No dia 23 de abril de 2012, Pixinguinha, um dos maiores compositores da música brasileira, completaria 115 anos de idade. Em comemoração à data, o Instituto Moreira Salles e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo lançaram este livro. Organizada por Bia Paes Leme, coordenadora do acervo de música do Instituto Moreira Salles, Pedro Aragão, bandolinista e regente, e Paulo Aragão, violonista e arranjador, a publicação reúne 20 partituras, dentre elas nove inéditas e outras 11 há muito tempo inacessíveis ao grande público.
A série de partituras inéditas reflete períodos históricos e influências diversas da carreira musical de Pixinguinha, e pode ser dividida em diferentes conjuntos, segundo Pedro Aragão em seu texto de introdução ao livro. O primeiro, representado por composições que remetem à linguagem do choro do século xix, foi produzido durante a juventude de Pixinguinha. No segundo conjunto, poderiam ser agrupadas músicas nas quais se nota a influência da efervescência cultural do Rio de Janeiro nas duas primeiras décadas do século xx, quando a então capital da República atraía populações de todas as partes do país e do mundo, reunindo influências musicais tão díspares como as da música nordestina e norte-americana. Um terceiro conjunto apresenta Pixinguinha em plena maturidade como compositor. São choros e valsas que facilmente poderiam ser enquadrados na categoria de clássicos por sua genial invenção melódica e coesão entre as partes.
Na categoria das redescobertas, foram encontradas joias musicais ignoradas até hoje que revelam facetas pouco conhecidas do compositor. Trata-se de uma seleção de músicas cujas edições, em sua maioria das décadas de 1940 e 1960, encontravam-se esgotadas há muito tempo. Muitas das edições também traziam erros frequentes de melodia e harmonia. A seleção traz choros, valsas, tangos e outros gêneros, cuidadosamente revisados e harmonizados.
Pixinguinha (Rio de Janeiro, 1897-Idem, 1973), apelido de Alfredo da Rocha Viana Filho, foi flautista, saxofonista, compositor e arranjador. É considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira e contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva. Filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos, aprendeu música em casa. Começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes, continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.
Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito Batutas, ativo a partir de 1919. Na década de 1930, foi contratado como arranjador pela gravadora rca Victor. Na década de 1940, passou a integrar o regional de Benedito Lacerda. Compôs “Carinhoso”, um de seus grandes sucessos, entre 1916 e 1917.