6 de julho de 1964. Millôr Fernandes (texto) e Jaguar (desenho). Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.6, p.2, de 27 de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Dois gorilas e o fim do mundo

O mundo acabou. Sobraram um gorila e uma gorila. O que eles têm para comer é pouco e representa um grande perigo: o mundo começar de novo. O Pif-Paf, de Millôr Fernandes, contava em julho de 1964 essa história e uma outra curiosa, de uma fábrica de berços na antiga Alemanha Oriental.

Página de Pif-Paf, n.5, p.12-13, de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Como ficam os homens sem dona Rosinha?

Na série “Pif-Paf analisa uma piada”, Millôr Fernandes e equipe abrasileiram um cartum americano e mostram o desalento de um escritório após a saída de dona Rosinha, a única mulher que ali trabalhava. Mas, afinal, quem era dona Rosinha? Este é o grande mistério. Os sintomas da traição segundo Millôr Fernandes, “catedrático de desquites amigáveis”, aponta no Pif-Paf de julho de 1964 os sintomas de que um homem está sendo traído por sua mulher. Tudo pode começar no momento em que ele está mais seguro de si mesmo.

Página de Pif-Paf, n.5, p.4, de julho de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Adão, a maçã e a história

“Marido é um homem solteiro que deu azar”, escreveu Millôr Fernandes no Pif-Paf de 13 de agosto de 1964. Ele também criou uma “compossão infantiu” sobre o primeiro dos maridos, Adão, que arriscou tudo por causa da maçã, esta controvertida personagem histórica. Na mesma edição, Fortuna desenhou mais um garboso militar.

Página de Pif-Paf, n.7, p.12, de 13 de agosto de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf, n.7, contracapa, de 13 de agosto de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

O último aviso do Pif-Paf

Millôr Fernandes e a equipe do Pif-Paf fazem uma advertência: “Se o governo continuar deixando que algumas pessoas pensem por sua própria cabeça; e, sobretudo, se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos numa democracia”. Esta edição, de 27 de agosto de 1964, foi a oitava e última do Pif-Paf. A revista não resistiu ao regime militar.

Página de Pif-Paf n.7, p.7, de 13 de agosto de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Página de Pif-Paf n.8, contracapa, de 27 de agosto de 1964. Acervo Millôr Fernandes / IMS

 

Essas páginas de Pif-Paf foram publicadas por ocasião da exposição Em 1964: arte e cultura no ano do golpe, que lembrou os 50 anos da instauração da ditadura militar no Brasil e aconteceu no IMS Rio de 9 de fevereiro de 2014 a 4 de janeiro de 2015.

 

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