A Sessão Mutual Films começa o ano com trabalhos recentes de dois jovens e renomados cineastas experimentais que utilizam técnicas dos primórdios do cinema para criar obras refrescantes, mostrando que o meio segue se reinventando. Em O Grande Bizarro, Jodie Mack filma quadro a quadro, em 16 mm, uma viagem internacional conduzida por tecidos coloridos, padrões e algoritmos multiculturais, tomando como inspiração sinfonias da cidade e musicais hollywoodianos para explorar as relações comerciais do mundo globalizado. Em O retrato da escuridão, Takashi Makino cria galáxias luminosas em perpétuo movimento, a partir de sobreposições de imagens capturadas em película e em digital, em colaboração com o compositor e músico Simon Fisher Turner e em homenagem ao cineasta Derek Jarman, morto em 1994. As jornadas sensoriais de Mack e Makino terão suas estreias brasileiras no IMS.
Em sequência, uma fogueira, um horizonte de panos coloridos atrás do qual quebram ondas no mar e, sobre outras ondas, boiam trapos coloridos. Assim começa a jornada, malas repletas de malas, malas repletas de tecidos. Em vagões de trens, nas ruas, mais malas e mais tecidos. Mapas e globos, aviõezinhos de papel e ainda mais tecidos. O Grande Bizarro mostra um mundo brilhantemente colorido e dominado por fábricas, padrões e cores, que dançam na tela ao ritmo quebrado de uma batida pop inventada. Tudo se movimenta na imagem construída, figura e fundo. Tecidos são pássaros, tecidos são náufragos, tecidos são turistas e trabalhadores que saltam de malas, que são refletidos em espelhos de carros, táxis e bancas de vendas. As paisagens produzem um espaço artificial e esfuziante como um globo espelhado que reflete luz.
A renomada cineasta experimental Jodie Mack (que nasceu na Inglaterra em 1983 e radicou-se nos EUA) viajou por mais de 15 países com sua câmera Bolex 16 mm. Seu primeiro longa-metragem é uma jornada eletrizante – filmada quadro a quadro e protagonizada por panos coloridos cheios de padrões geométricos e florais – que explora a sociedade moderna e sua infinita capacidade de desperdício, em países como China, Grécia, Índia, Marrocos, México, Nova Zelândia, Polônia e Turquia. A trilha sonora criada pela cineasta também incorpora materiais achados, acompanhando as imagens com canções feitas a partir de sons captados in loco e remixes surpreendentes. Tudo é resto e reciclável, aí reside sua criatividade.
O Grande Bizarro estreou no Festival de Locarno em 2018, na mostra Signs of Life [Sinais de Vida], e desde então tem sido apresentado em diversos formatos, de película a videoinstalação.
Na escuridão a percepção é gradualmente invadida por frequências sonoras que se mantêm em um ritmo suave e constante. A sonoridade hipnotizante antecede o cardume ou a revoada de pontos luminosos que seduzem o olhar, convidando-o para uma dança sideral. O espectador gradualmente mergulha em um espaço cósmico pujante criado a partir de fragmentos de imagens que se projetam como galáxias azuis, pretas, cor de laranja, multicoloridas, antes de sucumbir novamente à escuridão.
Em O retrato da escuridão, o prolífico cineasta e artista Takashi Makino (nascido em Tóquio em 1978) sobrepõe imagens captadas em Super 8, 16 mm e 4K, ao ponto de torná-las abstrações, através das quais a imaginação cria novas formas possíveis. Makino, que frequentemente colabora com músicos estrangeiros em seus filmes e performances de cinema expandido, foi convidado pelo músico Simon Fisher Turner para criar uma obra inspirada no filme Azul (1994), de Derek Jarman – com quem Turner trabalhou durante anos. Tomando como ponto de partida a cegueira progressiva de Jarman no final de sua vida e que o levou a explorar a luz e a cor de forma poética e filosófica em um livro chamado Chroma (1995), Makino constrói seu próprio universo onírico de luzes e cores, o contrapondo à experiência da escuridão.
O retrato da escuridão estreou no BFI London Film Festival em 2016, na sala IMAX do British Film Institute. A trilha sonora foi originalmente tocada ao vivo, e posteriormente incorporada ao filme.
IMS Rio: 26/01, após a sessão das 17h, com Aaron Cutler e Mariana Shellard, curadores da Sessão Mutual Films.
Os ingressos para as sessões de cinema do IMS são vendidos nas bilheterias dos centros culturais e no site ingresso.com.
IMS Paulista
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: a cada quinta-feira são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.
IMS Rio
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 11h até o início da última sessão de cinema do dia, na recepção.
A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, as vendas para as sessões de cada mês acontecem a partir do 1º dia do mês vigente.
Sessão Mutual Films é um evento bimestral com o propósito de criar diálogos entre as várias faces do meio cinematográfico, trazendo para o público, sempre que possível, filmes, restaurações e eventos inéditos em sessões duplas.
► Conheça os filmes já exibidos na Sessão Mutual Films no IMS
Mais IMS
Programação
Nenhum evento encontrado.