@imseduca exibe 'Breves danças' de Carol Cony
09 de fevereiro DE 2021 | Nani Rubin
Bailarina e arte educadora, Carol Cony estava prestes a realizar um trabalho promovido pela área de Educação do IMS Rio, no fim de semana dos dias 12 e 13 de março de 2020, quando a decretação da pandemia de Covid 19 suspendeu o projeto. A instalação inspirada em Hélio Oiticica, com fitas coloridas pelas quais bebês e crianças pequeninas explorariam as possibilidades de movimentos pelo espaço, foi guardada, e, desde então, a artista vem conversando com o instituto sobre um novo projeto, que pudesse funcionar num ambiente virtual.
É assim que surgiu o Breves danças para pequenas telas, uma série de quatro pequenos vídeos feitos especialmente para o IMS, que serão transmitidos pelo Instagram @imseduca em quatro sextas-feiras consecutivas, a partir de 12/2. O primeiro deles, Reviravolta, pode ser visto aqui (acima). Nele, a bailarina se movimenta num vasto espaço aberto e quase deserto, as dunas da praia do Campeche, em Florianópolis, cidade para onde viajou no fim do ano em visita aos pais. Os outros serão publicados nos dias 19/2, 26/2 e 5/3.
Os vídeos trabalham conceitos da dança como mobilidade, equilíbrio, impulso e deslocamento, e cada um revela uma linguagem própria. O primeiro é em preto e branco e tem uma câmera generosa, que acompanha os deslocamentos da dançarina em rolamentos pelo espaço; já o segundo, A vida louca das roupas, é bem colorido e realizado em stop motion. Nele, peças de roupas ganham vida e personalidade, aproximando-se do corpo da artista para vesti-la.
"É uma brincadeira de dar movimento ao que não tem movimento", diz Carol. "Todos os vídeos têm algo de humor, brincadeira. A própria reviravolta da pessoa, que está sempre rolando no primeiro vídeo, mudando de ponto de vista, também explora isso", explica ela, que é formada em dança pela Faculdade Angel Vianna e mestranda em Educação na UniRio. Além disso, atuou em circo e teatro e há algum tempo vem se dedicando também ao audiovisual.
O terceiro vídeo ainda está sendo finalizado. Responsável pela direção e edição de todos eles, ela fechou a câmera em seu rosto, com acessórios que aparecem e desaparecem em pouco mais de dois minutos de trabalho. O último, ainda a ser realizado, tem a ideia de ser um contraponto a Reviravolta: movimentos num lugar fixo e pequeno, como uma quina de parede ou um corredor, num único enquadramento, "como se o corpo pudesse fazer cambalhotas num mesmo lugar", diz Carol.
Maria Emilia Tagliari, supervisora da Ação Educativa do IMS e interlocutora da artista no projeto, observa que neste momento de impossibilidade de trocas presenciais, ele pode ser instigante para um público bem mais amplo do que aquele que seria alcançado pela proposta original. "Professores que trabalham com educação infantil podem se inspirar nesses vídeos", diz ela. Durante as conversas de desenvolvimento do trabalho, Maria Emilia apresentou fotografias do acervo da IMS a Carol, e algumas a inspiraram. As do artista nipo-brasileiro Haruo Ohara, por exemplo, apontaram para o preto e branco do primeiro vídeo.
"É interessante como a gente vai buscando novas maneiras de entrar em contato, sensibilizar", diz Carol. Estar engajado na pesquisa e conseguir se debruçar sobre esse fazer, mesmo sendo numa rede social, deu uma sacudida. Meu trabalho é todo no afeto, no toque, e torço para que volte logo o contato. Mas acredito que a gente possa sensibilizar sim, de maneira lúdica, utilizando essas redes."