Idioma EN
Contraste
IMS Rio

Um percurso pela casa e pelos jardins

 

 

A casa que hoje abriga o Instituto Moreira Salles foi construída no final da década de 1940, para o embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles. A casa passou por obras de adaptação e restauro na década de 1990, mas mantém suas características arquitetônicas fundamentais.

 

Entrada

mapa 1 Entrada
 

 
1. A casa no tempo
 
a casa no tempo
 

 
Projetada em 1948 pelo arquiteto Olavo Redig de Campos, a casa que hoje abriga o IMS Rio fica no centro de um terreno com mais de dez mil metros quadrados, cortado pelo rio Rainha. Durante três décadas, a casa viveu em função da intensa atividade social e política do proprietário, o embaixador e banqueiro Walther Moreira Salles. Cenário de festas e recepções frequentes nas décadas de 1950 e 60, foi desocupada na década de 1980 e permaneceu alguns anos vazia, antes de passar, na década de 1990, por uma obra de adaptação e restauro para as suas novas funções como centro cultural, que foi inaugurado em 1º de outubro de 1999. A casa é tombada como patrimônio municipal.

2. Arquitetura
 
arquitetura
 

 
A formação romana do arquiteto Redig de Campos transparece em vários pontos da casa. Uma série de referências italianas convive com a linguagem moderna e o vocabulário da tradição arquitetônica brasileira. Depois do grandioso pórtico de entrada, de inspiração clássica, vemos por toda a casa uma coletânea de elementos: cobogós, brises e treliçados, colunas revestidas de mármore branco, balaustradas, pisos em tabuleiro à maneira veneziana. Também merecem atenção as maçanetas de latão dourado, moldadas com base na mão do proprietário. No jardim em frente à entrada principal, foi instalada, nos anos 1990, uma escultura em aço de Amilcar de Castro.

3. Paisagismo
 
paisagismo
 

 
A escala monumental da casa se completa com os jardins de Roberto Burle Marx, o mais célebre paisagista brasileiro. Poucos anos antes de desenhar o jardim da casa de Walther Moreira Salles, Burle Marx havia construído com Oscar Niemeyer a paisagem da Pampulha, em Belo Horizonte. E, no Rio de Janeiro, projetaria logo depois duas de suas obras públicas de maior porte: o Parque do Flamengo e a orla de Copacabana.

4. Acesso
 

 

 
A entrada principal fica em nível elevado em relação à rua, realçando a monumentalidade da casa pela perspectiva de quem chega. A rampa de acesso foi feita com pedras de um castelo medieval europeu, aportadas no Brasil como lastro de um navio sueco. O embasamento, também de pedra, prende a casa ao chão, como se ela brotasse dali. A distribuição dos espaços da casa em dois pisos, aproveitando a inclinação natural do terreno, fica mais evidente quando se olha para a fachada lateral. A varanda acompanha toda a extensão da fachada principal e é marcada pela balaustrada em mármore.

 

Cobogó e jardim geométrico

 
Cobogó e Jardim geométrico
 
Cobogó e jardim geométrico
 
1. Cobogó
 

 

 
O rendilhado do cobogó, elemento de origem vernacular, foi reinterpretado e introduzido aqui em escala agigantada. Este espaço se volta para um trecho do jardim de configuração geométrica, com características bem distintas do resto dos jardins da casa e de outros jardins de Burle Marx. O enquadramento é definido por uma planta conhecida como buxinho, nativa da Ásia e do Mediterrâneo. Palmeiras nativas do Caribe e da Austrália coexistem com o cromatismo das folhagens da planta-caricata, da murta e da hera-roxa, originárias, respectivamente, da Nova Guiné, da Índia e da Ásia tropical.

 

Pátio central

 
Pátio central
 
1. Espaço e elementos
 
Espaço e elementos
 

 
A planta da casa, com três braços em “U” em torno de um pátio, remete à tradição colonial. Já as amplas portas de vidro expressam a fluidez espacial disponibilizada pela técnica moderna, rompendo limites entre interior e exterior. Os elementos arquitetônicos, por sua vez, inserem com grande liberdade uma ampla gama de citações: colunas clássicas, venezianas de origem árabe, curvas niemeyerianas. A cobertura ondulante presente em uma das extremidades do pátio lembra obras de Oscar Niemeyer e Rino Levi. As peças de granito, que hoje se estendem do pátio à piscina, substituem o piso original, de pedra portuguesa.

2. Estrutura independente
 
estrutura independente
 

 
Na galeria envidraçada que abraça o pátio, as colunas soltas revelam o princípio da estrutura independente da vedação, tão explorado pelos arquitetos modernos. Aqui, elementos de apoio não se confundem com elementos de fechamento.

3. Sala de azulejos
 
sala de azulejos
 

 
Esta sala mantém suas características originais, como um espaço mais íntimo de recepção, interligado à biblioteca e à varanda. Os azulejos da parede são portugueses, e datam do século 18. Hoje, a sala abriga uma maquete da casa e informações sobre o projeto arquitetônico e paisagístico.

 

Lago e piscina

 

 
Piscina
 
1. Painel de azulejos
 
Painel de azulejos
 

 
Burle Marx assina também o painel de azulejos localizado junto ao pequeno lago próximo à piscina. O mural figurativo, com imagens de lavadeiras e peixes, cria um anteparo para o que era, originalmente, a área de serviço da casa, ao fundo. Os azulejos foram produzidos em 1949 pela oficina Osirarte. Carpas e tartarugas habitam até hoje o lago, onde frequentemente pousam também belas garças.

2. Piscina
 
Piscina
 

 
Ao fundo da piscina, foi construído nos anos 1960 um pavilhão de apoio, com dois volumes cilíndricos que abrigam os banheiros, conectados por uma laje plana. Mais adiante, em áreas mais elevadas do terreno, estão a Pequena Galeria, a galeria Marc Ferrez e a Reserva Técnica dos Acervos de Música, Literatura e Iconografia e parte do acervo de Fotografia. A Reserva Técnica de Fotografia ocupa edificação própria, com projeto de Aurelio Martinez Florez, situada do outro lado do rio. Bem mais recentes, essas edificações foram construídas a partir de 2000, já em função das demandas do Instituto Moreira Salles.

 Vista da piscina IMS Rio. Foto de Laura Liuzzi