A publicação consiste de uma caixa especial com 36 partituras mais um livro com textos da organizadora do projeto e coordenadora de música do Instituto Moreira Salles, Bia Paes Leme, da pesquisadora Anna Paes, do violonista e arranjador Paulo Aragão e do bandolinista e maestro Pedro Aragão. As partituras reunidas nessa edição especial (duas delas de músicas inéditas do próprio compositor) trazem para o público um lado ainda pouco conhecido de um dos mais importantes nomes da música brasileira, o de arranjador.
Entre as décadas de 1940 e 1950, Pixinguinha trabalhou como diretor musical do programa O Pessoal da Velha Guarda, transmitido pela Rádio Tupi e apresentado por Almirante. O programa evocava o rico cenário musical do final do século xix e início do século xx, período em que se construiu a identidade da música popular brasileira. Com um clima saudosista, trazia aos ouvintes arranjos de Pixinguinha tanto para composições mais antigas – de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Mário Álvares, Paulino Sacramento, entre outros – como para obras de compositores contemporâneos, como Jacob do Bandolim e o próprio Pixinguinha, que dialogavam com a sonoridade típica daquele momento peculiar, em que conviviam ritmos como a polca, o tango, o maxixe, a valsa, a marcha e o schottisch.
As partituras e o livreto que as acompanha estão condicionados em caixa de acabamento requintado, que traz as partituras editadas uma a uma, separadamente, para que a utilização pelo instrumentista ou regente seja confortável. A edição caracteriza-se como mais um item de colecionador. A impressão e o acabamento foram realizados nas oficinas gráficas da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
O material reunido nesta edição especial é resultado de um minucioso trabalho de pesquisa e fixação do texto musical, feito a partir do Acervo Pixinguinha, coleção cuja guarda foi cedida por sua família em 2000 ao Instituto Moreira Salles. O acervo é formado por documentos pessoais, medalhas, troféus, recortes de jornais, centenas de fotos, registros orais e, em seu núcleo principal, cerca de mil conjuntos de partituras. Digitalizadas e catalogadas, as partituras vêm sendo estudadas por músicos que dominam tanto o choro quanto a linguagem da música formal, sob coordenação de Bia Paes Leme.
Pixinguinha (Rio de Janeiro, 1897-Idem, 1973), apelido de Alfredo da Rocha Viana Filho, foi flautista, saxofonista, compositor e arranjador. É considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira e contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva. Filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos, aprendeu música em casa. Começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes, continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.
Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito Batutas, ativo a partir de 1919. Na década de 1930, foi contratado como arranjador pela gravadora rca Victor. Na década de 1940, passou a integrar o regional de Benedito Lacerda. Compôs “Carinhoso”, um de seus grandes sucessos, entre 1916 e 1917.