Os filmes de Lincoln Péricles LK
Estes filmes fazem parte da programação Novembro Negro.
Lincoln Péricles LK nasceu e mora no bairro do Capão Redondo, periferia de São Paulo. É diretor, roteirista, montador e educador, somando mais de doze anos trabalhando com filmes produzidos em sua quebrada, que circularam entre cineclubes e coletivos periféricos, banquinhas de camelô, becos e vielas, e eventualmente em festivais nacionais e internacionais. Em fevereiro de 2020 teve seu trabalho destacado pela Cahiers du Cinéma, que descreve sua obra como "Um cinema longe do imaginário ligado às favelas, que inventa sua própria forma, áspera e necessariamente imperfeita, entre intervenção e arquivo visual do bairro".
O cineasta também dedica-se desde o início da sua trajetória à processos autônomos de educação em cinema. Atualmente faz parte da organização da Escola Popular de Cinema do Capão Redondo e é membro dos coletivos de produção Rango de Classe e ZICAA; além de estar a frente da impulsionadora Astúcia Filmes e do Ayni Studios. Atua como professor de basquete e orientador físico no projeto social Basquete e Autonomia.
Neste mês de novembro, o artista estará no IMS para participar do Festival ZUM, que acontecerá nos dias 2 e 3 de novembro e também para apresentar uma seleção de seus curtas-metragens no Cinema do IMS, no sábado, dia 9 de novembro, com reprise na terça-feira, dia 26.
Em entrevista a Renan Eduardo para o portal Câmara Escura, em 2022, LK diz: “Quem faz cinema dentro dos nossos territórios precisa ter noção de quão histórico é filmar todo dia o mesmo muro de sua quebrada. Nós somos frutos de invasões, expulsões, violências… Então, registrar todo dia esse espaço, que se modifica diariamente, é documentar e produzir contraprova contra as provas que o Estado tem contra nós. Dei o exemplo do muro, mas, quando você faz um filme, de ficção ou documentário, em que os personagens da quebrada e/ou personagens racializados tem subjetividade, você está produzindo uma contraprova a despeito de tudo que o audiovisual burguês e branco tentou construir. E não só isso: é contra filmagens policiais, estatais, cinejornais e qualquer fita nesse sentido. A gente sabe que a ferramenta está, desde o início, na mão desses invasores, dos que nos expulsaram e continuam expulsando para cada vez mais longe da dignidade.”
Blog do cinema:
Cinema em movimento, cinema de movimento - Lincoln Péricles ►
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2014, 16’, Arquivo digital (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
A reunificação pacífica não acontecerá.
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2023, 10’, DCP (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
Uma criança descobre os registros do movimento popular que construiu sua quebrada, o Povo em Ação. Através de seu olhar alegre, ela imagina o passado da comunidade e as vidas das pessoas que formaram o mutirão.
“Sempre pensei em fazer um filme infantil. Mutirão, pra mim, tinha que começar e terminar com a voz de uma criança falando sobre aquelas imagens”, comenta LK em entrevista a Renan Eduardo para o portal Camara Escura. “Queria fazer um filme para Duda, mas também gostaria que ela estivesse elaborando e fabulando junto comigo. Quando comecei a fazer o filme, eu tinha uma aposta: ‘tenho essas imagens que estão quase se perdendo, um acervo que corre risco [da Associação Povo em Ação] e vou mostrar para alguém que habita esses espaços e frequenta o movimento social’. A mãe da Duda é da Povo em Ação, queria saber se Duda ia sacar que aquela era a rua dela vendo as imagens antigas do mesmo lugar. Poderia acontecer dela falar assim: ‘não tem nada a ver essas fotos, não sei de nada e tal’. Mas, ela topou de toda forma.”
“Nós sempre fazemos várias brincadeiras que envolvem audiovisual. Duda filma e grava muito. Sempre trampamos com ela. O cinema e audiovisual são parte do processo pedagógico dela, de aprender a ler o mundo. Se não tivesse filme, pelo menos tinha o processo educativo. E aí eu buscaria fazer esse filme de outro jeito. Mas, quando mostrei para ela, me surpreendeu que ela começou automaticamente a fabular. No meio, descobriu qual era o lugar e, no final, Duda percebeu que era o nosso filme. E começa aquela coisa de “dá um zoom aqui, corta aqui”, sabe?! Não dirigindo, porque era uma brincadeira. (...) No meio do processo, ela começou a reparar nas crianças, algo que eu não havia reparado antes. Isso é doido, né?”
Entrevista do diretor Lincoln Péricles a Renan Eduardo para o portal Camara Escura (na íntegra) ►
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2015, 10’, Arquivo digital (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
Alguns dias antes da Copa do Mundo no Brasil, um operário reflete sobre seu trabalho.
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2016, 7’, Arquivo digital (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
Colagens da vida periférica.
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2024, 9’, DCP (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
O diretor Lincoln Péricles (LK) revisita memórias registradas desde as primeiras câmeras e microfones que teve acesso, construindo um filme em formato mixtape de rap, misturando sons e imagens do cinema brasileiro e desnaturalizando as imagens de trabalho.
O filme é uma jornada sensorial que se desenrola através de uma mistura eclética de materiais de arquivo, capturados ao longo de décadas em diversos formatos, desde antigas fitas VHS até registros digitais contemporâneos. LK utiliza habilmente esses fragmentos do passado para costurar uma tapeçaria audiovisual que não apenas celebra a rica cultura das periferias, mas também questiona a preservação da identidade e da história da classe trabalhadora no Brasil.
Ao longo do documentário, LK tece sua própria história pessoal com a história coletiva da classe trabalhadora brasileira. Ele compartilha suas memórias, suas reflexões sobre a evolução da periferia de São Paulo e sua visão sobre a importância vital de preservar essas narrativas para além do simples elogio. Meu amigo Pedro MIXTAPE não é apenas um mergulho nos arquivos de LK, mas uma reflexão poética sobre a transformação das comunidades, os desafios enfrentados pela classe trabalhadora e a necessidade urgente de preservar essas memórias como um ato de resistência cultural.
Lincoln Péricles LK | Brasil | 2022, 28’, Arquivo digital (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
Domingo de sol na quebrada. Um tio babão, uma mãe zika, uma criança artista.
Lincoln Péricles LK e André Novais Oliveira | Brasil | 2024, 24’, DCP (Astúcia Filmes) | Classificação indicativa: livre
Dois amigos não vão trabalhar hoje.
IMS Paulista
Entrada gratuita. Sujeita à lotação da sala.
Ingressos distribuídos 1 hora antes de cada sessão. Uma senha por pessoa.