Edição 2020
Modos de ver, de figurar, de imaginar. Diálogos entre fotografia e cultura imaterial.
Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot
Inscrições: 1 de outubro a 22 de novembro de 2020
Resultados: dezembro de 2020
Novidades edição 2020
Nas duas primeiras edições, era exigida a pesquisa presencial aos acervos, o que restringia a proveniência dos pesquisadores.
Devido às restrições impostas pela epidemia de Covid-19, e sobretudo buscando tornar mais acessível a pesquisadores de todo o Brasil, o trabalho de pesquisa poderá ser desenvolvido de forma remota.
Se o bolsista selecionado não for residente na cidade do Rio de Janeiro, o Instituto Moreira Salles custeará passagem, estadia e per diem para alimentação e transporte local para um período de 10 (dez) dias corridos.
A Bolsa IMS de pesquisa em Fotografia em sua edição 2020 promove uma investigação crítica sobre os diálogos entre fotografia e manifestações culturais populares e de origem indígena e afro-brasileira, a partir das coleções dos fotógrafos Maureen Bisilliat e Marcel Gautherot, sob a guarda do IMS.
Como ponto de partida sugerimos indagar quais foram as representações que a fotografia elaborou das expressões populares, na obra dos dois autores citados, e, por sua vez, investigar de que maneira a natureza dinâmica, coletiva e plural dessas manifestações permearam a forma da fotografia ver e construir suas imagens.
A terceira edição da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia busca estimular uma reflexão sobre as trocas possíveis entre a fotografia e a cultura imaterial, duas formas de moldar olhares, de construir identidades, de materializar as diferenças, totalmente distintas, mas igualmente poderosas.
Motivação para a escolha do eixo temático
O Brasil e o mundo estão vivendo uma época particularmente crítica. Internamente, os ataques e ameaças à liberdade de expressão, às populações vulneráveis, em especial às indígenas e de origem africana, às instituições de guarda e de memória, a reconhecidos agentes da arte e da cultura, parecem fazer parte de uma política oficial que, por método e por prazer, busca a devastação cultural do país. Aqui, e no resto do mundo, a epidemia de Covid 19, há meses instalada, mostrou seu enorme poder de destruição.
A evidente condição de vulnerabilidade em que se encontram hoje em nosso país os grupos étnicos, sociais e culturais historicamente excluídos nos obriga a buscar estratégias que contribuam para o fortalecimento de todas as suas formas de expressão cultural e da salvaguarda de sua memória.
Curiosamente, as manifestações culturais imateriais populares, sempre ligadas à vida de seu povo, nesta época de pandemia tornaram-se paradoxalmente ameaças em potencial. As festividades, os folguedos, as procissões, algumas em atividade ininterrupta há mais de 200 anos, tiveram de ser canceladas ou adiadas pois causam aglomerações, ocupam o espaço público ora proibido.
A morte de mais de oitocentos indígenas por Covid-19, entre os quais diversos anciões e lideranças fundamentais, como os caciques Aritana Yawalapiti, do Alto Xingu, Amâncio Munduruku e Paulinho Payakan, dos Kayapó, guardiões por excelência da história de suas tribos e territórios, deixou ainda mais patente a fragilidade em que se encontram nossos povos ancestrais e seu legado cultural.
Inscrições: 1 de outubro a 22 de novembro de 2020
Resultado: dezembro de 2020
Além de preencher o formulário, os interessados precisam enviar o projeto de pesquisa, entre outros documentos elencados no edital, para o endereço [email protected] até 23h59 do dia 22 de novembro de 2020.
O pesquisador contemplado receberá o valor de R$ 30 mil, que será pago em 12 parcelas mensais de R$ 2.500,00. Para concorrer à bolsa, é necessário ter o título de mestre e, caso o candidato seja estrangeiro, residir no Brasil há um ano, no mínimo.
Após o término do projeto, cuja duração máxima é de um ano, o pesquisador apresentará um relatório final, um artigo de conclusão do trabalho e uma palestra aberta ao público, presencial ou online, sobre os resultados alcançados, em local a ser definido pelo IMS.
Gaúcha de Santa Maria, atualmente residente em São Paulo, a fotógrafa Nathália Schneider é a vencedora da Bolsa IMS de Pesquisa em Fotografia 2020 com um projeto em que propõe produzir uma análise crítica sobre as obras de Bisilliat e Gautherot a partir de uma "perspectiva antropológica corporificada".
Participaram da banca de pareceristas Ileana Pradilla, coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Fotografia do IMS; Janaina Damaceno, professora adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ) e doutora em Antropologia Social; João Fernandes, diretor artístico do IMS; e Sergio Burgi, coordenador e curador da área de fotografia do IMS.
A inglesa Maureen Bisilliat, nascida em Englefield, Surrey, construiu desde os anos 1950, quando se mudou para o Brasil, um dos mais sólidos trabalhos de investigação fotográfica da alma brasileira, aliando a seu olhar de estrangeira um respeito profundo por seus temas – sobretudo sertanejos e índios – e a busca de apoio conceitual na antropologia e em grandes obras da literatura nacional. Desde dezembro de 2003, sua obra completa está incorporada ao acervo do Instituto Moreira Salles, num total de 16.251 imagens, entre fotografias, negativos em preto e branco e cromos coloridos.
Nascido em Paris em 1910 e radicado no Rio de Janeiro desde fins de 1940, Gautherot dedicou seu olhar – no qual a sobriedade documental, marca de sua geração, fundia-se ao apurado senso estético de quem se formara como arquiteto de interiores na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs – a motivos tão variados quanto folclore, arquitetura, natureza e paisagem humana, em diversas regiões do Brasil.
a) Contribuir para a capacitação de pesquisadores que desejem investigar a história da fotografia no Brasil;
b) Fomentar pesquisas que contribuam para promover e disseminar o conhecimento sobre autores, obras, conjuntos, coleções de natureza fotográfica e arquivos documentais sobre a fotografia, sob a guarda do Instituto Moreira Salles e de outras bibliotecas, coleções, instituições arquivísticas e museológicas brasileiras;
c) Estimular a realização de estudos críticos sobre o lugar da fotografia na formação de representações históricas, sociais e culturais no Brasil.