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Contraste

A sétima edição da revista semestral de fotografia contemporânea do Instituto Moreira Salles, publicada em outubro de 2014, traz um especial de quase cem páginas dedicado ao projeto Offside – uma colaboração entre talentos brasileiros e fotógrafos da lendária agência Magnum. No time da Magnum, Alex Majoli, David Alan Harvey, Jonas Bendiksen e Susan Meiselas. Juntaram-se a eles seis nomes da nova safra brasileira: Bárbara Wagner, Pio Figueiroa, André Vieira, Breno Rotatori e os coletivos Mídia Ninja e Garapa.

Outro destaque deste número são os retratos deslumbrantes do fotógrafo mineiro Assis Horta, que tem sua trajetória narrada por Dorrit Harazim. Horta nasceu em 1918 e eternizou o patrimônio arquitetônico e a sociedade de Diamantina. Mas o grande impulso de sua carreira veio com a promulgação da CLT, em 1943, quando Getúlio Vargas tornou obrigatória a carteira profissional com foto – era o empurrão que faltava para que a classe trabalhadora entrasse no estúdio fotográfico. Nos anos que se seguiram, Horta retratou centenas de pessoas, muitas pela primeira vez.

Grande nome do pós-guerra no Japão, Daido Moriyama (1938) fez parte da geração que revolucionou a relação da fotografia com a página impressa. Consagrado por inúmeros livros fotográficos em preto e branco, Moriyama flagrou a cena artística japonesa e as transformações da vida rural e urbana de seu país. Para homenageá-lo, ZUM publica um texto da série autobiográfica Memórias de um cão, acompanhado de um portfólio de imagens selecionado pelo próprio fotógrafo.

No ano em que se comemora o centenário da Primeira Guerra Mundial, o artigo de Hilary Roberts, curadora de fotografia do Museu Imperial da Guerra de Londres, mostra como a manipulação das imagens na imprensa, até então amplamente aceita, foi debatida e proibida durante o conflito.

No ensaio Para onde foi a senzala?, o professor de história Mauricio Lissovsky compara a foto de um linchamento recente à imagem de capa da nova edição de Casa-grande & senzala, clássico de Gilberto Freyre. A subtração da senzala e do negro na capa podem indicar um deslocamento de sentido que retorna em imagens ainda mais violentas.

A edição traz ainda um texto utópico e premonitório do filósofo Vilém Flusser (1920-91), escrito em 1985 e inédito em português. Nele, o autor prevê uma revolução cultural com a invenção de um novo tipo de fotografia (eterna, animada e interativa), anos antes de a fotografia digital e as redes sociais sequer existirem. Nascido em Praga, Flusser viveu no Brasil entre 1940 e 1972, onde construiu os alicerces de sua inovadora teoria da comunicação, que apenas agora começa a ser inteiramente compreendida.

A  edição da ZUM (#7) traz a lombada solta como uma inovação gráfica. Os cadernos da revista foram costurados à mão e colados sutilmente, para que a abertura da revista seja plena, a 180º, o que permite a fruição total das fotografias, sobretudo as que ocupam página dupla.

Idioma: Português (Portuguese with English insert for international orders)