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Contraste

Originalmente publicado em 1963 e esgotado durante um longo período, o livro reúne 19 poemas de Roberto Piva e fotografias do artista plástico Wesley Duke Lee. Desde sua primeira edição, Paranoia compõe uma das mais fortes parcerias artísticas que a cidade de São Paulo já inspirou.

Na época de seu lançamento, Paranoia teve o destino dos livros que nadam contra a corrente. De um lado, por sua índole contestadora, incomodou os críticos mais conservadores. De outro, por seu individualismo anárquico, confrontou a vanguarda literária mais programática na época, o movimento concretista. Em compensação, seus poemas foram cultuados por todos os leitores e artistas receptivos a uma sensibilidade profundamente libertária.

Paranoia é o mais eloquente exemplo da primeira fase da carreira de Piva, na qual o ímpeto para a transgressão talvez seja a característica predominante. Muitas tradições literárias entrecruzam-se nesta obra. Entre elas, vale citar a da meditação andarilha pela cidade, consagrada com Baudelaire e cuja influência varreu o mundo, alcançando a metrópole periférica de Mário de Andrade e do modernismo da primeira geração. Vale registro também o influxo dos poetas beat norte-americanos, com sua apologia do desejo irrefreado, seu destemor diante da alternância entre os registros alto e baixo, sua livre associação de ideias e referências e sua adesão ao escape proporcionado pelas drogas. “Uma visão alucinatória de São Paulo”, foi como Piva definiu seu livro.