Desejosos de saber onde andam os leitores que, nas décadas de 1940 a 1960, esvaziavam as prateleiras de títulos de Erico Verissimo das livrarias, o IMS criou, ano passado, um encontro para celebrar o escritor gaúcho. A sala encheu não só de leitores como de estudiosos da obra do autor de O tempo e o vento.
O entusiasmo foi tamanho que não permitiu dúvida: tínhamos de fazer o Tempo de Erico Verissimo II, no mesmo 18 de janeiro, só que de 2018. Dessa vez, além da exposição de Beatriz Badim de Campos a respeito da pesquisa sobre o livro inédito de Erico A hora do sétimo anjo, os presentes conheceram um pouco da agudeza e graça do escritor quando, entre 1953 e 1956, esteve à frente do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana. Convidado a dar palestras em universidades dos Estados Unidos, Erico não perdeu a chance de expor ideias sobre questões de direitos civis, regimes ditatoriais, cultura, literatura, educação e alfabetização.
Os discursos, só agora conhecidos no Brasil por meio de estudos feitos pela professora Maria da Glória Bordini, provam a contribuição do escritor em favor da unidade das Américas. Em 1955, no Hollings College, no Estado americano da Virginia, ele falou sobre a liberdade, naquele momento comprometida com as ditaduras argentinas, colombiana e brasileira, durante o o governo Vargas. O que diria ele hoje sobre o tema – fiquei pensando – sessenta anos depois? Como veria as diferentes faces da liberdade contemporânea?
Afora novidades como essa, o encontro de 2018 retomou alguns pontos do ano passado. Um deles foi trazer de volta a professora de história da arte Paula Ramos, autora do premiadíssimo A modernidade impressa, que conta belamente a história da Revista do Globo, de Porto Alegre. Causa espanto, deslumbramento, prazer estético ver a que nível de refinamento artístico chegou essa revista editada no Rio Grande, com mais que talentosa equipe de ilustradores. Mas isso não basta. Dessa vez Paula Ramos veio falar sobre a literatura infantil de Erico Verissimo e os magníficos desenhos que a ilustravam.
Conhecer as circunstâncias em que Paula desenvolveu esse trabalho de pesquisa, de fôlego incomum; ouvir dela a história do nascimento de sua paixão pelo desenho; saber como se deu a redescoberta da Revista do Globo; compartilhar o ardor com que ela se dedica ao trabalho investigativo é prazer que o Tempo de Erico Verissimo II oferece no vídeo que se publica aqui.
Assistindo-o, o espectador entenderá por que Paula Ramos parte para Berlim em fevereiro, como ganhadora da prestigiosa bolsa Humboldt. No campo das artes, é a primeira brasileira a ser contemplada com o régio programa. Na capital alemã, onde ficará um ano e meio, instalada em apartamento não menos humboldtiano, ela se dedicará ao estudo do ilustrador João Fahrion, uma, senão a maior, de suas paixões gráficas. Que ninguém duvide: ela trará maravilhas a serem parcialmente mostradas no Tempo de Erico Verissimo III, de 2019.