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Contraste

O Grande Bizarro + O retrato da escuridão

Parte da Sessão Mutual Films de janeiro de 2020
Cena de O Grande Bizarro , de Jodie Mack

A Sessão Mutual Films começa o ano com trabalhos recentes de dois jovens e renomados cineastas experimentais que utilizam técnicas dos primórdios do cinema para criar obras refrescantes, mostrando que o meio segue se reinventando. Em O Grande Bizarro, Jodie Mack filma quadro a quadro, em 16 mm, uma viagem internacional conduzida por tecidos coloridos, padrões e algoritmos multiculturais, tomando como inspiração sinfonias da cidade e musicais hollywoodianos para explorar as relações comerciais do mundo globalizado. Em O retrato da escuridão, Takashi Makino cria galáxias luminosas em perpétuo movimento, a partir de sobreposições de imagens capturadas em película e em digital, em colaboração com o compositor e músico Simon Fisher Turner e em homenagem ao cineasta Derek Jarman, morto em 1994. As jornadas sensoriais de Mack e Makino terão suas estreias brasileiras no IMS.


O Grande Bizarro

Em sequência, uma fogueira, um horizonte de panos coloridos atrás do qual quebram ondas no mar e, sobre outras ondas, boiam trapos coloridos. Assim começa a jornada, malas repletas de malas, malas repletas de tecidos. Em vagões de trens, nas ruas, mais malas e mais tecidos. Mapas e globos, aviõezinhos de papel e ainda mais tecidos. O Grande Bizarro mostra um mundo brilhantemente colorido e dominado por fábricas, padrões e cores, que dançam na tela ao ritmo quebrado de uma batida pop inventada. Tudo se movimenta na imagem construída, figura e fundo. Tecidos são pássaros, tecidos são náufragos, tecidos são turistas e trabalhadores que saltam de malas, que são refletidos em espelhos de carros, táxis e bancas de vendas. As paisagens produzem um espaço artificial e esfuziante como um globo espelhado que reflete luz.

A renomada cineasta experimental Jodie Mack (que nasceu na Inglaterra em 1983 e radicou-se nos EUA) viajou por mais de 15 países com sua câmera Bolex 16 mm. Seu primeiro longa-metragem é uma jornada eletrizante – filmada quadro a quadro e protagonizada por panos coloridos cheios de padrões geométricos e florais – que explora a sociedade moderna e sua infinita capacidade de desperdício, em países como China, Grécia, Índia, Marrocos, México, Nova Zelândia, Polônia e Turquia. A trilha sonora criada pela cineasta também incorpora materiais achados, acompanhando as imagens com canções feitas a partir de sons captados in loco e remixes surpreendentes. Tudo é resto e reciclável, aí reside sua criatividade.

O Grande Bizarro estreou no Festival de Locarno em 2018, na mostra Signs of Life [Sinais de Vida], e desde então tem sido apresentado em diversos formatos, de película a videoinstalação.


O retrato da escuridão

Na escuridão a percepção é gradualmente invadida por frequências sonoras que se mantêm em um ritmo suave e constante. A sonoridade hipnotizante antecede o cardume ou a revoada de pontos luminosos que seduzem o olhar, convidando-o para uma dança sideral. O espectador gradualmente mergulha em um espaço cósmico pujante criado a partir de fragmentos de imagens que se projetam como galáxias azuis, pretas, cor de laranja, multicoloridas, antes de sucumbir novamente à escuridão.

Em O retrato da escuridão, o prolífico cineasta e artista Takashi Makino (nascido em Tóquio em 1978) sobrepõe imagens captadas em Super 8, 16 mm e 4K, ao ponto de torná-las abstrações, através das quais a imaginação cria novas formas possíveis. Makino, que frequentemente colabora com músicos estrangeiros em seus filmes e performances de cinema expandido, foi convidado pelo músico Simon Fisher Turner para criar uma obra inspirada no filme Azul (1994), de Derek Jarman – com quem Turner trabalhou durante anos. Tomando como ponto de partida a cegueira progressiva de Jarman no final de sua vida e que o levou a explorar a luz e a cor de forma poética e filosófica em um livro chamado Chroma (1995), Makino constrói seu próprio universo onírico de luzes e cores, o contrapondo à experiência da escuridão.

O retrato da escuridão estreou no BFI London Film Festival em 2016, na sala IMAX do British Film Institute. A trilha sonora foi originalmente tocada ao vivo, e posteriormente incorporada ao filme.


Debate

IMS Rio: 26/01, após a sessão das 17h, com Aaron Cutler e Mariana Shellard, curadores da Sessão Mutual Films.


Ingressos

Os ingressos para as sessões de cinema do IMS são vendidos nas bilheterias dos centros culturais e no site ingresso.com.

IMS Paulista
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 10h até o início da última sessão de cinema do dia, na Praça, no 5º andar.

A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, a venda é semanal: a cada quinta-feira são liberados ingressos para as sessões que acontecem até a quarta-feira seguinte.

IMS Rio
R$8 (inteira) e R$4 (meia).
Bilheteria: de terça a domingo, das 11h até o início da última sessão de cinema do dia, na recepção.

A bilheteria vende ingressos apenas para as sessões do dia. No ingresso.com, as vendas para as sessões de cada mês acontecem a partir do 1º dia do mês vigente.


Sessão Mutual Films

Sessão Mutual Films é um evento bimestral com o propósito de criar diálogos entre as várias faces do meio cinematográfico, trazendo para o público, sempre que possível, filmes, restaurações e eventos inéditos em sessões duplas.

► Conheça os filmes já exibidos na Sessão Mutual Films no IMS


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