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A 15º edição da serrote, revista quadrimestral de ensaios do Instituto Moreira Salles, traz o caderno especial “Retrato da rua”, com três verbetes-ensaios escritos por intelectuais que aceitaram analisar, no calor do momento, os protestos que varreram o país. “Revolta”, por Carla Rodrigues, “Repressão”, por Tales Ab’Sáber, e “Radicalismo”, por Ruy Fausto. A essas três vozes, somam-se as vozes da imprensa, dos cartazes e das palavras de ordem, compiladas pelo jornalista Paulo Werneck.

A capa da serrote #15 traz a imagem de um painel pintado por Jacob Lawrence na década de 1940, da coleção The Migration Series. Outras pinturas da mesma série ilustram o artigo “Notas de um filho nativo”, de James Baldwin, um texto clássico sobre a consciência racial nos Estados Unidos. Também nesta edição, o ensaio vencedor do 2º prêmio de ensaísmo serrote, “A arquitetura dos intervalos”, de Francesco Perrotta-Bosch, que relaciona a obra 4’33”, de John Cage, com a arquitetura do Museu de Arte de São Paulo, Masp.

O ensaio pessoal de Alejandro Zambra narra o momento em que os estudantes de literatura nascidos em 1970 assistiram incrédulos à chegada dos computadores. As máquinas de escrever de William Kentridge ilustram o texto. Adam Gopnik comenta o estilo inconfundível de Gertrude Stein e as impressões da escritora americana sobre a capital francesa em “Uma americana é uma Americana”, publicado como prefácio da nova edição americana de Paris França. É ilustrado com retratos de Gertrude realizados por Man Ray em 1926.

O ensaio “Dostoiévski lê Hegel na Sibéria e cai em prantos”, do filósofo húngaro László Földényi, analisa o julgamento de Hegel sobre a região russa. Por ser uma área isolada, a Sibéria teria sido rejeitada pela história, eliminada do mapa. Pinturas de Kazimir Malevich acompanham o texto. Em “Aspereza do mundo, concisão da linguagem”, o escritor Milton Hatoum discorre sobre a habilidade de Graciliano Ramos em reunir protesto veemente com uma sofisticada elaboração narrativa. O ensaio foi lido na abertura da 11ª Festa Literária Internacional de Paraty, Flip. As imagens que acompanham o texto são colagens de tecido e acrílico sobre madeira, elaboradas por Daniel Senise.

Ilustrado com imagens de Piranesi, o texto “Nostalgia de ruínas”, de Andreas Huyssen, comenta o fato de o tempo ser irreversível.
Jean Starobinski, em “O doutor Gachet de Van Gogh”, analisa as três obras do pintor holandês, que retratou a “expressão atormentada” do médico como emblema da melancolia. Em “Alta ansiedade”, Julian Barnes aponta como as imagens de grupo, especialmente as telas de Henri Fantin-Latour, podem ser responsáveis por lançar os artistas à posteridade ou à obscuridade.

“Running Room”, de Hal Foster, o destacado nome na arquitetura contemporânea, dialoga com o ensaio “Junkspace”, de Rem Koolhaas, publicado na serrote #9. As colagens do coletivo inglês Archigram acompanham o texto.
Ilustrado por imagens de Felipe Cohen, o texto “Cartas de amor”, de Alberto Manguel, define os diálogos escrito pelos amantes como um gênero literário de misteriosas regras.