Ele já era campeão mundial pelo Brasil na Suécia, em 1958, quando foi servir o Exército dentro e fora de campo. Cássio Loredano encontrou nos arquivos dos Diários Associados sob a guarda do IMS esta foto de Pelé em formação clássica com o time campeão brasileiro militar de 1959.
- Cássio Loredano
“Ides comandar, aprendei a obedecer!” Está numa parede muito visível da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), para claro aviso aos cadetes. Quer dizer, primeiríssimas coisas na profissão das armas: obediência e hierarquia. E aqui temos a seleção do Exército no campeonato brasileiro militar de 1959, com ninguém menos do que o reco Edson Arantes do Nascimento no comando do ataque (à esquerda da linha agachada, o futuro "pai" Santana, massagista). Os verde-oliva, é claro, foram os campeões, contra os marujos e araújos.
Mas como é que ficava a hierarquia dentro das quatro linhas? Com exceção, talvez, de mais dois ou três soldados, boa parte do quadro devia ser de superiores de Pelé, cabos, sargentos, talvez jovens oficiais. Como reagiria o futuro atleta do século, já campeão do mundo, bem mais que o embrião do maior jogador da história, a uma ou outra pixotada dos companheiros?
Gérson talvez possa nos ajudar. Jogou pelo São Paulo dois campeonatos paulistas e, quando seu time enfrentava o Santos, ficava impressionadíssimo – e por vezes horrorizado – com a ascendência de Zito sobre Pelé. Pelo tipo de interpelação feita aos berros em campo, devia ser coisa que vinha dos tempos em que Pelé era ainda aspirante e Zito já capitão do time: “Porra, Crioulo, não quer jogar, sai!”
(Co)manda quem pode...
Mas encerremos pelo que devia ser para início de conversa. Pelé se apresentou à circunscrição de recrutamento de Santos na hora obrigada, aos 18 anos. E, sorteado o mês de outubro da classe de 1940 para servir – com todos os pistolões a que podia recorrer para sair livre –, serviu. Ponto.
Cássio Loredano é caricaturista e consultor do IMS.