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Contraste

AUDIOdescrição

Walter Firmo

no verbo do silêncio a síntese do grito

18 Local não identificado

Audiodescrição: A fotografia colorida, retangular na horizontal, sem título e sem definição de local, de 1990, mede 153 cm de comprimento por 103 cm de altura e está suspensa, com moldura fina, de madeira escura. Retrata um homem negro caminhando por uma rua estreita de paralelepípedos, entre casas com paredes azuis e brancas, em dia ensolarado. O homem, visto de lado, é alto e magro, tem cabelos crespos curtos e usa uma camisa xadrez de azul e laranja com mangas longas, e uma calça curta vermelha, com franja na altura dos joelhos, meias longas vermelhas e tênis brancos, assemelhando-se a uma peça de fantasia. A casa da esquerda, de paredes brancas, tem um varal repleto de roupas penduradas, que perpassam de um lado a outro na parte externa de uma janela aberta. Posicionada na área interna da janela, uma pessoa está com o braço apoiado no parapeito, com a mão para fora. Apenas a mão está iluminada. A casa da direita, com parede azul-clara, tem uma porta veneziana de madeira escura à direita. Atrás dela, outra construção com parede cor de salmão, que contrasta com os tons de azul-claro da casa e o azul intenso de um pedacinho de céu que conseguimos visualizar na parte superior da foto. No alto, ao fundo, à esquerda da casa cor de salmão, uma caixa d´água, com a marca Brasilit impressa, destaca-se sobre uma construção branca. A construção da fotografia propõe uma composição com múltiplas linhas, formas geométricas, diferentes camadas e cores.

Ouça agora o depoimento de Walter Firmo sobre esta obra e, em seguida, um texto de parede.

A foto em cor, onde eu trabalho numa linha que um homem passa exatamente no lugar... As minhas fotos, geralmente, têm esse descortínio, né?, de trabalhar com esse nível de encantamento, ali: linhas verticais, ascendentes, diagonais, paralelas, né? É essa simbologia que me atrai na fotografia. E aí esse homem passa fantasiado ali e vai indo a algum lugar, exatamente no lugar onde eu queria que ele estivesse.

“Hoje este país é uma forja fotográfica, nascida generosamente no gesto benfazejo da luz tropical, impermeabilizando nossa gente e revelando quimeras oníricas, telúricas. E, se esta luz ‘estourada’ perpassa sombras translúcidas – num outro código –, revela-se em plena claridade, nova relação do homem com o tempo. Luxuriante, afrodisíaca, a cor brasileira transa sua sensualidade qual libertina, expelindo clarões despudoradamente lascivos, vitrificando tonalidades nos canteiros das cinco regiões.” Walter Firmo

Iconicidade, luz e transcendência estão presentes na obra de Firmo tanto em retratos individuais e autônomos de alta força simbólica como também em diversas imagens com características recorrentes. Passíveis de eventuais justaposições e resultado do exame e do estudo de seu vasto acervo, surgem mosaicos constituídos por diferentes imagens, em especial das festas populares de matriz afrodescendente. Muitas vezes, Firmo compõe essas fotografias por meio de recortes, grafismos e contrastes intensos de cores e luzes, formando por aposição novos grafismos e diálogos imagéticos impregnados de rastros.

Esses rastros, como sugere Vanessa R. L. de Souza, são “de uma África antiga e desconstruída devido a conflitos internos gerados por ocupações inglesas, alemãs, belgas, francesas etc. Rastros de memórias coletivas ou individuais trazidas por cada escravizado que chegava ao Brasil. Rastros de conhecimentos transmitidos através da tradição oral. Rastros de inventividades negras produzidas no Brasil durante séculos, a partir da experiência no chamado Novo Mundo.”

Em diálogo direto com seu processo específico de produção de imagens, está sua escolha pela utilização de filmes fotográficos diapositivos coloridos (slides e cromos), um processo fotográfico analógico que melhor representa a gama e amplitude das diferentes intensidades de luz e saturações de cor. As imagens são avaliadas, selecionadas e editadas pelo autor, depois do processamento em laboratório, diretamente sobre “mesas de luz” desenhadas especificamente para esse fim. Um processo realizado em todas suas etapas em torno e através da própria luz. Como ressalta Firmo, “trabalhar essa luz é ostentar o viço do esplêndido, desfrutando coloridamente todos os cenários e seus fundos infinitos, na pompa e no fausto cotidiano que o paraíso é aqui”.

Convidamos você, caro visitante, a deslocar-se agora para o 9º andar, para conhecer o núcleo dedicado à fotografia em preto e branco da exposição de Walter Firmo, com cerca de 85 obras, um vídeo e uma vitrine com dois livros publicados por Firmo, uma câmera fotográfica, um chapéu-panamá, de palha fina, abas curtas e uma fita preta ao redor da copa. Ao chegar a este núcleo, que tem paredes de concreto aparente e na cor cinza, o visitante se depara com duas fotos em preto e branco, impressas em tecido, uma do compositor Bide (Alcebíades Maia Barcelos) e outra do maestro Pixinguinha (Alfredo da Rocha Vianna Filho). Aqui, são 4 obras com audiodescrição: Clementina de Jesus, Cozinheira Alaíde Conceição, Missa do Vaqueiro e Trinidad.

Peça ajuda a um orientador de público ou um educador para deslocar-se até lá. A primeira obra com audiodescrição é Clementina de Jesus, que se encontra no corredor de entrada para o núcleo PB, em frente ao painel com o título da exposição. O QR code encontra-se na parede, à esquerda da obra.