O filme Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues, será exibido junto ao curta-metragem Fantasma neon, de Leonardo Martinelli.
Classificação indicativa da sessão: 18 anos
João Pedro Rodrigues | Portugal, França | 2022, 67', DCP (Vitrine Filmes) | Classificação indicativa: 18 anos
2069, ano talvez erótico – logo veremos –, mas fatídico para um rei sem coroa. No seu leito de morte, uma canção antiga o faz rememorar árvores, um pinhal ardido e o tempo em que o desejo de ser bombeiro para libertar Portugal do flagelo dos incêndios foi também o despontar de outro desejo.
Neste filme que se apresenta como uma fantasia musical, João Pedro Rodrigues tensiona, a partir de seu ponto de vista, visões de raça, classe e sexualidade, ao fabular o encontro amoroso entre Alfredo, um homem branco, um “príncipe” que não quer ser príncipe, e Afonso, aparentemente o único homem negro entre os bombeiros da corporação. Uma tensão que se coloca já em uma das primeiras imagens, na qual descendentes brancos da família real estão em primeiro plano e têm ao fundo uma pintura do fim do século XVIII realizada no seio do racismo colonial português pelo pintor oficial do império. João Pedro Rodrigues fala sobre o quadro em algumas de suas entrevistas recentes:
“A pintura é do século XVIII e se chama O casamento da preta Rosa, de José Conrado Roza”, disse ao portal Film Comment. “Retrata uma cerimônia de casamento que uma das nossas rainhas fez para anões. Preta Rosa era a confidente da rainha. A pintura é uma representação relativamente diversa: tem um homem brasileiro, um indígena – todos anões. O quadro está agora no Musée du Nouveau Monde, em La Rochelle, na França, e é chamado de Mascarada nupcial. Acho que fala muito dos tempos que estamos vivendo. Não se pode chamar um quadro de O casamento da preta Rosa hoje, porque é considerado racista – e é claro que é, mas também era esse o título que o quadro tinha. O filme é sobre esse tipo de sutilezas – o que você pode dizer e o que não pode dizer.”
Ao mencionar o quadro em um debate após o filme no Cinema Nimas, em Lisboa, o diretor declara também: “É muito curioso que, na pintura, cada personagem tenha pintada, nas roupas, a sua história, o nome, quando veio, quando chegou à corte, quem o trouxe… Para mim, é como se toda a nossa história passada estivesse ali representada. No fundo, tratou-se de usar aquela obra como uma espécie de pano de fundo, como uma pintura que atravessa épocas. No filme, ela está na casa da família desde o início, e percebe-se que é uma espécie de herança de família que eventualmente será vendida no final.”
Fogo-fátuo foi exibido na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes, em 2022. No Cinema do IMS será exibido junto ao curta-metragem Fantasma neon, de Leonardo Martinelli.
Citações de João Pedro Rodrigues extraídas dos portais:
Film Comment (em inglês) ►
À pala de Walsh (em português) ►
Leonardo Martinelli | Brasil | 2021, 20’, DCP (Vitrine Filmes) | Classificação indicativa: 18 anos
Um entregador de aplicativo sonha em ter uma moto. Disseram a ele que tudo seria como um filme musical.
Fantasma neon, primeiro dos filmes do diretor que conseguiu ser viabilizado a partir da captação de recursos públicos, via Lei Aldir Blanc, estreou em 2021 na competição oficial do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, no qual recebeu o Leopardo de Ouro de Melhor Curta-metragem. De lá para cá, o filme reuniu exibições e prêmios ao redor do mundo. Em entrevistas concedidas respectivamente aos portais Le Polyester e Le Monde Diplomatique, Leonardo declara:
“Estou convencido de que é possível fazer um filme que trate de problemas realistas, políticos do mundo contemporâneo, mas com uma encenação estilizada. Com essa ideia em mente, eu e nosso diretor de fotografia, Felipe Quintelas, pensamos em como aproximar as ruas antigas do Rio de Janeiro desses personagens que pertencem ao mundo moderno. Cada construção arquitetônica da cidade nos mostra uma justaposição de realidades.”
“O filme traz essa hibridez de um documentário, com um viés dramático e de fantasia, mas, ao mesmo tempo, também tem alguns elementos documentais, como os depoimentos no início, que são reais. Usamos o musical como uma plataforma de contraste narrativo, mas também espacial. Como contrastar o cinema mais fantasioso possível, o menos diegético, que é a fantasia musical, com as realidades mais duras de extinção de direitos trabalhistas que o Brasil enfrenta hoje?”
Citações de Leonardo Martinelli extraídas dos portais:
Le Polyester (em francês) ►
Le Monde Diplomatique Brasil (em português) ►
Fantasma neon também foi exibido no IMS Paulista, no programa 4 filmes na sessão.
Não há sessões previstas para esse filme no momento.
Sessões foram exibidas no IMS Rio e no IMS Paulista.
Vendas
Os ingressos do cinema podem ser adquiridos no site ingresso.com e na bilheteria do centro cultural, mais informações abaixo.
Meia-entrada
Com apresentação de documentos comprobatórios para professores da rede pública, estudantes, crianças de 3 a 12 anos, pessoas com deficiência, portadores de Identidade Jovem e maiores de 60 anos.
Cliente Itaú
Desconto de 50% para o titular ao comprar o ingresso com o cartão Itaú (crédito ou débito). Ingressos e senhas sujeitos à lotação da sala.
IMS Paulista
Ingressos: terça, quarta e quinta: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia); sexta, sábado, domingo e feriados: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 12h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: toda quarta-feira, às 18h, são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.