O lançamento do filme super-8 pela Kodak, em 1965, revolucionou o cinema amador. Com equipamento leve e prático, o novo formato democratizou a produção, permitindo o surgimento do cinema caseiro e possibilitando que uma nova gama de artistas expressasse suas visões.
Desde os primeiros anos de trabalho, seja nas pesquisas para filmes próprios, enquanto rodava reportagens para a televisão alemã ou em ambiente familiar, Jorge Bodanzky fez uso da fotografia e de técnicas de gravação domésticas (super-8 e vídeo caseiro) como uma espécie de caderno de anotações. Depositado no acervo do Instituto Moreira Salles, na coleção Jorge Bodanzky, esse material foi apresentado ao público de diferentes formas nos últimos meses. Na exposição Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985, com curadoria de Thyago Nogueira, esses vídeo-cadernos são projetados nas paredes expositivas divididos em 4 eixos temáticos e estéticos.
Nesta sessão especial, estão reunidas as filmagens realizadas na Amazônia, no contexto da inauguração da rodovia Transamazônica, junto a jornadas por São Paulo, Brasília e Berlim. A trilha sonora será executada ao vivo pelos músicos Sarine e Yantra, que combinam a organicidade dos tambores, flautas e cordas com o futurismo dos sintetizadores, loops e drum machines.
Classificação indicativa da sessão: Livre
Jorge Bodanzky | Brasil | 1973, 33’, trechos de filmes em Super-8 transferidos para vídeo digital | Classificação indicativa: Livre
Estes filmes super-8 registram a viagem de Bodanzky, Wolf Gauer e Orlando Senna pelas rodovias Transamazônica e Belém-Brasília em busca de locações para o filme Iracema (1974). Com este material, convenceram a tevê alemã ZDF a financiar o longa-metragem, depois de aprovarem um roteiro simplificado. Todos os elementos do filme estão encapsulados nestas tomadas: a rotina de caminhoneiros e das prostitutas em beiras de estradas, os desmatamentos, os colonos, o movimento das balsas e dos mercados. O palco estava pronto para que os protagonistas brilhassem.
Jorge Bodanzky | Brasil, Alemanha | déc. 1970, 32’, trechos de filmes em Super-8 transferidos para vídeo digital | Classificação indicativa: Livre
Uma jornada visual por São Paulo, Brasília e Berlim, com suas ruas movimentadas, arranha-céus e habitantes. No viaduto do Chá, em São Paulo, Bodanzky acompanha um transeunte solitário, um grupo de mulheres negras conversando e o movimento frenético nas escadarias e avenidas congestionadas.
Os filmes também enquadram a paisagem urbana com lente grande-angular e a partir de um carro em movimento. Em São Paulo, o trajeto segue pelo sobe e desce do Minhocão. Em Brasília, Bodanzky registra o vaivém da rodoviária e ícones arquitetônicos, como a praça dos Três Poderes e a Torre de TV. Um tour pela Berlim nevada passa ao lado do Checkpoint Charlie, famoso posto militar que controlava a circulação entre as duas Alemanhas. Um cartaz diz: “Muro da vergonha”, referindo-se ao muro que dividiu o país entre 1961 e 1989.
IMS PAULISTA
13/8/2024, terça
20h - Jorge Bodanzky em super 8
Exibição com trilha ao vivo de Sarine e Yantra.
Sarine
Mariano Melo, ou Marian Sarine, é um multi-instrumentista baseado em São Paulo com foco em percussão e bateria. Conhecido inicialmente pelo seu trabalho com a banda Deafkids, lançou recentemente seu primeiro disco solo, Raízes Aéreas, inspirado por ragas indianos e mestres africanos como Mammane Sani e Abdou El-Omari. Alternando percussão e sintetizadores, apresenta-se também ao lado de expoentes da música eletrônica, como Felinto e Teto Preto, grupo recorrente na festa underground de techno Mamba Negra, além do duo de avant-grindcore Test. Tem se aprofundado na linguagem da música eletrônica e suas possibilidades de interação com a organicidade dos tambores e das percussões.
Yantra
Yantra é o trabalho solo de Douglas Leal, multi-instrumentista e artista visual também integrante da banda Deafkids. O projeto teve início em 2015 como uma proposta audiovisual psicodélica e meditativa para gravações experimentais, e desde então já circulou por diversas cidades dentro e fora do Brasil. Inspirado pelos aspectos metafísicos da música, sons da natureza, música modal e suas heranças populares, Douglas faz uso de diversos instrumentos acústicos, explorando uma linguagem sonora orgânica. Tem vários discos lançados e colaborou com nomes como Igor Cavalera, Makoto Kawabata (Acid Mothers Temple), Yousef Latif (Orquestra Munda Refugi), Rakta e M Takara, entre outros.
IMS Paulista
Entrada gratuita. Sujeita à lotação da sala.
Distribuição de senhas 60 minutos antes de cada sessão. Limite de uma senha por pessoa.
Não é permitido o consumo de bebidas e alimentos na sala de cinema.