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A serrote 22 publica na íntegra nesta edição o livro “Catarata”, do escritor John Berger (1926). Lançada em 2011, a obra traz fragmentos sobre a operação que o autor fez nos dois olhos, com ilustrações do artista turco Selçuk Demirel (1954).

Escrito na década de 1950 pela ensaísta e romancista autodidata Lucia Miguel Pereira (1901-1959), “Sobre os ensaístas ingleses” foi publicado originalmente como prefácio a uma antologia de ensaios ingleses. Lucia defende que, embora a forma do ensaio tenha surgido na França, foi na Inglaterra que ele floresceu.
Em “Sobre os ensaístas de periódico”, William Hazlitt (1778-1830), um dos maiores nomes do ensaísmo britânico, fala sobre a geração de ingleses que, no século 18, recriou a forma inventada por Montaigne.
Os dois textos são ilustrados por colagens do artista britânico Peter Blake (1932), nome fundamental da pop art.

Considerado o “príncipe dos ensaístas” por Virginia Woolf, o inglês Max Beerbohm (1872-1956) teve vida longa e marcada por diversas atividades: foi crítico, caricaturista, ensaísta e romancista. De Beerbohm, a serrote publica cinco desenhos e “O espírito da caricatura”, de 1901, inédito em português. Para o autor, a função do caricaturista é apresentar o que há de mais peculiar em seu personagem, buscando uma risada meramente estética, que corresponde às lágrimas derramadas diante de uma escultura, como a Vênus de Milo.

Em “Contra a autocrítica”, o psicanalista inglês Adam Phillips (1954) investiga as tarefas que Freud atribuiu ao conceito de superego. Por ser censor, juiz e pai dominador, o superego faz com que as proibições se transformem, paradoxalmente, em nossos principais prazeres. Para Phillips, somos seres ambivalentes: amamos, mas também odiamos e vice-versa. A série de desenhos Comic Strip, de 1962, de Gerhard Richter (1932), acompanha este ensaio.

O livro “Encontros com Samuel Beckett”, do francês Charles Juliet (1934), é publicado na íntegra na serrote. Nas quatro conversas do poeta com o dramaturgo irlandês, entre 1968 e 1977, predomina o silêncio eloquente característico do universo beckettiano.

Em “Robeson em Manhattan”, Joseph Mitchell (1908-1996) lembra sua infância na Carolina do Norte. Árvores, animais, rios e histórias de família são cenários e personagens deste livro de memórias inacabado, inédito em português. As plantas que ilustram o ensaio são de Janet Malcolm (1934), extraordinária jornalista que mantém uma discreta carreira nas artes visuais.

Em “O fator Ileana Sonnabend”, Laura Erber (1979) faz um perfil da galerista e colecionadora, um dos nomes mais importantes para as vanguardas artísticas nos EUA e na Europa, conhecida como “Mom of Pop”. Fotografias polaroides de Ileana Sonnabend feitas por Andy Warhol ilustram o ensaio.

A serrote publica três acidentados diários de viagens: um russo no Brasil; um chileno na Itália e um brasileiro na Colômbia.
Em “Depois de uma viagem ou Homenagem às vértebras”, o poeta russo Joseph Brodsky (1940-1996) narra sua atribulada estadia de uma semana no Rio de Janeiro, em 1978, quando veio participar de um congresso.
Em “À procura de Pavese”, Alejandro Zambra (1975) viaja a Santo Stefano Belbo, cidade onde Cesare Pavese nasceu 100 anos antes.
Paulo Roberto Pires (1967), em “Devíamos ter ficado em casa?”, relata a viagem que fez para Santa Cruz de Mompox, uma pequena cidade na Colômbia, a convite da Fundación Gabriel García Márquez para el Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI).