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O infarto da alma

Livro incontornável na carreira de Paz Errázuriz – feito em 1994 em parceria com a escritora Diamela Eltit e considerado um dos grandes fotolivros latino-americanos do século XX –, O infarto da alma é publicado pela primeira vez no Brasil pelo Instituto Moreira Salles, por ocasião da retrospectiva da fotógrafa no IMS Paulista.

Os retratos que Errázuriz realizou de casais apaixonados que se formaram dentro do hospital psiquiátrico Philippe Pinel, na cidadezinha de Putaendo, no Chile, são fruto, como em quase todas as suas séries fotográficas, de uma relação de anos de com esses indivíduos, calcada no respeito mútuo. São fotos de uma riqueza emocional sem par, distantes das tradicionais representações visuais da loucura; imagens que ajudam a dar corpo e voz a pessoas que beiram o esquecimento e que, ao se entregarem ao amor, resistem a toda despersonificação que já lhes foi imposta pela sociedade e pelo Estado. O texto de Eltit multiplica essas vozes, extraindo delas outros sentidos ao misturar e subverter gêneros (relato de viagem, ficção em forma de carta, poesia, ensaio e depoimentos colhidos in loco) para falar, em última instância, do amor – que tem, em comum com a loucura, uma “tendência a se fundir, a se confundir com o outro”.

Poderoso levante contra o discurso dominante da razão, esta é uma narrativa única e profundamente humana, em que as artistas chilenas conseguem unir todos nós, os de dentro e os de fora dos muros do sanatório, numa mesma vertigem amorosa.

Mais sobre a exposição Paz Errázuriz

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Fotografias: Paz Errázuriz
Texto: Diamela Eltit

Tradução: Livia Deorsola
Design: Bloco Gráfico
Posfácio: Miguel Del Castillo

Páginas: 88
Formato: 17 x 24 cm
ISBN: 9788583460572
Idioma: Português
Lançamento: 2020
Acabamento: Brochura

SOBRE AS AUTORAS

Paz Errázuriz (Santiago do Chile, 1944) iniciou sua carreira autodidata na fotografia durante os violentos anos 1970, quando se instaurava em seu país a ditadura militar de Pinochet. Seu trabalho se concentra sobretudo em pessoas à margem da sociedade, não raro também reprimidas pelo Estado por representarem formas de resistência ante as normas impostas. Indivíduos internados em hospitais psiquiátricos, travestis, membros de circos precários, prostitutas, lutadores de boxe amador, cegos, pessoas em situação de rua, idosos, uma etnia indígena em vias de extinção: todos surgem, em seus retratos, majoritariamente em preto e branco, com inteireza e dignidade, resultado de um processo criativo baseado na construção de um vínculo de confiança. Errázuriz expôs largamente pelo mundo, inclusive representando o Chile na Bienal de Veneza em 2015, e sua obra está nos acervos de instituições como Tate, Reina Sofía, Daros e Mapfre. Recebeu diversos prêmios; entre os mais recentes estão o Photoespaña, o Madame Figaro do Festival de Arles e o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Chile.

Diamela Eltit (Santiago do Chile, 1949) é escritora e professora universitária. Foi parte do grupo conceitual cada (Coletivo de Ações de Arte), em que a prática artística era exercida como forma de resistência ao regime de Pinochet. Sua obra literária transita entre a ficção e o ensaio, e é permeada pelas temáticas da ditadura e dos anos após o restabelecimento da democracia, da luta feminista e de outras questões relacionadas à política, ao corpo e à violência. Publicou, entre outros livros, Lumpérica, Por la patria, El cuarto mundo, Los vigilantes, Los trabajadores de la muerte, Mano de obra e, no Brasil, o romance Jamais o fogo nunca (Relicário, 2017) e os ensaios de A máquina Pinochet (e-galáxia, 2017). Sua carreira acadêmica começou no Chile nos anos 1970 e a levou a Columbia, Berkeley, Stanford e Cambridge, entre outras universidades.