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Contraste

Albert O. Hirschman (1915-2012) abre esta edição com a conferência “Duzentos anos de retórica reacionária”, em que analisa movimentos antiprogressistas desde a Revolução Francesa até os EUA da década de 1980. Contundente crítico do conservadorismo, Hirschman analisa os principais argumentos que sustentaram ataques às conquistas sociais nos últimos séculos.

serrote publica texto inédito de Rodrigo Nunes (1978), professor do departamento de filosofia da PUC-Rio, sobre as novas formas de mobilização política. Em “Anônimo, vanguarda, imperceptível”, Nunes defende que a crise da democracia e da representação abre espaço para um “ativismo de código aberto”, com movimentos que não dependem de lideranças claramente identificadas ou estruturadas.

Em “Erguer, acumular, quebrar, varrer, erguer…”, Carla Rodrigues (1968), filósofa e professora da UFRJ, propõe que o feminismo vive sua quarta onda, composta por jovens, negras, trans, lésbicas, prostitutas, intelectuais e muitas outras vozes. Para Carla, essa nova fase do movimento é impulsionada pelas ameaças atuais às conquistas feministas de gerações anteriores.

O trabalho da artista paulista Sandra Cinto (1968) acompanha esse ensaio. Sua obra integra o acervo de importantes instituições como Inhotim e Pinacoteca do Estado de São Paulo. É dela a capa da edição.

“Esse cabelo”, da angolana Djaimilia Pereira de Almeida (1982), é um excerto de seu livro homônimo lançado em Portugal em 2015 e que será publicado no Brasil ano que vem. Nesse ensaio autobiográfico, a história de seu cabelo crespo reflete a trajetória de sua família de imigrantes e a relação entre África e Europa.

Considerada uma das pioneiras da fotografia conceitual, Lorna Simpson (1960) foi a primeira artista afro-americana a participar da Bienal de Veneza. Suas colagens ilustram esse ensaio.

A partir de livros de memórias de transexuais e de histórias como a da ex-atleta Caitlyn Jenner, protagonista do reality show I am Cait, a teórica feminista Jacqueline Rose (1949) mapeia os conflitos do movimento trans. Longe de ser aberto a todas as possibilidades, ele é um campo de divergência entre a conquista de uma nova identidade e o embaralhamento voluntário das categorias sexuais, diz Rose no ensaio “Quem você pensa que é?”, originalmente publicado na London Review of Books.

Craig Calderwood (1987) é uma artista transgênero americana que vive e trabalha em São Francisco. Sua série 559 ilustra o ensaio.

serrote publica ensaio inédito de José Luis Passos (1971), autor do recém-lançado romance “O marechal de costas”. Em “O estilo dos cães”, Passos analisa a relação entre personagens humanos e caninos em obras de Tolstói, Graciliano Ramos e José Lins do Rego para refletir sobre o que chama de “pacto entre desiguais”. Um acordo tácito e solidário que destoa da algaravia de radicalismos do presente.

Outro ensaio pessoal é o inédito “O círculo e a linha”, de Felipe Charbel (1977), historiador e professor da UFRJ. Já “Inspiração e obsessão” resulta de uma conferência proferida por Joyce Carol Oates (1938), uma das vozes mais prolíficas da literatura americana, em janeiro de 2015 na Biblioteca Pública de Nova York. Alberto Martins (1958) assina o Alfabeto serrote da edição.

A edição apresenta ainda imagens de Al Taylor, Daniel Trench, Rirkrit Tiravanija, Sammy Stein e Tatiana Blass.